“Não
podemos permitir que as nossas instituições de soberania sejam agredidas por
instituições de fora”, disse Rui Mangueira.
O
Governo voltou a criticar duramente o Alto Comissariado das Nações Unidas para
os Direitos Humanos (ACNUDH), rejeitando a investigação pedida por
esta agência da ONU às circunstâncias que levaram à morte de nove
polícias e a um número ainda indefinido (oficialmente foram 13 mortos) de
membros da seita A Luz do Mundo, de Julino Kalupeteka, por constituir uma
ingerência nos assuntos internos do Estado angolano.
Desta
vez foi o ministro da Justiça e dos Direitos Humanos a afirmar que Angola não
tem “interesse nenhum” em “abrir” o país à investigação independente proposta
por aquele órgão, na segunda mensagem do executivo dirigida ao ACNUDH no espaço
de uma semana.
“Não
podemos permitir que as nossas instituições de soberania sejam agredidas por
instituições de fora. Quando se trata de uma situação em que até hoje a polícia
trabalhou com toda a lisura e transparência, há pessoas que reclamam uma
investigação independente porque alguns angolanos levantam números [de mortos
provocados pelos confrontos] de uma forma irresponsável”, disse Rui Mangueira,
numa intervenção pública em Luanda.
A
12 de Maio, o porta-voz do Escritório do ACNUDH, na Suíça, pediu que
fosse nomeada uma comissão independente para investigar os confrontos
entre a polícia e a seita A Luz do Mundo” a 16 de Abril que terminaram, segundo
as autoridades, com nove polícias mortos e mais treze vítimas entre os fiéis,
número que a oposição angolana diz ser muito superior.
“Têm
existido relatórios alarmantes nas últimas semanas sobre um alegado massacre na
província central do Huambo. Temos trabalhado para recolher mais informação
sobre o incidente, mas os factos permanecem por esclarecer, com grandes
diferenças do número de vítimas”, disse, em comunicado, o porta-voz da ACNUDH,
Rupert Colville.
Pelo
menos duas forças políticas da oposição estiveram na zona dos confrontos, no
município da Caála, e relataram publicamente um cenário de “massacre”,
apontando entre “centenas” e mais de mil o número de vítimas mortais entre os
seguidores da seita, ilegal em Angola.
Para
o ministro Rui Mangueira, “alguns angolanos” falam num “genocídio” que “ninguém
consegue provar”.
Além
disso, afirma, Angola não foi notificada de qualquer investigação e não há
nenhuma queixa contra o país, condição necessária para abrir um inquérito.
“O
Estado angolano já pediu ao Alto Comissário das Nações Unidas para justificar
esta sua pretensão de ter uma comissão independente para investigar o caso.
Porque as Nações Unidas têm critérios, não podem ser utilizadas ao bel prazer
das pessoas”, observou o ministro da Justiça e dos Direitos Humanos.
Em
comunicado divulgado há uma semana, o Governo considerava que as declarações da
ACNUDH “não são sustentadas por quaisquer provas” e que “foram amparadas por
falsas declarações prestadas por elementos tendenciosos e absolutamente
irresponsáveis, com a intenção de difamar não só as instituições angolanas, mas
também todos os seus cidadãos”.
Nessa
resposta, o Governo de José Eduardo dos Santos lamentava que “o Alto
Comissariado tenha ignorado deliberadamente as violações aos Direitos da
Criança, em particular, e aos Direitos Humanos em geral, perpetrados pela
referida seita”, numa alusão às práticas desta igreja, que travava a
escolarização e vacinação dos fiéis, advogando o fim do mundo em 2015,
reclamando por provas ou “um pedido oficial de desculpas”.
Lusa,
em Rede Angola
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