Jornal i - Lusa - foto Manuel Vicente
O coordenador
nacional do BE, João Semedo, disse hoje, no Funchal, que as estimativas
económicas, designadamente do FMI para Portugal, são "um balde de água
fria" para o Governo da República, tendo defendido a sua demissão.
"Todas as
previsões feitas seja por quem for e nomeadamente as últimas do Banco Portugal
são muito más noticias para o Governo, são um balde de água fria, desmentem o
otimismo fantasioso do primeiro-ministro", disse.
O Fundo Monetário
Internacional (FMI) estima que Portugal falhe por 0,25 pontos percentuais a
meta do défice orçamental de 5% do PIB para 2012, reviu também em baixa a
previsão de crescimento económico para Portugal em 2014 para 0,8% e advertiu
que os riscos de revisão em baixa para 2013 são significativos.
À margem de uma
conferência no Funchal promovida pelo BE-M, João Semedo salientou que "a
austeridade que se impôs aos portugueses é recessiva porque a recessão impõe
mais austeridade".
O coordenador
nacional avisou que "se 2012 foi um ano de muitos sacrifícios e de muitas
dificuldades, 2013 vai ser um ano ainda mais difícil pelo enorme aumento de
impostos".
"O Governo tem
feito uma campanha intensa contra o Estado social, é uma campanha de mentiras e
de falsificações, o Estado social não é caro, não é gigante, não é ineficaz e
não é um luxo, bem pelo contrário", considerou.
E especificou:
"Nós temos os melhores serviços de educação públicos, o melhor serviço
nacional de saúde e, quer a despesa pública em saúde, quer a despesa pública
com a educação são abaixo da média da União Europeia e, por outro lado, quando
se fala dos salários dos trabalhadores da função pública é preciso dizer que o
peso é 10,4 do PIB [Produto Interno Bruto], muito abaixo da média europeia. Na
Dinamarca é 18,4 por cento do PIB".
Realçou ainda que o
BE tem apresentado "muitas propostas para melhorar, para modernizar os
serviços públicos e o Estado social mas nós não confundimos o progresso e a
modernização do Estado social com a sua destruição".
João Semedo
defendeu mais uma vez ser necessário "romper e renunciar ao acordo com a
'troika'".
"A única
medida que nós conhecemos que não é recessiva é cortar os juros que pagamos à
'troika', é cortar nos juros que pagamos aos credores e é renegociara a divida,
só assim o país poderá sair da crise", contrapôs.
Sobre a posição dos
socialistas nesta conjuntura, João Semedo considerou que "o PS faz um
equilíbrio político muito difícil, tem um pé na oposição e tem um pé no
memorando da 'troika'".
"Temos
verificado que relativamente a muitas propostas que temos apresentado no
sentido da convergência e da ação comum, o PS tende a fugir da esquerda. Isso
não é bom para resolver os problemas do país, não é bom para superar a crise
política em que o país se encontra", concluiu.
No relatório sobre
a sexta avaliação do Programa de Assistência Económica e Financeira a Portugal
realizado no final do ano passado e divulgado sexta-feira, o FMI deu conta da
sua estimativa ao Governo, mas as autoridades nacionais garantiram que as
limitações na execução da despesa que foram impostas em setembro iam permitir
cumprir a meta, já de si revista face à meta inicial de 4,5% do Produto Interno
Bruto (PIB).
O FMI reviu também
em baixa a previsão de crescimento económico para Portugal em 2014 para 0,8% e
advertiu que os riscos de revisão em baixa para 2013 são significativos.
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