sábado, 16 de janeiro de 2016

LUANDA CONTA COM TODOS



Jornal de Angola, editorial

O novo governador da província de Luanda reúne-se hoje com os administradores municipais e com o presidente da Comissão Administrativa da Cidade de Luanda para familiarizar-se com o estado da capital do país que viu acentuar os principais problemas nos últimos meses.

A expectativa é grande relativamente às estratégias que vão ser gizadas para rápida e gradualmente se ultrapassarem os obstáculos que se apresentam na caminhada para proporcionar sustentabilidade ao crescimento da cidade a todos os níveis. 

"Dar a volta" aos problemas constitui o principal lema de actuação da equipa liderada por Higino Carneiro, um gestor destacado pelo seu pragmatismo e "savoir-faire", numa altura em que os principais problemas da edilidade mais importante de Angola estão identificados.  

A municipalidade sede dos órgãos de soberania e das principais instituições do país mudou muito ao longo dos tempos, mas continua a manter a relevância e proeminência, razão pela qual conhece desde Dezembro um plano director metropolitano. 

Luanda é a capital do país e representa uma espécie de espelho por via do qual, mesmo sem corresponder exactamente à realidade do conjunto, são reflectidas as primeiras impressões sobre o país. Não raras vezes o país inteiro tem passado, erradamente, no crivo de estudos, análises de instituições nacionais e internacionais, tendo somente Luanda como uma espécie de barómetro. 

Além de capital política é também o principal centro industrial e económico do país, agregando perto de um terço da população total de Angola, facto que redobra responsabilidades ao nível da governação. 

Atendendo àqueles factores realçados acima, a capital do país transformou-se, em tempos do conflito armado, como o mais seguro destino das populações, razão pela qual registou e acumulou, ao longo de décadas, numerosos problemas. 

Por razões sobejamente conhecidas, o "rosto do país" deixou de conhecer um plano urbanístico e paisagístico funcional numa altura em que o fundamental era abrigar milhares de famílias que fugiam das crueldades da guerra. Naquele ambiente e atendendo a pressões de vária ordem, não eram definitivamente viáveis planos de ordenamento do território. 

Não há dúvidas de que a pressão demográfica acarreta inúmeros problemas, sobrecarrega, quando ainda existe, o saneamento básico e torna complexos os mecanismos de gestão e recolha dos resíduos sólidos.

Com a chegada da paz e em função dos projectos ambiciosos para inverter completamente o quadro na cidade capital, o Executivo pôs em marcha um conjunto de estratégias no sentido de inverter o caos. 

Urge dar resposta rápida e eficaz aos problemas da recolha do lixo, do fornecimento de água e energia, saneamento, sendo estes fundamentalmente os problemas imediatos que reclama a urbe luandense e os seus arredores.

O recém-empossado governador de Luanda destacou, nas suas primeiras declarações, que um dos aspectos importantes para "dar a volta" a muitos dos problemas que a capital enfrenta passa pela reposição da autoridade e do cumprimento por parte dos cidadãos.  

Reconhecemos todos que, em muitos aspectos, precisamos de mudar os actos de indisciplina verificados no atendimento ao público por parte das instituições públicas e privadas, no trânsito automóvel, no uso dos locais públicos, no manuseio do lixo, entre outros problemas. A percepção destas e outras situações em Luanda têm muito  a ver com o facto de ser nesta província onde se regista maior demanda por serviços e bens por parte dos cidadãos. 

Higino Carneiro, durante a cerimónia de apresentação aos funcionários do Governo da Província, lembrou que se deve cultivar a humildade, tendo deixado palavras encorajadoras quanto ao exercício da autoridade, dizendo que “quando se manda deve saber-se ouvir e quando se obedece também se deve saber mandar”. 

As populações devem igualmente estar sensibilizadas sobre os seus deveres no respeito pelas leis, pelas autoridades e na observância das regras de sã convivência. 

Numerosos paradigmas precisam de conhecer uma nova realidade na capital do país, sobretudo acções ao nível local para a busca de soluções para resolver os problemas das comunidades.

Como disse o ministro da Administração do Território, relativamente à necessidade de mudança de figurino, “se até agora, muitas vezes, esperámos pelo Estado para resolver todos os problemas, hoje a resolução dos problemas locais, nomeadamente a prestação de serviços básicos, recolha de resíduos sólidos, abastecimento de água e energia, assistência médica e acesso ao ensino, devem contar com o envolvimento de todos”. Afinal, vivemos numa economia de mercado em que o Estado deve gradualmente ceder espaços da sua intervenção para sectores privados para que, naqueles da sua reserva absoluta, tenha eficiência na garantia de bens e serviços às populações. A colaboração de todos é fundamental para que, em Luanda, os programas se efectivem para satisfação geral.

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