terça-feira, 9 de outubro de 2012

Moçambique: QUEIMADAS MALDITAS, MAIS FERROVIAS, AIRES ALI SAI, POBREZA CONTINUA

 


Queimadas matam e destroem casas na província moçambicana de Manica
 
08 de Outubro de 2012, 08:55
 
Chimoio, Moçambique, 08 out (Lusa) - Entre pratos e panelas de ferro carbonizados, Luciano Saul, 38 anos, vasculha nos destroços da sua casa alguns pertences que se salvaram de queimadas descontroladas em Macossa, Manica, centro de Moçambique.
 
"Perdi tudo, tudo mesmo. Os pratos amontoados aí não ficaram em cinza porque são de ferro. Mas roupa, comidas, livros escolares de crianças, documentos de identificação, tudo se foi com o fogo", conta à Lusa Luciano Saul, que lembra com agonia de passar noites em branco ao relento com a família.
 
Estatísticas governamentais indicam que este ano uma pessoa morreu, dezenas de outras ficaram feridas, cerca de duas mil famílias foram desalojadas, centenas de casas e celeiros destruídos por queimadas descontroladas, cujo focos de incêndio tendem a alastrar para mais distritos de Manica.
 
"Uma pessoa morreu na última semana e duas ficaram feridas em Mossurize, onde também registámos destruição de (...) numerosas casas. Embora a situação esteja controlada, é alarmante pelos danos", disse à Lusa João Vaz, delegado provincial do Instituto Nacional de Gestão de Calamidades (INGC).
 
A caça de ratazanas e a abertura de machambas (hortas) através de fogo são as principais causas de queimadas descontroladas em vários distritos do país, situação que desaloja centenas de famílias e destrói maior proporção das coutadas oficiais, milhares de hectares de floresta, quintas, celeiros e residências.
 
Dados indicam que em 2011, 185.665 hectares de terra, quase toda arável, sofreram queimadas descontroladas, quase o triplo da área queimada em 2010 (68.070 hectares). O número de incêndios ativos subiu de 16.229 focos em 2011, para quase o dobro até agosto de 2012. A maioria dos focos de incêndios foi causada por caça de ratazanas.
 
 
"As queimadas descontroladas são um atentado à paz. Vemos pessoas ao relento e a passar fome, áreas devastadas por causa do fogo, práticas que nos levam à vulnerabilidade, pelo que temos de nos esforçar para o seu combate", afirmou Ana Comoane, governadora da província de Manica.
 
Em declarações a Lusa, Natércia Nhabanga, diretora provincial de Coordenação da Ação Ambiental de Manica, disse que várias iniciativas, que incluem criação de ratazana, estão em curso para reduzir os índices de queimadas descontroladas, que também tem causado muitas vítimas e fortalecido o conflito homem-fauna bravia.
 
"Agora o Fundo de Apoio Ambiental vai alocar aos distritos verbas para projetos ambientais, como criação de ratazana e distribuição de 100 colmeias melhoradas, para atacar uma das principais razões das queimadas", disse à Lusa Natércia Nhabanga.
 
Uma iniciativa piloto de domesticação da ratazana para reduzir queimadas descontroladas falhou em 2010 em vários distritos da província de Manica, depois que os animais morreram ou foram consumidos pelos criadores antes da reprodução.
 
O projeto, concebido em parceria com o Fundo das Nações Unidas para a Alimentação (FAO), é o primeiro a ser aplicado no país. A iniciativa baseou-se na experiência do Gana, um país africano que tem vindo a ter sucesso na luta contra as queimadas descontroladas.
 
"Perdi uma filha em 2006 por causa de queimadas descontroladas. O fogo fora ateado por uns jovens que caçavam ratazanas. Em três anos consecutivos perdi o meu pomar de laranjas e residências" lembrou Matias Albino, sentado num tronco, entre duas palhotas de caniço.
 
Numa fase inicial, disse Nhabanga, o Fundo de Apoio ao Ambiente vai financiar projetos nos distritos de Macossa, Tambara e Guro (norte), Manica, Sussundenga e Gondola (centro) e Machaze (sul), para reduzir queimadas descontroladas, poluição de rios, correção de erosão e reflorestamento comunitário.
 
AYAC // VM.
 
Empresas ferroviárias regionais da África Austral acordam investimentos conjuntos
 
08 de Outubro de 2012, 09:07
 
Maputo, 08 out (Lusa) - As empresas ferroviárias de Moçambique, África do Sul e Suazilândia assinaram acordos para a realização de investimentos conjuntos nas infraestruturas e criação de um Centro de Operação Conjunta (COC), anunciou hoje a empresa Caminhos de Ferro de Moçambique.
 
Segundo um comunicado da operadora moçambicana, o acordo visa igualmente promover a eficiência no setor ferroviário da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC) e dotar este ramo de capacidade de acompanhamento da demanda de tráfego.
 
A melhoria da coordenação e planeamento conjunto de recursos fazem também parte dos objetivos inscritos no acordo, refere ainda o comunicado da empresa Caminhos de Ferro de Moçambique.
 
Do lado sul-africano, o acordo foi rubricado pela Transnet Freight & Rail (TFR) e do lado suazi a Swaziland Railway.
 
PMA // VM.
 
Primeiro-ministro moçambicano Aires Ali abandona cargo
 
08 de Outubro de 2012, 09:46
 
Maputo, 08 out (Lusa) - O primeiro-ministro moçambicano, Aires Ali, abandonou hoje o cargo, que ocupava desde 2010, noticiou a emissora pública Rádio Moçambique.
 
Aires Bonifácio Batista Ali, 56 anos, teve uma modesta votação para o comité central da Frelimo, no X Congresso, que se realizou em setembro, e não conseguiu ser reeleito para a poderosa comissão política do partido no poder em Moçambique.
 
LAS // VM.
 
Pobreza rural manteve-se em 20 anos de paz -- relatório Banco Mundial
 
08 de Outubro de 2012, 10:05
 
Maputo, 08 out (Lusa) - A fraca produtividade agrícola e os altos níveis de pobreza rural mantiveram-se em Moçambique, nos 20 anos que se seguiram à assinatura dos acordos de paz, refere um estudo do Banco Mundial.
 
"A persistência de tecnologias extremamente rudimentares" na agricultura moçambicana mantém baixos os seus níveis de produtividade, denuncia o estudo 'Jobs and Welfare in Mozambique', de Sam Jones e Finn Tarp, da Universidade de Copenhaga, que sustenta o Relatório de Desenvolvimento Mundial 2013 do Banco Mundial, publicado a 01 de outubro.
 
Como exemplo, os autores citam a grande diferença da produtividade da agricultura moçambicana, comparada com países vizinhos: enquanto a Zâmbia obtém duas toneladas de milho por hectare, Moçambique fica-se pela metade deste valor.
 
O setor agrícola não tem igualmente capacidade para absorver os 300 mil adultos que anualmente entram no mercado de trabalho.
 
"Não há provas de um processo positivo na transformação estrutural no quadro do emprego; antes, o desemprego grassa e os níveis de educação permanecem extremamente baixos", dizem os autores do relatório.
 
LAS // HB
 
*O título nos Compactos de Notícias são de autoria PG
 
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