terça-feira, 27 de novembro de 2012

MANIFESTAÇÕES DE PROTESTO SÃO “QUEBRA CABEÇAS” PARA O ESTADO POLICIAL

 


Potencial "muito grande" para situações de violência pública pode ser evitado - Investigador
 
Lusa
 
O investigador social Paulo Granjo afirmou hoje que existe um potencial "muito grande" para situações de violência pública, devido ao sentimento geral de precariedade, mas pode ser evitada se as políticas laborais e sociais forem alteradas.
 
"Ao contrário do se pensa, a violência pública não está relacionada com a pobreza, mas sim com problemas de condições laborais e de subsistência", disse à agência Lusa o investigador do Instituto de Ciências Sociais da Universidade Nova.
 
Paulo Granjo falava à margem da Conferência ICS2012, com o tema Portugal em Mudança - Diversidades, Assimetrias e Contrastes, que decorre até terça-feira, para assinalar os 50 anos do Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa.
 
Atualmente, em Portugal, "há um potencial muito grande para violência pública", defendeu o especialista.
 
"Mas esta possibilidade não é uma inevitabilidade, pois não basta a existência daqueles fatores, é mais importante o modo como se combinam entre si", salientou.
 
O processo "está em curso, muda a cada dia e qualquer agravamento dos fatores aumenta a possibilidade de violência", referiu Paulo Granjo.
 
Para o investigador, "a única forma de evitar a violência pública, é mudar as políticas públicas, nomeadamente no que respeita aos vínculos laborais e à precariedade contratual".
 
A quebra dos apoios sociais e a redução do papel do Estado Social levam a um sentimento de insegurança e de injustiça e "aumentam a perceção de rutura do contrato social".
 
O exemplo avançado refere-se à perda de peso dos sindicatos no seu papel de ligação com o patronato e o poder político, pois estas entidades "deixaram de ter capacidade de ser eficazes".
 
Por outro lado, apesar de "haver descrença na eficácia dos movimentos pacíficos, a violência pode ter origem não em ações organizadas, mas partir de pessoas a viver situações críticas", disse ainda Paulo Granjo.
 
O investigador analisou várias situações de violência pública em países como Reino Unido, Moçambique ou nações árabes, para concluir que a sua origem não foi a pobreza.
 
EA // MAG.
 
As manifestações não são um problema de segurança, são um exercício de cidadania – MAI
 
Lusa
 
O ministro da Administração Interna, Miguel Macedo, disse hoje que as manifestações não são um problema de segurança interna, mas um exercício de cidadania, nas quais não encontra "nenhum problema".
 
"As manifestações são um exercício de direitos cívicos das pessoas em democracia. Não há nenhum problema com as manifestações. Uma manifestação não é um problema de segurança interna, é um problema de exercício de cidadania e portanto quero enfatizar isso", disse Miguel Macedo.
 
O ministro, que falava aos jornalistas à margem da apresentação de um projeto sobre desastres naturais em Portugal, que se realizou hoje em Cascais, lembrou ainda que os acontecimentos do passado dia 14 de novembro, junto à Assembleia da República, traduziram-se numa "manifestação que, a certa altura, degenerou num problema de ordem pública".
 
Sobre o acesso às imagens televisivas não editadas da RTP, relativas aos incidentes da manifestação, Miguel Macedo frisou que "o que havia para clarificar publicamente sobre essa matéria, já foi clarificado".
 
O ministro referia-se ao comunicado por si emitido na passada sexta-feira, no qual dá conta de que vai pedir ao Conselho Consultivo da Procuradoria-Geral da República um parecer sobre a legitimidade da PSP ter acesso a imagens de televisão não editadas.
 
"A polícia não pode, nos procedimentos que adota, estar sujeita à controvérsia permanente sobre essa matéria. Temos todos a ganhar - a polícia e a comunidade em geral -, em saber quais ao certo os procedimentos que devem ser seguidos e, portanto, o parecer do Conselho Consultivo será muito relevante para esse efeito", acrescentou.
 
A administração da RTP emitiu, na passada quarta-feira, um comunicado, no qual afirma que os "responsáveis da direção de informação facultaram a elementos estranhos à empresa" imagens dos incidentes ocorridos no dia da greve geral, e que abriu um inquérito.
 
Na sequência desta polémica, o ex-diretor de informação da RTP Nuno Santos apresentou a demissão do cargo, que foi aceite pela administração.
 
A PSP solicitou também imagens à TVI e SIC, pouco antes da divulgação de um comunicado do Ministério da Administração Interna a anunciar uma "investigação exaustiva" e com "caráter de urgência" à PSP, sobre o caso das imagens da RTP.
 
Os incidentes no dia 14 de novembro e após uma manifestação da CGTP, dezenas de manifestantes apedrejaram a polícia e esta respondeu com uma carga policial. Dos confrontos resultaram nove detidos, 21 pessoas identificadas e 48 feridos, dos quais 21 elementos da PSP.
 
MYDM/ (CMP) // MAG.
 

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