segunda-feira, 29 de setembro de 2014

China: HONG KONG LUTA HEROICAMENTE PELA LIBERDADE E DEMOCRACIA




Occuppy Central antecipa início da campanha de desobediência civil em Hong Kong

28 de Setembro de 2014, 11:38

Hong Kong, China, 28 set (Lusa) -- A campanha de desobediência civil do grupo Occupy Central arrancou hoje em Hong Kong, um dia depois de protestos junto à sede do governo contra a decisão de Pequim de limitar o sufrágio universal terem causado mais de 70 detidos.

O grupo, denominado Occupy Central with Love and Peace (Ocupar o centro com paz e amor, na tradução livre em português), anunciou o início da campanha ao início da madrugada de hoje (tarde de sábado em Lisboa), segundo a Rádio Pública de Hong Kong (RTHK).

"O Occupy Central começa agora", disse o académico e cofundador do Ocuppy Central, Benny Tai, num discurso perante milhares de pessoas concentradas numa zona do centro de Hong Kong (Admiralty). Segundo a Federação de Estudantes, citada pela RTHK, estariam no local 50.000 pessoas.

A China tinha prometido à população de Hong Kong, cujo chefe do Executivo é escolhido por um colégio eleitoral composto atualmente por cerca de 1.200 pessoas, que poderia escolher o seu líder em 2017.

A 31 de agosto, porém, Pequim decidiu que os aspirantes ao cargo vão precisar do apoio de mais de 50% de um comité de nomeação para concorrer à eleição e que apenas dois ou três serão selecionados. Ou seja, a população de Hong Kong exercerá o seu direito de voto mas só depois daquilo que os democratas designam de 'triagem'.

Uma coligação de grupos pró-democracia -- liderada pelo movimento "Occupy Central" -- rotulou o plano de Pequim de "falsa democracia" e prometeu levar a cabo uma série de ações incluindo um bloqueio ao distrito financeiro de Hong Kong.

O início da campanha do Occupy Central estava previsto para 01 de outubro num jardim de Hong Kong (Chater Garden), e tinha sido anunciado como um "banquete", como forma de código. Mas Benny Tai disse esta noite que os líderes do movimento mudaram de ideias na sequência das ações de protesto levadas a cabo pelos estudantes ao longo da semana.

Na noite de sexta-feira, na Praça Cívica, junto à sede do governo, uma concentração de cerca de 2.000 manifestantes, sobretudo alunos do secundário e estudantes universitários, culminou com a entrada forçada de cerca de 150 ativistas no complexo de Tamar -- que alberga o gabinete do chefe do Executivo, o Conselho Legislativo (parlamento) e as principais secretarias de Hong Kong.

A polícia usou gás pimenta para tentar dispersar os manifestantes e 34 pessoas ficaram feridas e 74 foram detidas, incluindo líderes da Federação de Estudantes, segundo a AFP e RTHK.

Entretanto, os protestos prosseguiram no sábado, com os organizadores a tocarem músicas motivacionais e proferirem discursos recebidos com aplausos pelos manifestantes. Postos de socorro e pontos de reciclagem foram criados no local, e distribuídas águas, lanches e proteções contra gás pimenta.

"Estou profundamente comovida, 99% destas pessoas são jovens e sabem o que estão a fazer e estão cientes das consequências dos seus atos", disse à AFP Claudia Mo, deputada representante do pró-democrata Partido Cívico. "Eles não estão só a lutar pela democracia, eles estão a lutar pela humanidade", frisou.

Milhares de estudantes iniciaram na segunda-feira uma semana de boicote às aulas em forma de protesto contra a recusa de Pequim em garantir pleno sufrágio universal.

"Queremos decidir o nosso futuro nós próprios", disse o estudante de Relações Internacionais, Gary Mak, de 23 anos. "É um bom princípio para todas as pessoas de Hong Kong lutar pela democracia", acrescentou.

A reforma política proposta carece de ser submetida ao Conselho Legislativo de Hong Kong (LegCo, parlamento) e aprovada por dois terços dos 70 deputados, dos quais 27 do campo pró-democrata anunciaram ter-se unido num compromisso pelo veto.

