Mariana
Mortágua – Jornal de Notícias, opinião
Foi
diretor do Caixa BI, o banco de investimento da CGD, onde se especializou em
parcerias público-privadas. Esteve do lado da banca, a desenhar a estrutura
financeira dos contratos que mais tarde se revelaram ruinosos para o Estado: as
PPP rodoviárias da Beira Interior, do Pinhal Interior, do Litoral Oeste, do
Baixo Tejo, do Baixo Alentejo, do Litoral Algarve, entre outras. Foi ainda
enquanto representante do consórcio privado ELOS que assinou o contrato de
financiamento, e respetivos swap, associados à construção da linha de TGV
Poceirão-Caia entretanto cancelada. No processo foi nomeado
administrador-executivo do banco.
Em
2011, passa a secretário de Estado, com duas funções principais: a renegociação
para o Estado dos contratos feitos enquanto gestor e a privatização de empresas
públicas. Para o assessorar na difícil tarefa, contratou em exclusividade
Teresa Falcão, advogada da Vieira de Almeida, um dos maiores escritórios do
país, onde trabalhava precisamente na área de Infraestruturas. No dia 22 de janeiro
de 2014, a advogada é exonerada com louvores, para logo a seguir ter sido
assinado um contrato de prestação de serviços, em que recebia 31 mil euros por
assessoria jurídica. No total, só em 2014, a Vieira de Almeida recebeu do
Estado e entidades públicas 1 milhão e 160 mil euros.
Privatizou
a ANA, com direito a alterações na regulamentação do setor aeroportuário à
medida do comprador (segundo o próprio relatório de acompanhamento). Vendeu os
CTT em Bolsa à finança estrangeira que encaixou largos milhões com a súbita
valorização em Bolsa da empresa. Foi responsável pelo gigante embuste que foi a
privatização da TAP, despachou a CP Carga e concessionou os transportes urbanos
de Lisboa e Porto, cujos contratos (da Carris e Metropolitano de Lisboa) foram
barrados pelo Tribunal de Contas.
Ainda
não tinha terminado o mandato, e já se sabia dos seus novos voos: responsável
pela venda do Novo Banco, contratado pelo Banco de Portugal (BdP), por um
período de 12 meses, pela quantia de 30 mil euros mensais (descontos para a
Segurança Social incluídos). É o dobro do que recebe o governador e muito
acima, já agora, do que recebem os atuais administradores da Caixa BI.
Ainda
assim, segundo o BdP, o valor equivale ao anterior salário como administrador,
esquecendo-se que o lugar na Administração já foi preenchido por outra pessoa,
e que nada garante que o gestor para lá volte com o seu salário milionário.
Assim
foram os cinco anos meteóricos de Sérgio Monteiro, gestor, facilitador,
governante. Sob a capa da competência técnica, a eterna confusão entre o
público, o privado e os escritórios de advogados que, sendo privados, trabalham
para ambos.
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