segunda-feira, 24 de abril de 2023

Portugal | ONDE ESTÁS APÓS 25 DE ABRIL DE 1974? À ESPERA DA NOVA REVOLUÇÃO!

CRAVO MURCHO, CRAVO MURCHO, DIZ-NOS QUANDO FLORESCES E DEIXAS DE SER EFÉMERO

A 24 de Abril de 1974 o tio Balsemão de Bilderberg Impresa estava a esfregar as mãos num prédio de Lisboa, ali ao Marquês de Pombal, na Rua Duque de Palmela com a Rua Castilho. Era Abril mas estava friote (fresco, como sói dizer-se em português do bom e do melhor). 

O salazarismo-nazi-fascista ia cair sobre o padrinho do atual presidente da República Marcelo Rebelo de Sousa, um tal professor Marcelo Caetano das “conversas em família” que objetivava perdurar a ditadura fascista e empatar a revolução e a liberdade democrática. Tio Balsemão e os Marcelos tudo farinha do mesmo saco. Os enfarinhados começaram a aparecer muito democráticos e a botar faladura, dizendo-se regozijados pelo derrube do salazarismo fascista dos 48 anos transactos. Balelas. Esses eram onde estavam no 25 de Abril de 1974, pendurados e expectantes para tomar o poder e travar a revolução. Conseguiram, ao longo de quase 50 anos a vitória foi certa… Assim é cada vez mais na atualidade. Portugal ruma repelentemente cada vez mais à direita nazi-fascista.

Tendo por engodo o engano, esses tais que  conseguiram vindo até aos dias de hoje avacalhando a democracia a seu modo e conveniências, apertando os gasganetes à democracia de facto e popular, ao poder popular, locupletando-se com o poder usando argumentos maviosos carregados da palavra povo mas pensando em escravos que lhes garantissem e garantem a obesidade das suas contas bancárias, dos bens adquiridos por via de negociatas dúbias, de corrupções, de roubos consentidos. Eles são os imoralmente muito ricos e ultra ricos, o povo de então - como o de antes - e de agora são os pobres, os trabalhadores, os emigrantes, os despojados das riquezas que produzem para usufruto de somente uns quantos sem-vergonha e sem um pingo de humanidade distribuírem por entre eles, um grupo restrito. Democracia? Que democracia? Desigualdades gritantes, exploração esclavagista, mentiras às toneladas, propalação de ilusões etc, etc. Desonestidades permanentes e revoltantes que nos conduzem a concluir como logo após meses do 25 de Abril de 1974 passamos a ficar de plantão à espera da nova revolução.

A seguir o Curto do tio Balsemão Bilderberg Impresa, um entre uns quantos “democratas” saídos do ninho da contenção à liberdade, justiça e democracia de facto a que em Portugal e no mundo os povos anseiam mas de que se esquecem ou não sabem por isso lutar. É o que está à vista por todo o mundo e em Portugal também. Por isso aqui se exclama por vezes: “abram os olhos mulas!” Porque são as mulas que carregam o peso do mundo na totalidade. Como na totalidade esperam a nova revolução.

O Curto. Vá ler. Do mal o menos.

MM | PG

Então, onde é que tu estavas a 24 de Abril?

Pedro Candeias, editor de sociedade  | Expresso (curto)

(Antes de mais, um convite: na próxima quarta-feira, às 14h00, teremos Daniel Oliveira e João Vieira Pereira prontos para conversar consigo sobre os discursos do 25 de Abril - os de Marcelo e dos partidos, mas também o de Lula da Silva, que vai ao Parlamento (com a polémica de que temos falado). Junte-se à Conversa, basta inscrever-se aqui.)

À falta de ideia melhor, perguntei ao ChatGPT onde é que ele estava a 24 de abril de 1974, esperando que ele me respondesse poeticamente “na Pontinha”. Só que a máquina disse-me que era um modelo de linguagem de Inteligência Artificial e que por isso não existia nessa data; todavia, e apesar das reconhecidas limitações, o ChatGPT assegurou-me depois que o 25 de Abril era uma data importante para Portugal, pois marcava o fim do Estado Novo e o início da democracia.

Embalado, perguntei-lhe então o que achava da viagem de Lula da Silva a Portugal num contexto de celebrações de Abril. O bot reconheceu a polémica, mas não a especificou. Dou uma ajuda: o presidente brasileiro tem pontos de vista relativamente ambíguos sobre a Guerra na Ucrânia, ora condenando as posições europeia e americana, ora condenando a invasão russa. Para alguns partidos portugueses e opinadores, tê-lo no Parlamento no dia 25 de Abril é um ataque à democracia; para outros, nem por isso. As autoridades temem manifestações de extremismos no dia da Liberdade, mas até lá Lula ainda tem a agenda de hoje para cumprir.

