segunda-feira, 17 de abril de 2023

Portugal | PRESIDENTE LULA… PS COMPREENSIVO, PCP APOIA, DIREITA CRITICA

Declarações controversas do Presidente brasileiro sobre a guerra na Ucrânia forçam socialistas a equilibrismo argumentativo.

Afirmações do Presidente Lula da Silva sobre a guerra na Ucrânia, feitas na China e depois dos Emirados Árabes Unidos, desencadearam em Portugal uma míni tempestade política, com o PSD a exigir ao Governo que se demarque, a Iniciativa Liberal a dizer que o Parlamento português já não o pode receber no 25 de Abril e o PS a comentar que não concorda mas compreende a posição do chefe do Estado brasileiro.

"É preciso que os EUA parem de incentivar a guerra e comecem a falar em paz", "é preciso que a UE comece a falar em paz", "a Europa e os EUA continuam a contribuir para a continuação da guerra", "a decisão da guerra foi tomada pelos dois países [Ucrânia e Rússia]", "a paz interessa a todo o mundo e a guerra por enquanto só interessa aos dois [Putin e Zelensky]".

Estas foram algumas das frases de Lula que levaram a oposição à direita a atacar o Governo e o PS. "O Governo português - enquanto órgão de soberania responsável pela condução da política externa -, respeitando por inteiro a soberania do Brasil, através do primeiro-ministro, António Costa, e do ministro dos Negócios Estrangeiros, não pode deixar de se demarcar, pelas vias diplomáticas adequadas mas também publicamente, da afirmação de que a UE, a NATO e os Estados Unidos estão a fomentar e a estimular a guerra", afirmou o eurodeputado Paulo Rangel, vice-presidente do PSD. "Com a mesma franqueza e, até, desassombro com que o Presidente do Brasil fala da cumplicidade e intervenção da UE e procura suavizar ou omitir a responsabilidade do regime de Putin, o primeiro-ministro António Costa deverá afirmar a posição de Portugal a favor do direito internacional, da integridade territorial da soberania ucraniana e da paz."

Já a Iniciativa Liberal aproveitou o caso para, através de uma declaração no Twitter de Rui Rocha, líder do partido, considerar que o Parlamento português já não está em condições de receber o líder brasileiro no 25 de Abril. A Assembleia da República [AR] que convidou Zelensky para discursar em 21 de abril de 2022 não pode receber um aliado de Putin como Lula no 25 de Abril. E o Presidente da República que atribuiu a Ordem da Liberdade a Zelensky não pode estar confortável com a presença de um aliado de Putin como Lula na AR no 25 de Abril", escreveu Rui Rocha.

O Chega, pelo seu lado, explorou o episódio para fazer oposição...ao PSD. "É ultrajante ver um partido que deveria liderar o centro-direita dizer que saúda a presença de Lula da Silva no dia 25 de Abril, em Portugal, no dia da conquista democrática", disse André Ventura.

Com tudo isto, o PS, forçado por por razões diplomáticas a demarcar-se de Lula mas sem o atacar, reafirmou a sua posição de apoio à Ucrânia e de condenação da Rússia. Salientou porém que o Presidente do Brasil fez deve ser enaltecido, como por exemplo o Presidente Macron, pelo que representa de "busca pela paz", uma "preocupação legítima de Portugal, dos portugueses [e] dos cidadãos do mundo, disse a dirigente nacional do PS responsável pelo pelouro das relações internacionais, a deputada Jamila Madeira.

João Pedro Henriques | Diário de Notícias

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