domingo, 20 de janeiro de 2013

Cabo Verde: Há défice de conhecimento entre os mais novos, historiador Daniel Pereira




JSD – VM - Lusa

Cidade da Praia, 20 jan (Lusa) - O historiador cabo-verdiano Daniel Pereira apelou hoje aos cabo-verdianos para uma "atitude de maior nacionalismo", ensinando aos mais novos a história dos seus heróis por acreditar que há um défice de conhecimento de Amílcar Cabral.

Daniel Pereira, ao intervir no Fórum Amílcar Cabral, que decorre desde sexta-feira e hoje termina na Cidade da Praia, referia-se ao facto de os currículos escolares "pouco dizerem" sobre as várias facetas do líder nacionalista da Guiné-Bissau e Cabo Verde.

Segundo o historiador, discursando perante uma plateia de "notáveis" mas também, e sobretudo, de estudantes universitários e do secundário, Cabral, assassinado em Conacri em circunstâncias nunca apuradas faz hoje 40 anos, foi um homem que escolheu um caminho "duro" para fazer a sua história, distanciando-se do facilitismo.

"Há homens que marcam a história pelo cunho, estilo e presença incomparável. Cabral foi um desses homens raros, cuja vida e ação modificaram o curso da história, considerando o período e as condições particulares nas quais interveio", destacou.

Amílcar Cabral, segundo Daniel Pereira, conseguiu condensar e sintetizar, numa determinada época, os sentimentos de toda a sua comunidade e os transformar em convicções, que acabaram por ser levadas à prática pela grande maioria da população.

Patriota e nacionalista convicto, a ligação à sua pátria era, para o conferencista, um "sentimento chave" que impediu que o herói nacional aceitasse a situação de degradação dos povos, por que lutava, de desprezo da sua história e da sua cultura.

"Essa recusa de submissão fê-lo lutar e vencer todas as adversidades. E porque estava firmemente convencido da justiça da sua causa, conseguiu comunicar a muitos uma dinâmica de coragem, certo de estar ao lado da justiça", frisou.

Para o historiador, Amílcar Cabral preparou as populações para a batalha inevitável contra o colonialismo português, despertou, nas consciências, a memória de séculos de servidão, colocando os objetivos supremos da luta acima de tudo e bateu-se pelas independências da Guiné-Bissau e de Cabo Verde.

"Como diplomata fino que foi, Cabral conseguiu, através da condução da política externa, diversificar os seus contactos e alianças de maneira a gerir a sua autonomia e independência face aos aliados naturais e tradicionais, procurando ser coerente e perseverante no respeitante aos seus nobres interesses políticos", sustentou.

Amílcar Cabral, explicou, era conhecido como um homem de Estado de grande envergadura e como um estratega político de ampla visão prospetiva.

O fórum, subordinado ao tema "Por Cabral, Sempre", congrega conferencistas de Portugal, Cabo Verde, Angola, Brasil, Canadá, Finlândia, Itália, Guiné-Bissau e Senegal e termina hoje, dia dos Heróis Nacionais, data que assinala o dia do assassínio do "pai" das independências da Guiné-Bissau e Cabo Verde.

O encerramento, presidido pelo primeiro-ministro, José Maria Neves, realiza-se ao princípio da noite, numa cerimónia marcada por uma homenagem a Cabral.

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