Bom
almoço, para os que almoçam. Entrada para o Expresso Curto que chega tardio
porque sim. Para hoje há pouca prosa nesta abertura, estão convidados para ler
o homem de hoje da cafeína expressa, Rui Gustavo, do burgo do tio Balsemão
Bilderberg, o tal tipo Duracel.
Que
o homem que matou os pais sai hoje da prisão, perdoado. Pois. Então está bem. Que
sai renovado. Pois. Então está bem. Vamos ver, sem sofismas. Numa boa.
Mais
puxado é o que vem a seguir: o bardamerda do presidente do Sporting tem dado
que escrever e falar. Venceu as eleições e lá vai disto. Que já estava com os
copos, dizem. Nã. Nã, nã. Aquilo é de família. O vestuto presidente da
bardamerda é sobrinho neto do tal Pinheiro de Azevedo. Um calhau com dois olhos
que era almirante. Pois.
Costas
há muitos, seu palerma. O do Banco de Portugal é governador. Mau governador.
Tanto que nem quer sair do poleiro até que acabe o mandato em 2020. Falhas
Graves é a sua alcunha, porque as cometeu. Mas demitir-se é que não. Olha lá o
meu tacho. Olha lá a minha incompetência a ser reconhecida por mim ao
demitir-me. Qual incompetência? Até foi competente em retardar o serviço com o
BES e o outro. E os outros. Sabemos lá sobre todos esses meandros de compadrios
e outros avios. Se ele tivesse vergonha demitia-se. Fazia um grande favor ao país,
mas aquele Costa não tem vergonha do que tem feito. Omessa! E os amigos
banqueiros sem Costa no BdP… Este Costa julga-se insubstituível no cometimento
de falhas graves. Pois. Então não está bem. Fora, senhor (des)governador!
Olhem,
bardamerda para os “falhas graves” que não se querem demitir e vão lixando o país e as nossas vidas. Isso era o que diria o presidente do Sporting. Pois. Então está bem.
Bom
dia, este é o seu Expresso Curto
Rui
Gustavo – Expresso
Tojó,
estás perdoado
Hoje
é o último dia de prisão para António Jorge Santos. Em 1999, quando tinha
22 anos, Tojó, como era então conhecido, matou os pais à facada na casa da
família, em Ílhavo. O pai, Jorge Machado, um médico respeitado e conhecido em
toda a região foi atingido 33 vezes. Um dos golpes quase o decapitou. A mãe foi
a primeira a morrer. Não havia um historial de violência doméstica ou
desavenças graves e antes de morrer os pais só queriam saber: porquê? Tojó, que
confessou o crime, era o vocalista e guitarrista dos Agonizing Terror, uma
banda de black-metal, estilo de música brutal muitas vezes associado ao
satanismo. Suspeitou-se de um crime ritual. Mas o móbil era bem mas vulgar:
Tojó queria ficar com a casa e o seguro de vida do pai porque tinha casado com
a baterista da banda, Sara e não tinham dinheiro. Um crime imperdoável. Não.
Nós perdoamos. Nós, o povo, em nome de quem é feita a Justiça, acreditamos que
todos se podem redimir. O que é notável porque países evoluídos como os Estados
Unidos ou a Inglaterra ainda têm a pena de morte ou a prisão perpétua. Os
castigos são para sempre. Amanhã, depois de cumprir 17 dos 25 anos de prisão a
que foi condenado, Tojó vai sair da cadeia de Coimbra como um homem novo
saído do inverno.
Moro numa aldeia no meio de Lisboa. Em frente à minha casa há uma ameixoeira que todos os invernos parece que vai morrer, sem folhas e com ramos escuros aparentemente podres. Este domingo, indiferentes à chuva e ao vento que podiam ter estragado o fim de semana de qualquer espécie animal diferente do pato (na outra casa onde eu morava, de cada vez que chovia uma família de patos saía da capoeira para fazer a festa nas poças e ajudava-me a por as coisas em perspectiva), uma florzinhas brancas anunciavam a primavera e ameixas vermelhas grátis. Assim é impossível ficar pessimista com a vida. E se Vítor Jorge, o mata-sete, conseguiu reconstruir a vida – na Córsega, é verdade, porque perdoar não é o mesmo que esquecer - porque é que um ex-satânico ainda jovem não há há de conseguir? Ou de pelo menos merecer uma segunda oportunidade? Justiça não é vingança. Até Angola parece disposta a engolir a ofensa de a justiça portuguesa ter acusado vice-presidente do país, Manuel Vicente, suspeito de ter corrompido um magistrado português. E afinal, vai desistir de desistir de convidar o primeiro-ministro-português, António Costa e o presiddente Marcelo para visitar Angola. A vida, como o clima em março, tende sempre a melhorar. E nós estamos a evoluir.
Há mais de quarenta anos, o primeiro-ministro Pinheiro de Azevedo saía da Assembleia da República debaixo de um coro de insultos de operários grevistas para os quais quem não era comunista era “fascista”. O primeiro-ministro que não tinha medo e fervia em pouca água disparou um clássico: ”Bardamerda para o fascista.” Ontem de madrugada, o sobrinho-neto do almirante foi reeleito presidente do Sporting com mais de 80 por cento dos votos e quis prestar uma homenagem à memória familiar: “Bardamerda para quem não é do Sporting Clube de Portugal”, rematou Bruno de Carvalho numa comovente demonstração de tolerância clubística. Deve ser só fumaça.