FV (DM/ IMA) // FV

Manifestantes de Hong Kong protestam junto ao porto

29 de Setembro de 2014, 03:14

Hong Kong, 28 set (Lusa) - Manifestantes pró-democracia em Hong Kong bloquearam hoje uma área junto ao porto, após a polícia ter recorrido a gás lacrimogéneo para dispersar os ativistas do centro da cidade.

Segundo as autoridades locais, 30 pessoas ficaram feridas (26 manifestantes e quatro polícias) após a intervenção policial para dispersar o protesto, que acabou por alastrar, durante a noite, a um outro local.

Os manifestantes contestam uma decisão de Pequim que limita o sufrágio universal na antiga colónia britânica, sob domínio da China desde julho de 1997.

A China prometeu a Hong Kong que o chefe do Executivo local a eleger em 2017 poderia ser escolhido livremente pela população.

No entanto, a 31 de agosto, o Governo de Pequim determinou que os candidatos ao cargo têm de reunir mais de metade dos votos de um comité de nomeação.

Uma coligação de grupos pró-democracia -- liderada pelo movimento "Occupy Central" -- considerou o plano de Pequim uma "falsa democracia" e prometeu levar a cabo uma série de ações incluindo um bloqueio ao centro financeiro de Hong Kong.

EO (JOP) // VC

Milhares de pessoas continuam concentradas no centro de Hong Kong após noite tensa

29 de Setembro de 2014, 12:31

Pequim, 29 set (Lusa) -- Milhares de pessoas continuam hoje concentradas no centro de Hong Kong para pedir a eleição democrática do chefe do Executivo, após mais uma noite de tensão e recurso a gás lacrimogéneo pela polícia da antiga colónia britânica.

A situação estava mais calma esta manhã, com muitos manifestantes sentados ou a deitados a dormir nas ruas, enquanto os polícias, que formam barreiras junto de edifícios ou de cruzamentos estratégicos, também estavam a descansar.

As autoridades renovaram, ainda que sem resultados, os apelos para que os manifestantes regressem a casa e abandonem os distritos administrativos e financeiros da Região Administrativa Especial chinesa, como Admiralty, Central ou Causeway Bay.

Bancos, escolas e alguns estabelecimentos comerciais dessas zonas estavam hoje encerrados, apesar de a paralisação da atividade não ser total.

Em paralelo, foram também suspensas várias atividades do governo e reuniões do Conselho Legislativo (LegCo, parlamento).

Contudo, a Bolsa de Valores de Hong Kong -- a segunda mais importante da Ásia e a sexta maior do mundo -- estava a funcionar dentro da normalidade, apesar da tensão na cidade e da possibilidade de o distrito financeiro puder ficar cortado ter tido consequências nos mercados.

A bolsa abriu a sessão em baixa, com o principal índice, o Hang Seng, a registar perdas de 1,18%.

Encerradas estavam também ainda várias saídas do metro e várias carreiras de autocarros foram suspensas ou desviadas.

Os manifestantes contam com o apoio de voluntários que lhes levam alimentos, água e máscaras para fazer frente ao gás lacrimogéneo, permitindo assim que prossigam com aquele que se começa a chamar de "o protesto dos guarda-chuvas", numa referência ao uso dos mesmos como 'escudo' face ao lançamento de gás pimenta.

O chefe do Executivo de Hong Kong, CY Leung, desmentiu rumores de que irá recorrer à Guarnição do Exército Popular de Libertação Exército de Libertação Popular ou de que os agentes da polícia antimotim estão a utilizar balas de borracha.

Além das universidades, há paralisações em escolas secundárias nas quais os estudantes declararam boicote, ficando sentados nos pátios.

O movimento surge em contestação à decisão de Pequim de restringir o sufrágio universal pleno. A 31 de agosto, a Assembleia Nacional Popular decidiu que os aspirantes ao cargo vão precisar de reunir o apoio de mais de 50% de um comité de nomeação para concorrer à eleição e que apenas dois ou três serão então selecionados.

Ou seja, a população de Hong Kong exercerá o seu direito de voto mas só depois daquilo que os democratas designam de 'triagem'.

A China tinha prometido à população de Hong Kong, cujo chefe do Governo é escolhido por um colégio eleitoral composto atualmente por cerca de 1.200 pessoas, que seria capaz de escolher o seu líder em 2017.