Fiquei satisfeito com o ChatGPT, mas desconfiado dos seus limites enciclopédicos, até porque às tantas escreveu, com certeza algorítmica, que a frase icónica popularizada por Herman José na rábula sobre Batista-Bastos e o 25 de Abril foi: “Ó Manel, tens cá disto?”.

Não podendo obviamente saber de tudo sobre o nosso folclore, questionei-o ainda assim sobre a data de fundação do PS, ao que ele escreveu “o partido fez 50 anos em 2021”, porque foi criado a “19 de abril de 1971”. Acertou no dia, falhou no ano, espalhou-se nas celebrações socialistas e condicionou-me pela segunda vez o arranque desta newsletter que se propõe a elencar a atualidade.

A verdade é que o PS fez 50 anos este ano e a semana que passou foi de festividades, concluídas este domingo no Pavilhão Rosa Mota/Super Bock Arena, no Porto. Está aqui um resumo do dia: muitos e ruidosos protestos fora do recinto a pedir contas ao Governo e as evasivas de Ana Catarina Mendes; os elogios de Pedro Sanchez; os avisos de peito cheio de António Costa à oposição, que “não chega” para o PS, e a quem pede a execução do PRR, que não “é para fazer num ano”, mas “em quatro”; a “Cabritinha” de Quim Barreiros e os trocadilhos com moluscos de Rui Reininho, uma dupla musical improvável.

E também houve a entrevista do primeiro-ministro à RTP, em que este fugiu ao #parecergate da TAP e recusou truques eleitoralistas no aumento das pensões; afirmou que a “estabilidade” é mais importante agora do que há um ano; pediu responsabilidade ao PSD, acusando-o de estar a “degradar” o debate político; e elogiou Pedro Nuno Santos, “um dos grandes quadros do PS”. Sobre isto, testei rapidamente o ChatGPT: “‘Mantém os amigos perto e os inimigos mais perto ainda’ é uma frase de Sun Tzu do livro ‘A Arte da Guerra’”.

Nada a dizer.

OUTRAS NOTÍCIAS

Agora, sem algoritmos:

Ensino. O braço de ferro entre os professores e o Governo chega agora a uma nova etapa: há um abaixo-assinado a circular a defender a generalização da “desobediência” aos “serviços mínimos” decretados para as greves de 26, 27 e 28 de abril. São já mais de três mil os signatários que acusam o ministério da Educação de “usar e abusar” dos “serviços mínimos”, “reduzindo as greves a uma expressão mínima”.

Religião. O calendário diz-nos que nesta segunda-feira ficam a faltar 99 dias até ao arranque das Jornadas Mundiais de Juventude – e este artigo diz-nos que faltam 10 mil voluntários, um plano para os transportes e para a alimentação.

Seita. As autoridades do Quénia já encontraram 21 corpos de pessoas que terão morrido à fome depois de se submeterem a um jejum prolongado. Segundo os investigadores, fariam parte de uma seita chamada Igreja Internacional das Boas Notícias, que instiga a esta prática como forma de chegar a Jesus Cristo. Entre os mortos descobertos em sepulturas foram identificadas crianças.

Conflito. Há uma luta pelo poder no Sudão entre dois generais que está a provocar centenas de mortos e a retirada de vários cidadãos estrangeiros, entre os quais, mais de uma dezena de portugueses retidos em Cartum, a capital.

Futebol. O Benfica ganhou ao Estoril (1-0) com um golo de Otamendi e repôs a vantagem de quatro pontos sobre o FC Porto que batera na véspera o Paços de Ferreira (2-0). O Sporting joga esta segunda-feira contra o Vitória de Guimarães, no Minho.

FRASES

“O Presidente da República não tem que fazer ameaças, tem o poder de dissolução [da Assembleia da República], se quer dissolver, dissolve”, Manuel Alegre na festa dos 50 anos do Partido Socialista

“A verdadeira razão para o aumento de reformas é que o Governo está preocupado com um cenário de eleições antecipadas, e deve estar” Marques Mendes, na SICN

“Não dizer nada sobre as trapalhadas dos ministros e fazer de conta que a TAP não é nada com ele [com António Costa] mostra arrogância e desprezo pelo dinheiro das pessoas” Luís Montenegro, líder do PSD

“Trump já disse que um segundo mandato seria de ‘retaliação’. E iria usar a presidência como forma de vingança pessoal”, Susan Glasser, jornalista e coautora do livro “The Divider”

O QUE ANDO A VER

“Great Yarmouth - Provisional Figures”, de Marco Martins

- Já olhaste bem para ti? Achas que alguém quer alguma coisa contigo? Sabes como é que eles te chamam?

