Potencial
"muito grande" para situações de violência pública pode ser evitado -
Investigador
Lusa
O investigador
social Paulo Granjo afirmou hoje que existe um potencial "muito
grande" para situações de violência pública, devido ao sentimento geral de
precariedade, mas pode ser evitada se as políticas laborais e sociais forem
alteradas.
"Ao contrário
do se pensa, a violência pública não está relacionada com a pobreza, mas sim
com problemas de condições laborais e de subsistência", disse à agência
Lusa o investigador do Instituto de Ciências Sociais da Universidade Nova.
Paulo Granjo falava
à margem da Conferência ICS2012, com o tema Portugal em Mudança - Diversidades,
Assimetrias e Contrastes, que decorre até terça-feira, para assinalar os 50
anos do Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa.
Atualmente, em
Portugal, "há um potencial muito grande para violência pública",
defendeu o especialista.
"Mas esta
possibilidade não é uma inevitabilidade, pois não basta a existência daqueles
fatores, é mais importante o modo como se combinam entre si", salientou.
O processo
"está em curso, muda a cada dia e qualquer agravamento dos fatores aumenta
a possibilidade de violência", referiu Paulo Granjo.
Para o
investigador, "a única forma de evitar a violência pública, é mudar as
políticas públicas, nomeadamente no que respeita aos vínculos laborais e à
precariedade contratual".
A quebra dos apoios
sociais e a redução do papel do Estado Social levam a um sentimento de
insegurança e de injustiça e "aumentam a perceção de rutura do contrato
social".
O exemplo avançado
refere-se à perda de peso dos sindicatos no seu papel de ligação com o
patronato e o poder político, pois estas entidades "deixaram de ter
capacidade de ser eficazes".
Por outro lado,
apesar de "haver descrença na eficácia dos movimentos pacíficos, a
violência pode ter origem não em ações organizadas, mas partir de pessoas a
viver situações críticas", disse ainda Paulo Granjo.
O investigador
analisou várias situações de violência pública em países como Reino Unido,
Moçambique ou nações árabes, para concluir que a sua origem não foi a pobreza.
EA // MAG.
As manifestações
não são um problema de segurança, são um exercício de cidadania – MAI
Lusa
O ministro da
Administração Interna, Miguel Macedo, disse hoje que as manifestações não são
um problema de segurança interna, mas um exercício de cidadania, nas quais não
encontra "nenhum problema".
"As
manifestações são um exercício de direitos cívicos das pessoas em democracia. Não há
nenhum problema com as manifestações. Uma manifestação não é um problema de
segurança interna, é um problema de exercício de cidadania e portanto quero
enfatizar isso", disse Miguel Macedo.
O ministro, que
falava aos jornalistas à margem da apresentação de um projeto sobre desastres
naturais em Portugal, que se realizou hoje em Cascais, lembrou ainda que os
acontecimentos do passado dia 14 de novembro, junto à Assembleia da República,
traduziram-se numa "manifestação que, a certa altura, degenerou num
problema de ordem pública".
Sobre o acesso às
imagens televisivas não editadas da RTP, relativas aos incidentes da manifestação,
Miguel Macedo frisou que "o que havia para clarificar publicamente sobre
essa matéria, já foi clarificado".
O ministro
referia-se ao comunicado por si emitido na passada sexta-feira, no qual dá
conta de que vai pedir ao Conselho Consultivo da Procuradoria-Geral da
República um parecer sobre a legitimidade da PSP ter acesso a imagens de
televisão não editadas.
"A polícia não
pode, nos procedimentos que adota, estar sujeita à controvérsia permanente
sobre essa matéria. Temos todos a ganhar - a polícia e a comunidade em geral -,
em saber quais ao certo os procedimentos que devem ser seguidos e, portanto, o
parecer do Conselho Consultivo será muito relevante para esse efeito",
acrescentou.
A administração da
RTP emitiu, na passada quarta-feira, um comunicado, no qual afirma que os
"responsáveis da direção de informação facultaram a elementos estranhos à
empresa" imagens dos incidentes ocorridos no dia da greve geral, e que
abriu um inquérito.
Na sequência desta
polémica, o ex-diretor de informação da RTP Nuno Santos apresentou a demissão
do cargo, que foi aceite pela administração.
A PSP solicitou
também imagens à TVI e SIC, pouco antes da divulgação de um comunicado do
Ministério da Administração Interna a anunciar uma "investigação
exaustiva" e com "caráter de urgência" à PSP, sobre o caso das
imagens da RTP.
Os incidentes no
dia 14 de novembro e após uma manifestação da CGTP, dezenas de manifestantes
apedrejaram a polícia e esta respondeu com uma carga policial. Dos confrontos
resultaram nove detidos, 21 pessoas identificadas e 48 feridos, dos quais 21
elementos da PSP.
MYDM/ (CMP) // MAG.
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