Na capital alemã, moçambicanos e
alemães estão a angariar produtos de primeira necessidade para doar às vítimas
do ciclone Idai, no centro de Moçambique. Grande desafio é transportar as
mercadorias até a cidade da Beira.
É numa loja de cozinhas, na
região central de Berlim, que o grupo de 11 cidadãos moçambicanos e alemães se
reúne. Aqui surgiu a iniciativa conjunta de angariar donativos para as vítimas
do ciclone Idai, em
Moçambique. A ideia solidária partiu do moçambicano Benjamim
Ndiambuana, que vive na Alemanha há 27 anos.
"Vi pessoas a serem puxadas
por águas para o mar, pessoas a perderem os seus bens e isso me tocou muito. O
facto de eu ser moçambicano, estou cá fora e sei que aqui há pessoas de boa
coragem e que poderão ajudar a situação que o nosso país
vive," revela Ndiambuana.
O ciclone que atingiu Moçambique,
Malawi e Zimbabué balançou também o coração da alemã Brit Zolho, que por mais
de 10 anos viveu em Moçambique e, por algum tempo, na própria cidade da Beira,
uma das mais devastadas pelo fenómeno natural. Casada com um moçambicano, parte
da família de Brit ainda permanece na região e ela passou cinco dias sem ter
notícias dos seus.
"E quando soube que minha
família sofreu mas estava viva, senti-me muito grata e gostava agora de colocar
a minha energia em ajudar as outras famílias que perderam
tudo," afirma.
É nas tardes dos sábados e
domingos que o grupo recebe as doações. A prioridade são os artigos de primeira
necessidade, mas não há restrições, explica Benjamim.
"Neste caso, são as comidas,
medicamentos, roupas. Tudo o que as pessoas puderem dar é necessário, porque a
região afetada não tem quase nada. Tudo o que as pessoas nos dão, nós
recebemos," diz Ndiambuana.
Transporte, o grande desafio
O empresário moçambicano Ernesto
Rafael Milice é quem coordena o trabalho do grupo. As doações estão a ganhar
volume. O desafio agora é transportar todo o material até ao centro de
Moçambique.
"O primeiro contentor pode
ser já preenchido. Logo que tivermos a importância de pagamento do contentor, a
nossa preocupação é de escoar a mercadoria para as pessoas que sofreram as
quedas lá no país. Está tudo tão preparado, se houver uma possibilidade de
empacotar o contentor na próxima semana, empacotamos," garante.
Esta tem se mostrado, no entanto,
a maior dificuldade do grupo. Esperam agora que a solidariedade contamine
outros corações.
"Nós conseguimos até aqui
[recolher] uma meta de 300 euros e a meta que nós recebemos aqui como uma
oferta, para a gente só mandar um contentor, precisamos aproximadamente de
4.360 euros," explica.
"Significa que há um buraco
muito grande que ainda deve ser preenchido. E nesse aspecto, se houvesse a
possibilidade de algumas pessoas ou organizações nos apoiarem, seria um jeito
muito agradável," apela Milice.
Deste desejo, compartilha todo o
grupo. Brit Zolho resume o sentimento de quem pretende amenizar o sofrimento
dos afetados pelo Idai.
"Se fosse eu a sonhar, posso
dizer que quero ver muitas mães, muitos avós e filhos a receber esse nosso
apoio," conclui.
Cristiane Vieira Teixeira (Berlim)
| Deutsche Welle
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