Daniel Oliveira –
Expresso, opinião
Os sindicatos dos
professores fizeram mal em exercer o direito greve que, na forma como uma parte
razoável dos políticos portugueses o vê, nunca deve ser mais do que simbólico.
Fizeram? Pela primeira vez, nos dois últimos anos, o governo sentou-se
mesmo à mesa das negociações. Não antes da greve aos exames. Não antes da greve
às avaliações. Mas quando se corria risco de se instalar o caos nas
escolas.
Apesar de ainda não
haver acordo, os professores conseguiram, com as suas greves, a integração de
mais medidas que contribuirão para que não haja professores com
horário-zero e em risco de ir para "requalificação" (eufemismo
para despedimento). Um regime que só se aplicará aos professores a partir
de fevereiro de 2015. O limite geográfico para a mobilidade dos
professores dos quadros de escola que não tenham serviço letivo passou a ser de
60 quilómetros, tal como acontece com a restante Função Pública. E o governo
garantiu que o aumento do horário de trabalho para as 40 horas incidirá
apenas na componente não leciva de trabalho individual. Por fim, a direção
de turma volta a integrar a componente letiva.
Os professores não
terão conseguido tudo. Mas conseguiram, pela primeira vez em qualquer confronto
com este governo, cedências relevantes. E por isso, a FNE desmarcou as
greves e a Fenprof interrompeu-as (com excepção, claro, da greve geral).
Para os que, durante o último mês, zurziram nos professores, fica uma
importante lição: mostrar indignação no facebook e falar mal dos
"políticos" serve de muito pouco se não se está disponível para levar
até ao fim, de forma consequente, o confronto. O governo conta com a
divisão das pessoas. Desta vez não lhe chegou.
Amanhã, há uma greve
geral. O exemplo dos professores deve ser, para todos nós, uma inspiração.
Solidário com esta greve, não encontrarão aqui nenhum texto meu.
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