segunda-feira, 29 de setembro de 2014

Portugal: O INFERNO DE PEDRO PASSOS COELHO



Nuno Ramos de Almeida – jornal i

O primeiro-ministro tentou arrumar o assunto no parlamento, mas ele renasce

Pedro Passos Coelho garantiu ao parlamento que nunca recebeu, enquanto deputado, dinheiro da Tecnoforma e da ONG dela, CPPC. Confessou ter apenas cobrado despesas que fez no exercício das funções de presidente da instituição. "Posso ter apresentado despesas de representação, almoços que possa ter realizado, deslocações que realizei seguramente a Bruxelas, Cabo Verde e até dentro do território nacional", revelou. Instado a responder sobre o montante dessas verbas, "se eram tostões ou milhões?", Passos apressou-se a dizer que certamente que não eram milhões, até porque o orçamento da ONG era diminuto. António José Seguro pediu-lhe, para que não restassem dúvidas, que levantasse o sigilo bancário das suas contas. O governante defendeu-se, dizendo que a questão fundamental não é "vasculhar" as suas contas bancárias, mas se auferiu ou não qualquer rendimento enquanto deputado em exclusividade. "Não, não recebi, não, não há dúvidas", reiterou Passos Coelho, rejeitando fazer um "striptease" das contas bancárias.

A Procuradoria Geral da República veio esclarecer que qualquer ilícito criminal, nesta matéria, do actual primeiro-ministro, estava prescrito. Tudo resolvido para o chefe do governo? Aparentemente não. Há juristas que defendem que nem todos os alegados crimes prescreveram, nomeadamente o de branqueamento de capitais e ainda fica o julgamento político dos actos. E a verdade é que a denúncia anónima falava de contas e montantes, isso só podia ser esclarecido com o cotejar dessas contas. Para agravar a situação, o semanário "Expresso" publica declarações de um ex-quadro superior da Tecnoforma, ex-director-geral, que afirma que a CPPC, que Passos presidia, recebia um milhão de euros por ano de uma offshore, Form Overseas Limited. Essa offshore "funcionou como um saco azul", para despesas não documentadas em Portugal, cujos valores "não constavam da contabilidade da empresa", afirma Luís Brito, ex-director-geral da Tecnoforma ao semanário da Impresa.

Resumindo, para provar a sua inocência, o primeiro-ministro tem de demonstrar o que diz e jogar este jogo dos remediados.

Foto: Mário Cruz / Lusa

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