Pedro
Rainho – jornal i
A
campanha para as eleições de 2015está na estrada. A universidade de Verão do
PSD serviu para Marco António Costa diabolizar o PS e lembrar o trabalho de
três anos do governo
O
PSD quer trazer a "dicotomia prática" entre a oposição e o governo
para o centro do debate político na corrida às legislativas do próximo ano: de
um lado estará quem levou o país à bancarrota; do outro, quem chegou para o
resgatar desse fosso. Na abertura da universidade de Verão do PSD, o porta-voz
do partido defendeu que já "não há uma linha ideológica que separe os
partidos". Em 2015, a
escolha terá de ser feita, afinal, entre o "velho Portugal e um novo
Portugal". Porque, como já tinha ensaiado na Festa do Pontal, o PSD
advoga-se o "direito de ansiar" pelo voto dos portugueses nas
próximas eleições.
Decretado
o fim das fronteiras ideológicas (entre o PSD e o PS, porque era a isso que
Marco António se referia), o porta- -voz social-democrata redesenhou a linha da
diferenciação, separando a "oposição retrógrada", que actuou ao longo
dos últimos três anos como "força de bloqueio" da actual maioria e do
seu projecto "reformista" para o país.
Marco
António aproveitou o palco da universidade de Verão para voltar a fazer contas
com o passado recente, atirando os socialistas para o banco da
irresponsabilidade, por, diz, durante três anos terem recusado sentar-se à mesa
das conversações com os partidos da maioria. "Há muitos que, nos debates
internos que travam, falam da necessidade de compromissos, mas no seu historial
têm registado uma incapacidade absoluta de fazer compromissos com o PSD e com o
país", referiu o porta- -voz social-democrata.
De
resto, as referências ao PS multiplicaram-se durante a intervenção de Marco
António Costa. Quer ao PS de Seguro, quer - acautelando já eventualidades
futuras no Largo do Rato - ao de António Costa. "Há quem só tenha uma
agenda para o partido, nós temos uma agenda para Portugal", sublinhou. E,
"dito de outra maneira: os arautos da desgraça, que hoje são os mesmos que
estão na oposição, afirmavam que este país não tinha solução, não tinha
futuro".
Mas
o PSD também quer mostrar trabalho. Por isso, em dia de reabertura do ano
judicial, Marco António deu destaque à reforma "substantiva e
adjectiva" do mapa judiciário.
Da
lista de tarefas cumpridas, o social-democrata retirou ainda o programa para a
natalidade, que Passos Coelho apresentou em Julho - que não voltou a ver
avanços desde esse dia. E foi ao arquivo buscar as propostas com que o partido
se apresentou a eleições em 2011, para lembrar que também os
sociais--democratas querem uma reforma do sistema eleitoral. "Temos
inscrito no nosso programa eleitoral a proposta de redução de 230 para 181
deputados", lembrou Marco António Costa. Mesmo que a pretensão nunca tenha
saído do papel durante o mandato, bloqueada pelo acordo assinado com o CDS que
impede mexidas na lei. Ainda assim, "primeiro o país, depois o
partido", garante.
Como
no Pontal, o discurso do PSD tenta abarcar tanto os militantes - que no próximo
ano terão de ser mobilizados para sair às ruas em nome do partido - como os
eleitores. Terminar o programa de assistência foi, em suma, "mais uma
etapa histórica da vida do nosso país que foi vencida pelo trabalho de todos os
portugueses, sem excepção".
Foto:
Nuno Veiga/Lusa
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