terça-feira, 2 de setembro de 2014

Portugal: PSD ENSAIA DISCURSO DO “PARTIDO BOM” ATÉ ÀS LEGISLATIVAS



Pedro Rainho – jornal i

A campanha para as eleições de 2015está na estrada. A universidade de Verão do PSD serviu para Marco António Costa diabolizar o PS e lembrar o trabalho de três anos do governo

O PSD quer trazer a "dicotomia prática" entre a oposição e o governo para o centro do debate político na corrida às legislativas do próximo ano: de um lado estará quem levou o país à bancarrota; do outro, quem chegou para o resgatar desse fosso. Na abertura da universidade de Verão do PSD, o porta-voz do partido defendeu que já "não há uma linha ideológica que separe os partidos". Em 2015, a escolha terá de ser feita, afinal, entre o "velho Portugal e um novo Portugal". Porque, como já tinha ensaiado na Festa do Pontal, o PSD advoga-se o "direito de ansiar" pelo voto dos portugueses nas próximas eleições.

Decretado o fim das fronteiras ideológicas (entre o PSD e o PS, porque era a isso que Marco António se referia), o porta- -voz social-democrata redesenhou a linha da diferenciação, separando a "oposição retrógrada", que actuou ao longo dos últimos três anos como "força de bloqueio" da actual maioria e do seu projecto "reformista" para o país.

Marco António aproveitou o palco da universidade de Verão para voltar a fazer contas com o passado recente, atirando os socialistas para o banco da irresponsabilidade, por, diz, durante três anos terem recusado sentar-se à mesa das conversações com os partidos da maioria. "Há muitos que, nos debates internos que travam, falam da necessidade de compromissos, mas no seu historial têm registado uma incapacidade absoluta de fazer compromissos com o PSD e com o país", referiu o porta- -voz social-democrata.

De resto, as referências ao PS multiplicaram-se durante a intervenção de Marco António Costa. Quer ao PS de Seguro, quer - acautelando já eventualidades futuras no Largo do Rato - ao de António Costa. "Há quem só tenha uma agenda para o partido, nós temos uma agenda para Portugal", sublinhou. E, "dito de outra maneira: os arautos da desgraça, que hoje são os mesmos que estão na oposição, afirmavam que este país não tinha solução, não tinha futuro".

Mas o PSD também quer mostrar trabalho. Por isso, em dia de reabertura do ano judicial, Marco António deu destaque à reforma "substantiva e adjectiva" do mapa judiciário.

Da lista de tarefas cumpridas, o social-democrata retirou ainda o programa para a natalidade, que Passos Coelho apresentou em Julho - que não voltou a ver avanços desde esse dia. E foi ao arquivo buscar as propostas com que o partido se apresentou a eleições em 2011, para lembrar que também os sociais--democratas querem uma reforma do sistema eleitoral. "Temos inscrito no nosso programa eleitoral a proposta de redução de 230 para 181 deputados", lembrou Marco António Costa. Mesmo que a pretensão nunca tenha saído do papel durante o mandato, bloqueada pelo acordo assinado com o CDS que impede mexidas na lei. Ainda assim, "primeiro o país, depois o partido", garante.

Como no Pontal, o discurso do PSD tenta abarcar tanto os militantes - que no próximo ano terão de ser mobilizados para sair às ruas em nome do partido - como os eleitores. Terminar o programa de assistência foi, em suma, "mais uma etapa histórica da vida do nosso país que foi vencida pelo trabalho de todos os portugueses, sem excepção".

Foto: Nuno Veiga/Lusa

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