Os projetos de vida de Tânia acabam destruídos em poucos segundos, numa conversa de vão de escada, ao lado de um caixote do lixo. Queria enganar quem a explorou, deixar o sangue e o cheiro a merda dos perus, fugir daquela vida com o novo amor a quem se tinha entregado, mas acabará por voltar ao mesmo lugar e às mesmas pessoas, provavelmente até ao mesmo marido, com o rosto e o corpo ainda mais marcados pela violência. Tânia não conseguiu escapar de Great Yarmouth: de madrugada lá está ela no parque de estacionamento, à espera da nova remessa de imigrantes portugueses que chega na carrinha dos ingleses, que “não gostam de ninguém”, que tratam os “tugas” por “porco e queijo” e que os arrumam num hotel ilegal, decrépito e nauseabundo durante a noite para os encaminhar para o abate de aves na manhã seguinte.

“Great Yarmouth”, de Marco Martins, é um filme-documentário baseado em vários relatos da comunidade portuguesa de imigrantes naquele lugar de Inglaterra. Tem em Tânia (Beatriz Bartada) a personagem principal, uma espécie de ‘oficial de ligação’ entre os patrões e as máfias e os trabalhadores, que tenta equilibrar-se num jogo de favores impossível de prolongar no tempo. Mais cedo ou mais tarde, os ingleses vão perceber o esquema que montou com Raúl (Romeu Runa) e que há dinheiro que falta e alguém terá de pagar por isso.

Como em “São Jorge”, há uma preocupação em denunciar a desigualdade, em desconstruir a teoria do elevador social, em mostrar a desumanidade, com longos planos e planos próximos tecnicamente irrepreensíveis e o uso de figurantes reais. E tal como em “São Jorge”, há uma câmara que persegue o ator e coleciona todas as suas angústias e tiques, e que potencia o trabalho camaleónico de Beatriz Batarda numa transformação física e emocional extraordinária. Mas tal como em “São Jorge”, o que fica por dizer nos diálogos e em alguns saltos narrativos, talvez pudesse ser preenchido com texto.

PODCASTS A NÃO PERDER

Aqui vão as escolhas da equipa de multimédia:

Lula: Presidente do "país irmão" com agenda desalinhada Depois de quatro anos de presidência de Jair Bolsonaro, Lula chega a Lisboa numa importante viagem de Estado. Ainda assim, levantam-se algumas questões com esta visita: o timing do discurso do atual presidente brasileiro no Parlamento português e ainda as recentes declarações feitas na China contra a Ucrânia deixaram fragilizadas as posições dos dois países e a respetiva diplomacia. O Expresso da Meia-Noite é um debate semanal com quatro convidados sobre um grande tema da atualidade, num programa feito em colaboração entre a SIC Notícias e o semanário Expresso.

IVA zero, rabos ao léu e o parecer que nunca existiu O governo recusou-se a entregar ao Parlamento o parecer com a fundamentação para despedir os mais altos responsáveis pela TAP, mas entretanto lembrou-se de que o parecer que não queria entregar afinal não existe. A despesa estrutural do Estado não podia aumentar, mas afinal vai haver um aumento extraordinário de pensões, que há-de permanecer para o futuro. E a eliminação do IVA em certos produtos alimentares, que era uma péssima ideia, segundo o ministro das Finanças, entrou esta semana em vigor. Tudo isto na semana em que o PS completou meio século de existência, António Costa retirou a José Sócrates a medalha de pioneiro das maiorias absolutas à esquerda e um grupo de ativistas, num protesto climático, baixou as calças durante a festa de anos socialista. O clima não está fácil no “Programa Cujo Nome Estamos Legalmente Impedidos de Dizer”.

A mentira como arma e o racismo estrutural de Ventura e... dos portugueses. Oiça aqui o último episódio de "Entre Deus e o Diabo" No 7.º e último episódio do podcast “Entre Deus e o Diabo”, três investigadoras universitárias desmontam os argumentos de André Ventura em relação à imigração: a criminalidade baixou, os estrangeiros não roubam empregos e a Segurança Social lucra. Duas vozes autorizadas da Igreja explicam como Ventura contraria as posições de vários Papas. E ainda: como o Chega potenciou o racismo nas polícias, como a mentira rende mesmo quando é detetada, e como a direita moderada é a mais vulnerável à direita radical.

Por hoje é tudo.

Tenha um bom dia e amanhã celebre a Liberdade.

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