segunda-feira, 24 de abril de 2023

Angola | CONFISSÕES DO FAXINA DE MOBUTU – Artur Queiroz

Artur Queiroz*, Luanda 

Rafael Massanga Savimbi é filho do criminoso de guerra Jonas Malheiro Sidónio que adoptou o pseudónimo de Savimbi (pai da morte, cadáver). Todos gostaram muito do acrescento ao nome de baptismo mas isso é lá com eles. O rebento publicou um texto onde recorda o seu primo agora falecido e ao qual chama “Araújo Savimbi Pena”. Mas o defunto assinava Araújo Kacyke Pena. 

O texto é muito importante porque Rafael revela este relato do seu primo Kacyke: “depois de alguns dias de relativa acalmia na base onde se encontravam, as unidades das Forças do Governo atacaram-lhes de surpresa e o tiroteio se fazia exactamente em direção aos aposentos provisórios do Pai e na azáfama tudo o que conseguiu foi dizer: Oh Pai parta agora daqui….Oh Malan tirem o Pai daqui…… e ainda viu o Pai a correr evacuado e protegido pelo seu reduto de guarda-costas que lhe foram fiéis até a morte”.

O Rafael Massanga ainda não sabe que as “Forças do Governo” eram duas instituições nacionais que têm a responsabilidade de garantir a defesa e segurança dos angolanos: Polícia Nacional e Forças Armadas Angolanas. Ficava-lhe bem nomeá-las. Quanto mais não seja para provar que é angolano e já nada tem a ver com aas forças estrangeiras que o criminoso de guerra Jonas Savimbi serviu, nomeadamente os racistas da África do Sul.

O primo do defunto que ainda não conhece a Polícia Nacional e as Forças Armadas Angolanas revela mais um pormenor importantíssimo citando o defunto Araújo Kacyke Pena, quando as forças nacionais de defesa e segurança atacaram o covil da rebelião armada:

 “Na refrega do fogo cruzado a tentar salvar um dos últimos telefones satélites, Kacyke cai e é capturado juntamente outros companheiros por homens sob o comando de um oficial de nome “ Valentía” que tinha sua fotografia em mãos (sinal de que o oficial dispunha de informação classificada e actualizada do teatro onde estava a operar). Feito prisioneiro, foi interrogado vezes sem conta para ver se sabia do paradeiro do tio, e de forma corajosa como nos filmes, respondeu firmemente que há muitos meses que não tinha visto seu tio”.

Kacyke foi ferido e feito prisioneiro. As forças de segurança salvaram-no. Como salvaram tantos outros. Um deles, Abel Chivukuvuku, estava gravemente ferido. Corria o risco de perder uma perna. Ficou inteiro e está vivo. Mas já se esqueceu dos seus salvadores. Ou Alcides Sakala que estava moribundo na mata e foi salvo pelas FAA. Também já esqueceu os seus salvadores e continua traidor como sempre.

Rafael considera o defunto primo como “unificador e conciliador, Kacyke tinha a paciência de gerir os equilíbrios necessários e dizia sempre: Epata ocumba, civokiya ko ocisola: O que fortifica os laços familiares não é somente a consanguinidade, mas sobretudo a amizade e o amor”. Só por isto Araújo Kacyke Pena merece respeito. Espero que antes de morrer tenha dedicado um pensamento aos que no dia 5 de Fevereiro de 2002 o salvaram. O trataram com humanidade. O integraram no regime democrático, apesar de ter andado aos tiros contra a democracia, ao lado do tio criminoso de guerra.

Se Kacyke teve tempo para pensar antes do último suspiro, seguramente pensou assim: Ise yae wevala tjyosi tjyale, okwatela ohenda omol’ae, walingile ukwambambemiloka: “O pai esqueceu todo o passado, compadecendo-se do filho, que fora infiel”. Repousa em paz. Estás perdoado, apesar das infidelidades e de teres empunhado armas contra a Pátria Angolana.

O falecimento deste sobrinho do criminoso de guerra Jonas Savimbi também tirou do covil Paulo Lukamba Gato que tal como o chefe e mentor é também um traidor nato. Até se trai a ele próprio. Este subproduto savimbista escreveu um texto elogioso sobre o defunto Kacyke. E revelou isto: “Conheci o cda Kacyke em 1976 quando regressamos da República do Zaïre, para onde eu e os cdas Samuel Chivukuvuku e Jeremias Constantino Paulo, tínhamos sido transferidos como ‘Adidos militares ’, junto das autoridades daquele país e dos americanos”.

Já se esqueceu que a UNITA “lutava pela democracia”. Por isso revelou que era “adido militar” junto do ditador Mobutu que fez correr rios de sangue em Angola para refazer o “Grande Zaire” roubando as províncias de Cabinda, Uíge e Zaire. O Paulo Lukamba Gato fazia faxina ao matador de angolanos. E ficámos a saber que os EUA estavam ao lado do ditador no comando das acções terroristas contra Angola. Informem o Presidente João Lourenço.

Paulo Lukamba Gato também revela que o defunto Kacyke era um “bon vivant”, vestia bem e conduzia sem carta em Paris. Depois tornou-se o braço direito do “mais velho Savimbi”. Belo currículo. O Rafael Massanga é mais ousado e diz no seu arrazoado crivado de erros ortográficos: “Mano Kacyke, acredite que venceremos e que neste dia cantaremos todos (vivos e mortos) que há vitória p’ra nós!” Se os mortos cantarem vitória, não há perigo. 

Perigoso é um político angolano com ambições dizer que Salupeto Pena esteve na “luta política por dias melhores para Angola”. O rebento de Savimbi ainda não sabe que o seu primo Salupeto comandou um golpe de estado armado em Luanda causando a morte de centenas de civis inocentes. Cá para mim o Rafael tem a memória morta.

A luta contra a corrupção e a impunidade tem sido feita sem os juízes das liberdades e garantias. Tem estado tudo na mão de Hélder Pita Grós, uma espécie de catavento tresloucado. Já anunciou que deixa o tacho porque atingiu o limite de idade. Que fica porque o Presidente João Lourenço precisa muto dele. Que sai porque estão a persegui-lo e a atentar contra a sua honra. E finalmente fica porque fica. Estes truques palacianos na Procuradoria-Geral da República destroem a credibilidade do Poder Judicial. Não fica pedra sobre pedra. Mas pelos vistos o objectivo é esse.

O combate à impunidade tem de chegar urgentemente aos corruptos que mancham as magistraturas. Porque não respeitar as Leis é corrupção. Violar a separação de poderes é corrupção e gravíssima porque destrói a confiança na Justiça. Prender sem o controlo do juiz das liberdades é corrupção pura e dura. Julgar e condenar por encomenda é corrupção. O negócio da compra e venda de sentenças é corrupção. Um dia todos vão prestar contas à Justiça. E tenham cuidado porque os injustiçados de hoje podem ser os juízes de amanhã. Se forem prepotentes, abusadores e violadores dos direitos, liberdades e garantias até os motoristas do Carrinho vão gozar o prémio Forbes na penitenciária de Viana!

* Jornalista

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