Os
riscos de contágio por Ébola continuam a existir na Guiné-Bissau, apesar de o
país não ter registado nenhum caso, alerta um boletim do Observatório da África
Ocidental do Banco Africano de Desenvolvimento (BAD).
"Nenhum
caso de febre Ébola foi oficialmente declarado no país" mas, "dada a
debilidade do sistema de saúde e a geografia do país, que faz fronteira com a
Guiné-Conacri, o risco de contágio permanece", refere.
O
boletim datado de janeiro e divulgado pelo BAD na última semana, na Internet, é
dedicado ao setor da Saúde.
O
Observatório refere que, apesar de o governo guineense e os seus parceiros
terem preparado um plano de emergência para enfrentar o vírus Ébola, continua a
faltar parte do financiamento necessário para implementar a estratégia.
Desde
o início da epidemia na África Ocidental, 22.894 pessoas foram infetadas em
nove países e 9.177 morreram.
Todas
as mortes, exceto 15, ocorreram na Guiné-Conacri, Libéria e Serra Leoa.
Para
além do Ébola, o boletim avalia a situação geral do país, concluindo que
"o Estado não tem recursos necessários para pôr em prática um sistema de
saúde eficaz", apesar de haver uma perspetiva positiva de evolução
económica, em parte, graças à retoma das ajudas internacionais - que tinham
sido reduzidas depois do golpe militar de 2012 até às eleições gerais do último
ano.
A
Guiné-Bissau surge referenciada em diferentes temas ao longo do relatório.
Na
comparação entre 15 países da África Ocidental, é o que tem maior taxa de
prevalência de Sida entre os 15 e os 49 anos, a rondar os 4%, segundo dados de
2013 da Organização Mundial de Saúde.
É
também o país com menor esperança de vida (48 anos) a par da Serra Leoa e com a
menor percentagem do Produto Interno Bruto (PIB) investido na saúde, na ordem
de 1,33%, em 2012, segundo dados do Banco Mundial.
De
uma forma global, os cuidados de saúde são fracos em toda a África Ocidental.
O
observatório do grupo BAD conclui que um dos principais obstáculos para
melhorar a situação é "o baixo valor atribuído à Saúde nos orçamentos de
Estado dos países e que flutuaram entre um e cinco por cento do PIB entre 2000
e 2012" - por exemplo, os países da OCDE (Organização para Cooperação e
Desenvolvimento Econômico) investiram em saúde nove por cento do PIB, segundo
dados de 2011.
"As
desigualdades sociais e territoriais no acesso aos cuidados de saúde e as
deficiências do sistema, mesmo ao nível mais básico", são outros desafios.
Naquela
região africana, "80% por cento da população pensa primeiro em recorrer a
um curandeiro", segundo dados da OMS, acrescenta o relatório.
O
documento aponta ainda outra meta por alcançar: "todos os países da região
estão abaixo do rácio crítico de 23 agentes de saúde (médicos, enfermeiros,
parteiras) por 10 mil habitantes, a quantidade de pessoal que a OMS considera
suficiente para fazer face às necessidades da população.
Os
15 países analisados são Benim, Burkina Faso, Cabo Verde, Costa do Marfim,
Gambia, Gana, Guiné-Bissau, Guiné-Conacri, Libéria, Mali, Niger, Nigéria,
Senegal, Serra Leoa e Togo.
Lusa,
em Notícias ao Minuto
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