"A
lava está a avançar a uma média de três metros por hora"
A
erupção vulcânica que assola desde domingo a ilha cabo-verdiana do Fogo voltou
terça-feira à noite a ganhar força, com a lava a aumentar novamente a
velocidade e a atingir Portela, a maior povoação de Chã das Caldeiras.
Em
declarações à agência Lusa em
São Filipe , Hélio Semedo, geólogo cabo-verdiano do Instituto
Nacional de Protecção Civil e Bombeiros (INPCB) de Cabo Verde, indicou que,
cerca das 22:00 locais (23:00 em Lisboa), o vulcão aumentou de intensidade,
aumentando de seis para sete as "bocas bastante ativas" da erupção.
"A
lava está a avançar a uma média de três metros por hora mas, se ultrapassar a
elevação de terreno de dois metros, que de certa maneira protege a povoação de
Portela (entretanto evacuada), poderá chegar aos 20 metros por hora",
referiu.
Depois
de uma manhã em que o vulcão acalmou e a população voltou às suas casas para
tirar os pertences, a meio da tarde toda a esperança de que a calma teria vindo
para ficar, morreu.
Hélio
Semedo não escondeu a situação "bastante preocupante" que se vive no
terreno, uma vez que a lava está a 30 metros da primeira casa da povoação.
"Ninguém
vai dormir esta noite" na Portela, assegurou, lembrando que na zona de Chã
das Caldeiras, que constitui o planalto onde se situam as bocas da erupção, não
há luz elétrica e as pessoas estão dispersas pelas casas com geradores ou
painéis solares.
"Estamos
a arranjar forma de conseguir chegar a toda a gente caso seja necessário
evacuar a zona durante a noite", explicou o geólogo.
Hélio
Semedo adiantou que o plano já está traçado.
A
saída, a ser feita, será pela povoação de Bangueira, uma localidade próxima, a
caminho de Monte Branco, que dá acesso à cidade dos Mosteiros, norte do Fogo.
No
terreno, à entrada de Chã das Caldeiras, estão já duas máquinas da câmara de
São Filipe para, ao início do dia, tentarem abrir uma estrada alternativa para
a Portela.
Também
ao amanhecer de quarta-feira chega ao Fogo um reforço de agentes da polícia
nacional e mais materiais necessários para o contingente no terreno, garantiu à
Lusa o comandante da polícia Tito Barros.
A
imprevisibilidade do vulcão tem sido uma constante, registando-se períodos de
várias horas de acalmia após cada pico de explosões, e cuja lava já provocou danos
materiais elevados, tal como admitiu já o primeiro-ministro cabo-verdiano, José
Maria Neves, que chega hoje de manhã ao Fogo para se inteirar sobre a situação.
Sem
haver qualquer registo de vítimas, a lava já destruiu totalmente quatro
residências perto de Portela e parcialmente a sede administrativa do Parque
Natural do Fogo e a principal estrada de Chã das Caldeiras, impossibilitando o
acesso rodoviário às localidades situadas no sopé do vulcão.
Lusa,
em Expresso das Ilhas
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