segunda-feira, 26 de fevereiro de 2018

Cidadãos de Hong Kong procuram vacinas contra a gripe em clínicas privadas de Macau


Pelo menos duas clínicas privadas do território foram procuradas por residentes de Hong Kong durante o período do Ano Novo Lunar para administração da vacina contra a gripe, avançou o South China Morning Post. Com mais de 230 mortes registadas desde o início oficial da época da gripe, a RAEHK apresenta actualmente uma procura maior do que a oferta. Segundo o diário, as clínicas privadas de Macau também não disponibilizaram doses aos cidadãos de Hong Kong. 

A escassez de vacinas contra a gripe na vizinha Região Administrativa Especial trouxe os cidadãos de Hong Kong a Macau em busca de uma injecção, depois de as autoridades de saúde terem lançado um alerta para a possibilidade de um aumento do surto esta semana com o regresso das crianças à escola. Pelo menos duas clínicas privadas de Macau foram abordadas sobre a administração de vacinas por cidadãos de Hong Kong durante o período do Ano Novo Lunar, que não tinham disponíveis doses da vacina também por falta das mesmas no território, avançou o South China Morning Post (SCMP).

Foi o deputado Chan Iek Lap que disse ao diário de Hong Kong que um familiar seu procurou, em Macau, “duas ou três doses”, mas sem sucesso. “A minha prima de Hong Kong pediu-me ajuda por causa da escassez de vacinas da gripe em Hong Kong este ano. Mas ela acabou por não conseguir adquirir qualquer vacina, uma vez que as clínicas privadas não podem encomendar doses extra”, afirmou o também presidente da Associação Chinesa dos Profissionais de Medicina de Macau e consultor médico dos Kaifong, citado pelo SCMP, que aponta que os exemplos realçam a falta das vacinas na região.

Um total de nove clínicas de Macau referiram ao SCMP que não têm o material em ‘stock’, outra indicou que não tem desde o final de Janeiro último. O Macau Yinkui Hospital é uma das instalações médicas privadas de Macau que disponibiliza vacinas de prevenção contra a gripe. Contactado pelo PONTO FINAL, Jorge Humberto, ali pediatra, disse não ter informação sobre a procura de vacinas por parte de residentes de Hong Kong, porém assegurou que a vacina está disponível “para toda a gente que necessite e a queira administrar”.

Já os Serviços de Saúde não avançaram o número de doses de vacinas contra a gripe encomendadas por clínicas privadas do território. O porta-voz do organismo explicou que são “as próprias clínicas privadas que fazem a gestão” das doses encomendadas.
“Vacinas para a gripe que os Serviços de Saúde encomendam destinam-se única e exclusivamente aos residentes e são administradas ou vacinadas nos centros de saúde e nos hospitais. (…) Se algumas instituições privadas as têm são adquiridas por elas, não são pelos Serviços de Saúde”, disse o porta-voz, Vítor Moutinho, ao PONTO FINAL.

“Os Serviços de Saúde normalmente fazem uma campanha de vacinação e depois [a sua administração] abre à população em geral, primeiro ao grupos de risco – particularmente às crianças e depois aos idosos. Depois abre à demais população residente interessada em vacinar-se. Nessa altura, também os hospitais privados, neste caso o hospital da MUST e o Hospital Kiang Wu, também disponibilizam essas vacinas”, frisou.

O Governo de Macau adquiriu até ao momento, 165 mil vacinas – 120 mil numa primeira fase e 45 mil numa segunda fase. Questionado sobre o número de vacinas, encomendadas pelo Governo, ainda disponíveis, o porta-voz dos Serviços de Saúde garantiu que “não há razões para alarme; existem em número suficiente para a população interessada em ser vacinada”.

Os médicos privados de Hong Kong queixam-se da escassez do produto desde há cerca de dois meses, ainda que o Governo tenha advertido os residentes a recorrerem à vacinação como precaução contra a gripe, que se tem vindo a alastrar violentamente pelo território. Entre o início oficial da época da gripe, a 7 de Janeiro, e a última quinta-feira, já perderam a vida duas crianças e 234 adultos – dos quais a maioria idosos –, adianta o SCMP.

A Medical Association, o maior grupo de médicos de Hong Kong, considera que o Governo não mostrou o alerta ou a eficácia adequados no planeamento do surto da gripe, o que “levou à subestimação grave, que agora se verifica, de necessidade de vacinas para a gripe”.

O SCMP estabelece ainda o paralelismo entre Macau e Hong Kong no que diz respeito à vacinação de crianças: a RAEM disponibiliza gratuitamente vacinas contra a gripe em todas as escolas primárias e creches; na RAEHK, as crianças têm de se deslocar a clínicas privadas para receber a dose, subsidiada ou grátis.

Joana Figueira | Ponto Final

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