O
antigo primeiro-ministro António Guterres defendeu na sexta-feira, em Braga,
que Portugal só vencerá o "atraso estrutural" se der "prioridade
absoluta" à educação, à ciência e à cultura.
"O
investimento no ‘software' das sociedades deve manter-se sempre uma prioridade,
mesmo quando os países atravessam dificuldades", afirmou.
Falando
numa conferência sobre educação promovida pela Arquidiocese de Braga, Guterres
criticou a "tendência" que considera existir em Portugal de
"estar sempre a mudar" as políticas no sector à medida que também
mudam os governos.
"Em
vez de apontarmos para uma estratégia comum, pensamos num sobe e desce, sobe e
desce", referiu.
António
Guterres manifestou-se favorável a uma "cultura de exigência e de
responsabilidade" na educação, mas alertou para os perigos da
"cultura de competição".
"Gerar
uma cultura de competição na Educação é extremamente perigoso, só somos
eficazes como sociedade quando cooperarmos uns com os outros", sublinhou.
Para
o antigo primeiro-ministro, que teve como um dos seus principais 'slogans'
eleitorais "paixão pela educação", o investimento neste setor deve
ter especial ênfase no pré-escolar.
Guterres
defendeu que se deve dar uma "componente educativa" ao pré-escolar,
para ajudar na socialização das crianças.
"Deve-se
investir o mais que se puder no pré-escolar", vincou.
O
ex-alto comissário da ONU para os refugiados apontou os exemplos de países como
a Coreia do Sul, Singapura ou Irlanda para afirmar que só com uma aposta
"maciça" na Educação é que se consegue ter êxito numa economia do
conhecimento.
Uma
aposta que diz que não tem vindo a ser feita pelas "elites
portuguesas", que "cuidam mais da educação dos seus filhos do que da
educação da população em geral".
Candidato
a secretário-geral das Nações Unidas, Guterres disse que, se ganhar a corrida,
a educação será uma das suas apostas, lutando para que todos tenham acesso ao
ensino básico e secundário.
"Mas
estou consciente de que não há uma solução global, é uma solução que terá de
ser país a país, cada país deve assumir a educação como prioridade, como desígnio
nacional", disse ainda.
Lusa,
em Jornal de Negócios
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