domingo, 20 de janeiro de 2013

Estimativas económicas para Portugal são "balde de água fria" para o governo




Jornal i - Lusa - foto Manuel Vicente

O coordenador nacional do BE, João Semedo, disse hoje, no Funchal, que as estimativas económicas, designadamente do FMI para Portugal, são "um balde de água fria" para o Governo da República, tendo defendido a sua demissão.

"Todas as previsões feitas seja por quem for e nomeadamente as últimas do Banco Portugal são muito más noticias para o Governo, são um balde de água fria, desmentem o otimismo fantasioso do primeiro-ministro", disse.

O Fundo Monetário Internacional (FMI) estima que Portugal falhe por 0,25 pontos percentuais a meta do défice orçamental de 5% do PIB para 2012, reviu também em baixa a previsão de crescimento económico para Portugal em 2014 para 0,8% e advertiu que os riscos de revisão em baixa para 2013 são significativos.

À margem de uma conferência no Funchal promovida pelo BE-M, João Semedo salientou que "a austeridade que se impôs aos portugueses é recessiva porque a recessão impõe mais austeridade".

O coordenador nacional avisou que "se 2012 foi um ano de muitos sacrifícios e de muitas dificuldades, 2013 vai ser um ano ainda mais difícil pelo enorme aumento de impostos".

"O Governo tem feito uma campanha intensa contra o Estado social, é uma campanha de mentiras e de falsificações, o Estado social não é caro, não é gigante, não é ineficaz e não é um luxo, bem pelo contrário", considerou.

E especificou: "Nós temos os melhores serviços de educação públicos, o melhor serviço nacional de saúde e, quer a despesa pública em saúde, quer a despesa pública com a educação são abaixo da média da União Europeia e, por outro lado, quando se fala dos salários dos trabalhadores da função pública é preciso dizer que o peso é 10,4 do PIB [Produto Interno Bruto], muito abaixo da média europeia. Na Dinamarca é 18,4 por cento do PIB".

Realçou ainda que o BE tem apresentado "muitas propostas para melhorar, para modernizar os serviços públicos e o Estado social mas nós não confundimos o progresso e a modernização do Estado social com a sua destruição".

João Semedo defendeu mais uma vez ser necessário "romper e renunciar ao acordo com a 'troika'".

"A única medida que nós conhecemos que não é recessiva é cortar os juros que pagamos à 'troika', é cortar nos juros que pagamos aos credores e é renegociara a divida, só assim o país poderá sair da crise", contrapôs.

Sobre a posição dos socialistas nesta conjuntura, João Semedo considerou que "o PS faz um equilíbrio político muito difícil, tem um pé na oposição e tem um pé no memorando da 'troika'".

"Temos verificado que relativamente a muitas propostas que temos apresentado no sentido da convergência e da ação comum, o PS tende a fugir da esquerda. Isso não é bom para resolver os problemas do país, não é bom para superar a crise política em que o país se encontra", concluiu.

No relatório sobre a sexta avaliação do Programa de Assistência Económica e Financeira a Portugal realizado no final do ano passado e divulgado sexta-feira, o FMI deu conta da sua estimativa ao Governo, mas as autoridades nacionais garantiram que as limitações na execução da despesa que foram impostas em setembro iam permitir cumprir a meta, já de si revista face à meta inicial de 4,5% do Produto Interno Bruto (PIB).

O FMI reviu também em baixa a previsão de crescimento económico para Portugal em 2014 para 0,8% e advertiu que os riscos de revisão em baixa para 2013 são significativos.

Sem comentários:

Mais lidas da semana