Após os incidentes da madrugada de sábado durante a manifestação que encerrava uma semana de boicote às aulas e protestos estudantis, o movimento 'Occupy Central' declarou o início antecipado de uma campanha de desobediência civil.

O objetivo de 'Occupy Central' passa por paralisar a atividade no distrito de Central, coração financeiro e comercial da cidade, caso não exista sufrágio universal pleno, sem restrições, nas próximas eleições para o chefe do Executivo, em 2017.

O movimento pediu hoje a demissão de CY Leung, considerando ser a única forma de fazer com que seja possível relançar o processo de reforma política e de criar um espaço que permita terminar com a crise.

O 'Occupy Central' garante que o protesto "é um movimento espontâneo do povo de Hong Kong, que não está sob nenhuma organização".

DM // JCS.

Governo de Hong Kong anuncia retirada da polícia antimotim das ruas

29 de Setembro de 2014, 14:55

Hong Kong, China, 29 set (Lusa) -- As autoridades de Hong Kong anunciaram hoje a retirada da polícia antimotim das ruas tomadas por protestos massivos contra a recusa de Pequim em garantir pleno sufrágio universal na antiga colónia britânica.

Em comunicado publicado no portal do Governo de Hong Kong lê-se a seguinte mensagem: "Porque os cidadãos reunidos nas ruas acalmaram, a polícia de choque foi retirada".

No mesmo comunicado, o Governo liderado por CY Leung apela aos manifestantes "para desistirem de ocupar as ruas o mais rapidamente possível para que viaturas de emergência possam passar e para que os serviços de transporte público possam ser parcialmente retomados".

Milhares de manifestantes ocuparam pelo menos três artérias da cidade, paralisando várias zonas depois dos confrontos, esta madrugada, que se estenderam por várias horas e durante os quais a polícia lançou gás lacrimogéneo.

Durante a manhã de hoje a presença policial era menos visível com os agentes da polícia antimotim a serem substituídos por um contingente menor de efetivos fardados com os uniformes do dia-a-dia.

Num dos locais de protesto no movimentado distrito comercial de Causeway Bay não se avistava presença policial.

Apesar dos apelos, os manifestantes não têm dado sinais de que irão ceder ao pedido do Governo de Hong Kong para que deixem as ruas.

Uma semana de boicote às aulas por parte de estudantes universitários terminou na noite de sexta-feira com uma manifestação que resvalou em incidentes que se estenderam ao fim de semana.

O movimento em Hong Kong surge em contestação à decisão de Pequim de restringir o sufrágio universal pleno. A 31 de agosto, a Assembleia Nacional Popular decidiu que os aspirantes ao cargo vão precisar de reunir o apoio de mais de 50% de um comité de nomeação para concorrer à eleição e que apenas dois ou três serão então selecionados.

Ou seja, a população de Hong Kong exercerá o seu direito de voto mas só depois daquilo que os democratas designam de 'triagem'.

A China tinha prometido à população de Hong Kong, cujo chefe do Governo é escolhido por um colégio eleitoral composto atualmente por cerca de 1.200 pessoas, que seria capaz de escolher o seu líder em 2017.

Após os incidentes da madrugada de sábado, o movimento 'Occupy Central' declarou o início antecipado da campanha de desobediência civil.

DM //

Protestos em Hong Kong "podem não terminar pacificamente como a Revolução dos Cravos"

29 de Setembro de 2014, 16:44

Macau, China, 29 set (Lusa) - Os protestos pela democracia em Hong Kong estão hoje a ser acompanhados de perto por ativistas de Macau, como Jason Chao, que disse à agência Lusa recear o desfecho das manifestações.

"A menos que haja novos fatores emergentes, os protestos pela democracia em Hong Kong não vão acabar como a Revolução dos Cravos em Portugal. O Governo chinês parece estar a ser muito duro e muito restritivo no que diz respeito às reformas políticas, mas os valores universais são bastante valorizados pela humanidade e todas as pessoas devem ter direitos políticos iguais", afirma à Lusa. "E nesse aspeto dou o meu apoio total às pessoas de Hong Kong que lutam pelo sufrágio universal", acrescenta.

Jason Chao, um dos líderes da associação Consciência de Macau, que recentemente organizou um referendo civil sobre o sufrágio universal naquele território, tem estado desde sexta-feira a acompanhar os protestos junto ao complexo governamental de Hong Kong, "na qualidade de observador".

