O
veterano e membro da FRELIMO Sérgio Vieira diz não entender por que motivo o
Presidente Filipe Nyusi não é também o líder do partido no poder em Moçambique. Critica
também o Governo de gestão proposto pela RENAMO.
O
presidente da Frente de Libertação de Moçambique (FRELIMO) é Armando Guebuza e
tem poderes supremos em relação ao atual Presidente da República, Filipe Nyusi.
Os estatutos da FRELIMO mostram que o poder está no partido e não no Governo.
Exemplo disso é que cabe ao presidente do partido apreciar os relatórios sobre
a ação do Governo.
Daí
que Sérgio Vieira não perceba por que razão Filipe Nyusi não é o presidente do
partido no poder. O membro sénior da FRELIMO lembra que em Moçambique
normalmente é o líder do partido que chefia o Governo.
“Temos
um chefe de Estado que é em simultâneo chefe do Governo. Podemos reflectir
sobre se devemos manter este figurino ou avançar com um figurino no modelo
francês, por exemplo, que é um semi-presidencialismo, sem fazer do chefe de
Estado um corta fitas”, propôs em entrevista ao canal de televisão STV.
Guebuza
deve deixar o cargo
Ainda
segundo os estatutos da FRELIMO, cabe ao presidente do partido convocar e
orientar reuniões ordinárias e extraordinárias da comissão política e tomar
decisões.
Por
isso, Sérgio Vieira espera que um dia o antigo chefe de Estado Armando Guebuza
compreenda este cenário e deixe o cargo. Até porque “sendo o chefe do Governo,
neste caso, um não dirigente do partido, pode surgir algum problema”, sublinha.
O
veterano da FRELIMO lembra que “o Presidente Joaquim Chissano soube compreender
isso e com muita elegância retirou-se e tornou-se maior.”
Sérgio
Vieira acredita “que o Presidente Guebuza também terá essa sensibilidade.”
Discurso
da RENAMO não é novo
Segundo
Sérgio Vieira, os atuais discursos de fraude do líder da Resistência Nacional
Moçambicana (RENAMO), Afonso Dhlakama, não são novidade e justificam apenas a
derrota do partido nas eleições.
“Em
1994 havia aqui um tribunal internacional que não respondia perante o Governo
da FRELIMO, que não respondia perante o Governo moçambicano, que foi designado
pelas Nações Unidas, com juízes profissionais do Tribunal Penal Internacional
(TPI) de Haia, e não apresentou nada”, recorda. “Constantemente o discurso de
justificação das derrotas da RENAMO é fraude”.
Em
Moçambique tem-se assistido no seio dos partidos da oposição a divisões e falta
de organização. Por isso, o veterano Sérgio Vieira não tem dúvidas sobre o que
é a RENAMO: “Não é realmente um partido, é uma organização à volta de uma
pessoa.”
Dhlakama insiste em Governo de gestão
Dhlakama insiste em Governo de gestão
Nas
últimas semanas, o líder da RENAMO tem-se desdobrado em esforços para explicar
à população as razões por que não aceita os resultados das eleições gerais de
15 de outubro de 2014.
Afonso
Dhlakama ameaçou recentemente criar uma república autónoma no centro e norte de
Moçambique, presidida por ele próprio, caso a FRELIMO persista em não acatar a
sua exigência de um Governo de gestão, envolvendo figuras da oposição, como
forma de ultrapassar o que alega ter sido uma fraude eleitoral.
O
líder da RENAMO admitiu a possibilidade de o Presidente da República vir a
demitir alguns quadros do novo Governo para incorporar membros da oposição, com
vista a uma alegada inclusão governativa. A FRELIMO persiste na recusa desta
reivindicação.
Romeu
da Silva (Maputo) – Deutsche Welle
Sem comentários:
Enviar um comentário