Um
ano depois da morte de Nelson Mandela
Patrícia
Dichtchekenian - São Paulo – Opera Mundi
Relatório
aponta que desigualdade e injustiça permanecem no país; maioria acredita não
ser possível ter um país "unido"
Um
ano depois da morte de Nelson Mandela – símbolo de luta contra o apartheid na
África do Sul – um relatório de um centro de estudos do país revela que
as atrocidades cometidas pelo sistema segregacionista estão caindo cada vez
mais em esquecimento pela população local.
Realizado
pelo Instituto de Justiça e Reconciliação, e lançado nesta semana, na Cidade do
Cabo, o documento de quase 50 páginas reúne pesquisas
elaboradas entre 2003 e 2013 que avaliam o comportamento da sociedade
sul-africana face a questões raciais e de classe.
Em
2003, por exemplo, 89% dos sul-africanos negros e 70% dos brancos concordaram
que o apatheid era um crime contra a humanidade. Dez anos depois, tal
perspectiva caiu para 80% da população negra no país e despencou para 52% entre
os brancos.
['Quantos sul-africanos concordam que o apartheid foi um crime contra humanidade?']
“A população parece esquecer quão opressivo e criminoso foi o apartheid”, sublinha o relatório, ressaltando que os sul-africanos brancos tem maior resistência em reconhecer as injustiças raciais que permeiam a história do país.
A análise dos últimos anos também revelou que os sul-africanos parecem se distanciar cada vez mais de uma identidade nacional inclusiva. Questionada se seria desejável criar uma África do Sul unida com todos os grupos que vivem no país, a maioria da população rebateu, perguntando se tal realidade poderia ser atingida.
Em 2013, o desejo por uma interação interracial foi expresso apenas por 20% dos sul-africanos negros e 11% entre os brancos. Dez anos antes, essa vontade representava 31% dos negros e 16% dos brancos.
['Quantos sul-africanos concordam que o apartheid foi um crime contra humanidade?']
“A população parece esquecer quão opressivo e criminoso foi o apartheid”, sublinha o relatório, ressaltando que os sul-africanos brancos tem maior resistência em reconhecer as injustiças raciais que permeiam a história do país.
A análise dos últimos anos também revelou que os sul-africanos parecem se distanciar cada vez mais de uma identidade nacional inclusiva. Questionada se seria desejável criar uma África do Sul unida com todos os grupos que vivem no país, a maioria da população rebateu, perguntando se tal realidade poderia ser atingida.
Em 2013, o desejo por uma interação interracial foi expresso apenas por 20% dos sul-africanos negros e 11% entre os brancos. Dez anos antes, essa vontade representava 31% dos negros e 16% dos brancos.
“Essas descobertas trazem implicações
profundas para a reconciliação racial na África do Sul e apontam um sério
obstáculo para a política de integração nos próximos anos”, alerta o instituto.
Mesmo após um ano da morte do patrono da reconciliação, “as contínuas formas de desigualdade e injustiça permanecem na África do Sul, resultando em um sentimento de desilusão com a ideia de unidade”, conclui o responsável pelo relatório, Kim Wale, em entrevista ao veículo local Daily Maverick.
Mesmo após um ano da morte do patrono da reconciliação, “as contínuas formas de desigualdade e injustiça permanecem na África do Sul, resultando em um sentimento de desilusão com a ideia de unidade”, conclui o responsável pelo relatório, Kim Wale, em entrevista ao veículo local Daily Maverick.
Imagem: Arte de Vitor Teixeira
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