Nuno
Ramos de Almeida – jornal i
O
primeiro-ministro tentou arrumar o assunto no parlamento, mas ele renasce
Pedro
Passos Coelho garantiu ao parlamento que nunca recebeu, enquanto deputado,
dinheiro da Tecnoforma e da ONG dela, CPPC. Confessou ter apenas cobrado
despesas que fez no exercício das funções de presidente da instituição.
"Posso ter apresentado despesas de representação, almoços que possa ter
realizado, deslocações que realizei seguramente a Bruxelas, Cabo Verde e até
dentro do território nacional", revelou. Instado a responder sobre o
montante dessas verbas, "se eram tostões ou milhões?", Passos
apressou-se a dizer que certamente que não eram milhões, até porque o orçamento
da ONG era diminuto. António José Seguro pediu-lhe, para que não restassem
dúvidas, que levantasse o sigilo bancário das suas contas. O governante
defendeu-se, dizendo que a questão fundamental não é "vasculhar" as
suas contas bancárias, mas se auferiu ou não qualquer rendimento enquanto
deputado em exclusividade. "Não, não recebi, não, não há dúvidas", reiterou
Passos Coelho, rejeitando fazer um "striptease" das contas bancárias.
A
Procuradoria Geral da República veio esclarecer que qualquer ilícito criminal,
nesta matéria, do actual primeiro-ministro, estava prescrito. Tudo resolvido
para o chefe do governo? Aparentemente não. Há juristas que defendem que nem
todos os alegados crimes prescreveram, nomeadamente o de branqueamento de
capitais e ainda fica o julgamento político dos actos. E a verdade é que a
denúncia anónima falava de contas e montantes, isso só podia ser esclarecido
com o cotejar dessas contas. Para agravar a situação, o semanário
"Expresso" publica declarações de um ex-quadro superior da
Tecnoforma, ex-director-geral, que afirma que a CPPC, que Passos presidia,
recebia um milhão de euros por ano de uma offshore, Form Overseas Limited. Essa
offshore "funcionou como um saco azul", para despesas não documentadas
em Portugal, cujos valores "não constavam da contabilidade da
empresa", afirma Luís Brito, ex-director-geral da Tecnoforma ao semanário da
Impresa.
Resumindo,
para provar a sua inocência, o primeiro-ministro tem de demonstrar o que diz e
jogar este jogo dos remediados.
Foto:
Mário Cruz / Lusa
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