domingo, 27 de outubro de 2013

Situação de Portugal resulta de governação para "clientelas e grupos corporativos fortes"

 


O presidente da Cáritas, Eugénio Fonseca, considerou domingo que a situação atual do país resulta, em grande parte, da forma como foi conduzida a política portuguesa durante anos, em que se governou "para clientelas e grupos corporativos fortes".
 
Segundo Eugénio Fonseca, "muitas vezes se governou para clientelas, para grupos corporativos fortes, que foram altamente favorecidos, beneficiados. Basta ver que até o Orçamento de Estado que está apara aprovar tem cortes preconizados para determinadas classes, mas dispensa outras que estão no mesmo regime da Função Pública. Isto é inadmissível”.
 
"O que nos falta a todos é esse sentido do bem comum. Se assim fosse, talvez alguns quisessem renunciar às duplas reformas que têm, talvez aceitassem baixar agora os lautos rendimentos que têm", frisou o presidente da Cáritas, depois de assistir à conferência do cardeal José Policarpo, "Caridade é a fé em ação", em Setúbal.
 
Questionado pela Lusa, Eugénio Fonseca refutou a ideia de que os cortes nos rendimentos mais elevados, por abrangerem um universo muito mais reduzido, possam ser irrelevantes para o Orçamento de Estado.
 
"Gota a gota se fazem os oceanos. Isso é uma falsa questão. Não percebo como é que as `migalhas´ do RSI (Rendimento Social de Inserção) foram consideradas tão importantes, ao mesmo tempo que se considera que as `migalhas´ dos mais ricos não são tão significativas", argumentou.
 
Eugénio Fonseca sublinha que Portugal está "num período em que falta o dinheiro”.
 
“Não sei é se temos feito bem a geografia financeira para ir buscar o dinheiro onde ele está de facto e, sobretudo, para o ir buscar onde ele foi colocado indevidamente", acrescentou.
 
GR // JLG – Lusa, foto Manuel de Almeida
 

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