domingo, 27 de outubro de 2013

PAÍSES DA CPLP DEVEM COLABORAR NO ENSINO NAS DIÁSPORAS - Camões

 


Lisboa, 26 out (Lusa) - A presidente do instituto Camões defendeu hoje que os países de língua portuguesa devem articular-se para oferecer o ensino de português nas diásporas, porque Portugal não tem capacidade para fazer todo o esforço sozinho.
 
"Felizmente há países da CPLP que estão a crescer. Se calhar não tem de ser Portugal, que não tem essa capacidade, a fazer os esforços sozinho", disse Ana Paula Laborinho, em entrevista à Lusa nas vésperas da II Conferência Internacional sobre o Futuro da Língua Portuguesa no Sistema Mundial, a decorrer esta semana em Lisboa.
 
A responsável do Camões - Instituto da Cooperação e da Língua recordou que todos os países de língua oficial portuguesa têm grandes diásporas, pelo que devem colaborar na oferta de cursos de português fora dos seus territórios.
 
"Se calhar um país pode ter cursos num lugar e outro país no outro. Não precisamos de andar aqui a competir uns com os outros", afirmou Laborinho, que preside também à comissão organizadora da conferência.
 
A responsável exemplificou que já atualmente, em muitos dos cursos de português no estrangeiro geridos pelo Estado português, "existem outras nacionalidades para além das que têm uma relação mais direta com Portugal".
 
"Se pusermos os nossos meios todos em conjunto, se calhar conseguimos chegar a muito mais público", acrescentou a presidente do Camões, garantindo que Portugal "continuará a fazer esforços" e o ensino do português na diáspora "continuará a ser uma aposta" para o Estado português.
 
Ana Paula Laborinho recordou que esta é uma proposta que já tinha sido referida na I Conferência Internacional sobre a Língua Portuguesa, em 2010 em Brasília, e explicou que o esforço que foi feito em relação ao português como língua estrangeira já denota essa capacidade dos países da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) de conjugar recursos.
 
A responsável afirmou que uma das preocupações é trabalhar com as diásporas para que escolham o português como língua que pode ser útil profissionalmente, além da relação afetiva e de herança que têm com ela.
 
Questionada sobre a importância da língua na vida quotidiana dos cidadãos, Laborinho afirmou: "Tem muito mais impacto do que imaginamos".
 
"Hoje vivemos num mundo em que circulamos muito e acaba por ser um conforto circular num mundo em que se pode falar português", disse a responsável, recordando que "não é por acaso que muita da diáspora", sobretudo a mais recente, tem escolhido emigrar para países de língua portuguesa, como o Brasil e Angola.
 
"A possibilidade de ir para países de língua portuguesa é um fator preponderante nas mobilidades", disse.
 
Além disso, com o crescimento económico dos países de língua portuguesa, o português começa também a ser uma língua de negócios, acrescentou Ana Paula Laborinho.
 
"A vida das pessoas pode mudar se acreditarmos na nossa língua", concluiu.
 
Organizada pelo Camões - Instituto da Cooperação e da Língua, pela CPLP e pelo Instituto Internacional da Língua Portuguesa, em cooperação com quatro universidades portuguesas, a II Conferência Internacional sobre o Futuro da Língua Portuguesa no Sistema Mundial decorre entre terça e quinta-feira na Universidade de Lisboa.

FPA // VM - Lusa
 

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