"O mais espantoso é que nenhum dos movimentos de Hong Kong está a liderar. Isto é um milagre, não há organizadores, os cidadãos tomam decisões coletivas através da Internet", disse.

"No final, espero que os cidadãos de Hong Kong consigam o que querem, que é também o eu quero e pelo qual luto em Macau. E também espero que as manifestações acabem pacificamente. Mas neste momento, não penso que acabe como a Revolução dos Cravos", rematou.

No domingo à noite, a Consciência de Macau, emitiu um comunicado condenando "veementemente o uso de força por parte do Governo de Hong Kong contra cidadãos desarmados que participavam numa manifestação pacífica".

Em Hong Kong está também o estudante universitário de Macau Kin Long Wong, que assistiu aos protestos a partir da Universidade Chinesa de Hong Kong, onde estuda, enquanto transmitia os acontecimentos às pessoas de Macau através de uma página no Facebook.

"Às 18:00 [11:00 em Lisboa] lançaram pela primeira vez gás lacrimogéneo. As pessoas fugiram e depois voltaram. Isto aconteceu a noite toda", lembra.

Foi com surpresa que Kin Long Wong assistiu ao uso de força por parte da polícia, que a certa altura chegou mesmo a empunhar um cartaz avisando a multidão de que se não recuasse iria disparar, ainda que munições de borracha - tal acabou por não acontecer.

"Fiquei chocado, não podia acreditar que estavam a usar gás lacrimogéneo em manifestantes pacíficos", conta.

O estudante defendeu que "as pessoas de Macau têm de apoiar as pessoas de Hong Kong. O que eles conseguirem vai afetar Macau significativamente. Se falharem, também falham as pessoas de Macau".

No território têm surgido manifestações de solidariedade, com um grupo de cerca de 40 pessoas a juntar-se domingo à noite junto à Igreja de São Domingos, onde habitualmente se realiza a vigília pelo massacre de Tiananmen.

"Não estão sozinhos. Macau apoia a democracia em Hong Kong", lia-se num cartaz colocado no chão, rodeado de velas.

Segundo Rocky Chan, membro da Novo Macau, a maior associação pró-democracia do território, um grupo de estudantes está a organizar um protesto em frente à Assembleia Legislativa para o dia 01 de outubro, Dia Nacional da China. Os estudantes pediram a apoio da associação que já se disponibilizou a ajudar.

Em Taiwan, os estudantes de Macau também se juntaram às manifestações de apoio. Com o líder dos estudantes de Hong Kong em Taipé retido da Região Administrativa Especial, é Scott Chiang, vice-presidente da Associação Novo Macau, quem está encarregue de organizar o movimento que domingo à noite se reuniu junto ao edifício de representação de Hong Kong em Taipé e hoje voltou a juntar-se ao início da tarde.

"Vou distribuir laços amarelos. Ontem [domingo] eram centenas de pessoas, mas de Macau apenas uma mão cheia. Ainda estão a vir de outras cidades", explicou o ativista.

"Vejo que as pessoas não têm medo. A polícia usa gás lacrimogéneo, as pessoas afastam-se e voltam. Não funciona. Gostava que as pessoas de Macau conseguissem perceber porque é que em Hong Kong aceitam ser alvo desta violência. Estão a lutar pela liberdade. A vida é mais do que fazem dinheiro e comer, o que é um pensamento muito comum em Macau", comentou.

Em Hong Kong, horas depois de confrontos registados entre manifestantes e polícia, uma multidão continuava esta manhã pacificamente concentrada nas imediaçõess da sede do Governo, no centro da cidade.

Por volta do 12:00 (05:00 em Lisboa), o lixo era recolhido e algumas vias rodoviárias eram reabertas ao trânsito. Populares subiam a uma plataforma para falar em altifalantes: "De acordo com as últimas notícias, o Governo anuncia que vai mandar mais agentes da polícia para cá [Admiralty] e insta os cidadãos de Hong Kong a dispersar, mas nós pedimos aos polícias para fazerem greve. Nós ficamos até ao fim".

FV/ISG // ARA

Na foto: De noite e de dia milhares de manifestantes ocupam e protestam nas ruas de Hong Kong

*Título PG

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