No resto do mundo do desporto a normalidade também imperou: o Benfica ganhou ao Feirense no Estádio Marcolino de Castro e os adeptos encarnados destruíram uma vedação, lançaram tochas para o relvado e uma cadeira que arrancaram da bancada contra o guarda-redes adversário, Vaná, que por sua vez falhou a cabeça de um bombeiro por pouco quando decidiu devolver o objeto. Um fotógrafo ficou ferido com gravidade, teve de ser internado no hospital e hoje diz ao jornal A Bola que não consegue “andar”. A boa notícia é que ninguém morreu.
O FC Porto goleou o Nacional da Madeira por 7-0 e está nos calcanhares do Benfica, a um ponto de distância. O Sporting voltou ao dia da marmota e empatou em casa com o Vitória, obrigando o novo presidente a um pedido sincero de desculpas às bancadas. Faltam dez finais para o fim do campeonato.
No desporto mais a sério, Nelson Évora ganhou a medalha de ouro no triplo salto dos europeus de atletismo de Belgrado e Patrícia Mamona a de prata na mesma disciplina. Não houve tochas e o presidente Marcelo Rebelo de Sousa já felicitou os atletas. Mas não deve chegar para a comenda.
OUTRAS
NOTÍCIAS
Carlos
Costa mantem-se como governador do Banco de Portugal resistente como uma
ameixoeira à chuva de revelações da excelente reportagem da SIC, “Assalto ao
Castelo”, que pode ver ou rever aqui. A conclusão é que o Banco de Portugal foi informado
de várias irregularidades por funcionários da própria instituição e não tomou
medidas atempadamente, levando a graves prejuízos de clientes e investidores do
banco. Onde é que já ouvimos isto?
Prossegue o julgamento do caso Vistos Gold, que envolve, entre outros, o ex-diretor do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras, Jarmela Palos; o ex-ministro Miguel Macedo e o ex-diretor dos Registos e Notariado, António Figueiredo. São acusados de montar um esquema de favorecimento na obtenção de vistos. Uma espécie de clube de amigos do ministro Macedo. A velha cunha já é crime. E é o próprio Estado que está em julgamento neste caso.
Cantinho do Trump: o presidente eleito dos Estados Unidos escreveu no Twiter que descobriu este fim de semana que o seu antecessor, Barack Obama, o pôs sob escuta durante a campanha eleitoral. Não apresentou provas ou indícios mas disse estar a ser vítima de um novo McCarthismo. Obama já negou tudo. O Congresso irá, a pedido do presidente, investigar o caso. Ou não.
Prossegue o julgamento do caso Vistos Gold, que envolve, entre outros, o ex-diretor do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras, Jarmela Palos; o ex-ministro Miguel Macedo e o ex-diretor dos Registos e Notariado, António Figueiredo. São acusados de montar um esquema de favorecimento na obtenção de vistos. Uma espécie de clube de amigos do ministro Macedo. A velha cunha já é crime. E é o próprio Estado que está em julgamento neste caso.
Cantinho do Trump: o presidente eleito dos Estados Unidos escreveu no Twiter que descobriu este fim de semana que o seu antecessor, Barack Obama, o pôs sob escuta durante a campanha eleitoral. Não apresentou provas ou indícios mas disse estar a ser vítima de um novo McCarthismo. Obama já negou tudo. O Congresso irá, a pedido do presidente, investigar o caso. Ou não.
François
Fillon, candidato da direita às presidenciais em França, pediu ontem
desculpa num comício por ter dado emprego à mulher e ao filho com dinheiro
do Estado quando era deputado. Assumiu o “erro” mas disse estar a ser vítima de um atentado político
e apelou a manifestações contra a justiça. As eleições são a 23 de abril e
Marine Le Pen, da extrema-direita, também a braços com um caso judicial, segue
na frente das sondagens.
Hoje,
às 21h30, o cinema Nimas, em Lisboa, pelas 21h30, exibe uma versão em 35 mm da
obra-prima de Luis Buñuel “A Bela de Dia”. A história de uma mulher rica e
feliz que se prostitui porque não consegue realizar as fantasias eróticas com o
marido de quem gosta, mas não ama.
O QUE EU ANDO A LER
O QUE EU ANDO A LER
“Quando
Perdes Tudo Não Tens Pressa de Ir a Lado Nenhum”, de Dulce Garcia. O texto
é tão inspirado como o título do livro e a vantagem de ser amigo da autora é
que posso imaginar a voz e o riso dela a relatar a vida confusa da
protagonista, perdida no tempo e num aeroporto. Tal como a personagem, às vezes
também só queria “esquecer os maus momentos”. Raramente consigo. Grande livro.
Mas ainda não acabei.
A
espetacular história de um príncipe bastardo que tem de lutar contra a própria
rainha para defender o país dos inimigos estrangeiros. O seu maior aliado é um
génio militar fanático religioso que ouve duas missas por dia e tem os irmãos
no lado do inimigo. Há batalhas, traições e, claro, algum sexo. Não estou a
falar da temporada VII de “A Guerra dos Tronos” (quando meu Deus, quando?) mas
de “Aljubarrota” livro de Luís Miguel Duarte que o Expresso ofereceu e só agora
li. Tal como a Dulce, “soubesse eu escrever e isto dava uma grande história”.
O
que ando a ver: A exposição Graça Morais na Fundação Champalimaud, em
Lisboa. Grande parte das obras são da coleção de José Paço de Arcos e inclui trabalhos
recentes. Destaco duas obras dedicadas à eleição Trump e “Raiva”, que ainda
estou a digerir.
O
que ando a ouvir: o Festival da Canção. Deve ser da idade mas começo a ficar
nostálgico. O espetáculo foi foleiro como deve ser, as canções, como sempre,
podiam ser melhores, mas a que ganhou – “Amar Pelos Dois”, de Salvador Sobral é
mesmo boa. Tojó, esta é para ti.
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