domingo, 12 de junho de 2011

GENOCÍDIOS, A INDONÉSIA E A EMERGENTE ELITE TIMORENSE




BEATRIZ GAMBOA* - reposição

O SAQUE E A PAZ PODRE EM TIMOR LESTE

“A prática do crime de genocídio é tão antiga como a própria humanidade que chega a confundir-se com ela. A ideia de exterminar um grupo diferente é inerente à condição humana, reflexo do seu mais profundo egoísmo. Passo a descrever, alguns dos mais significantes genocídios do século XX, século em que maior avanço se conheceu a civilização.”

É assim que Moscando dá inicio a uma vasta exposição de fotografias contundentes sobre os vários crimes perpetrados contra a humanidade.

As imagens não são fáceis de encarar, muito menos cairmos na realidade cruel de que a humanidade tem um favoritismo especial pela própria auto destruição. Regra geral exerce práticas auto destrutivas através da manipulação de líderes assassinos que manipulam moles imensas através de crenças religiosas ou de ideologias político partidárias. Saindo sempre esses líderes por cima, impunes… Quase sempre.

Tratam-se de genocídios imensos, repugnantes. Moscando aborda os “feitos” de Estaline, de Hitler, de muitos outros. Faltam ali as hediondas operações genocidias de Mao Tse Tung, ou Mao Zedong, como lhe queiram chamar. Afinal esse nome vai dar a um dos também maiores criminosos da história. O povo chinês padeceu e continua a padecer com esse regime e o que ainda hoje dele sobra.

Sobre a Indonésia, vimos, em 1965, referência ao genocídio de cerca de meio milhão de alegados simpatizantes do partido comunista do país. A responsabilidade foi de Suharto e dos militares que se mantém ainda hoje no poder de forma mais ou menos discreta. Os mesmos militares indonésios que em conluio com os EUA, a Inglaterra e a Austrália, invadiram Timor Leste e ali assassinaram cerca de 300 mil timorenses ao longo de 24 anos de ocupação.

Atualmente, apesar de Timor Leste ter visto reconhecido a sua independência pela comunidade internacional, ainda continuam impunes os generais assassinos responsáveis pelo genocídio a longo prazo de centenas de milhares de timorenses. Vimos, inclusive, em registos fotográficos, Xanana Gusmão, um alegado herói nacional timorense, a abraçar generais indonésios responsáveis por uma vasta parte do genocídio que perpetraram contra o povo de Timor. Ademais, os líderes carismáticos timorenses têm pressionado a ONU e os poucos que internacionalmente exigem os julgamentos dos assassinos para que impere a impunidade em relação a esses mesmo generais e outros elementos que conscientemente obedeceram às suas ordens. A própria ONU está dividida quanto a fazer-se justiça. A comunidade internacional de políticos é quem ordena a inércia nestes crimes contra a humanidade, decerto que por não saberem quando eles próprios manipularão os seus algozes e simpatizantes para acções do mesmo tipo.

Em 2006, durante a acção de um golpe de estado em Timor Leste, o próprio Xanana Gusmão incitou timorenses contra timorenses com o pretexto do timorenses loromonos versus lorosai. Ramos Horta permaneceu de certo modo na sombra deste golpe de estado e da assumpção de responsabilidades nas acções que levaram a quase 100 assassinatos no país, a muitas centenas de feridos e a milhares de casas destruídas. Tudo isso continua impune e Ramos Horta está no poder a par de Xanana Gusmão. O próprio que em 2008 encabeçou uma tentativa de golpe de estado que teve por um dos objetivos a execução do major Alfredo Reinado e do próprio Ramos Horta. Reinado, em 11 de Fevereiro de 2008, sucumbiu na casa do presidente Ramos Horta à execução sumária depois de ter sido atraído a uma cilada, Ramos Horta conseguiu sobreviver apesar de ter sido gravemente atingido por dois tiros vindos de arma posteriormente não encontrada, nem o autor dos disparos. Aliás, o próprio Horta, devido a responsabilidades inerentes à cilada que atraiu Alfredo Reinado a sua casa, acusou inocentes, invadiu a independência do poder judicial e contribuiu para a trama que foi comprovada no julgamento dos inocentes que apesar de tudo foram condenados para encobrir Xanana Gusmão, Horta e os demais cúmplices. Para uns o objetivo era eliminar Alfredo Reinado para que Gusmão não fosse irrefutavelmente responsabilizado pelo golpe de estado em 2006.

Para outros o objetivo era também Ramos Horta.

É através de conluios destes que são lançadas as sementes de grandes genocídios. As responsabilidades cabem todas a líderes sequiosos de poderes e do roubo de bens pertencentes aos países e aos povos. É um pouco disso que se está a passar em Timor Leste, por mais que queiram ocultar. Infelizmente, Horta e Xanana Gusmão não têm uma oposição interna organizada à altura. Sabemos que quem cala consente e que por isso é que as chacinas surgem mais cedo ou mais tarde. A própria ONU, em Timor Leste, tem imensas responsabilidades nos seus usos de cosméticas que pretendem fazer parecer que tudo está bem nos países onde opera, como em Timor Leste. O tempo e as acções das lideranças e dos povos manipulados o dirão. Entretanto, neste interim, o saque aos bens timorenses é enorme. Uma elite que nada tinha há menos de meia dúzia de anos está já recheada de bens que lentamente irão surgir à luz do dia como que por milagre. O costume. Hoje sabemos que Timor vive uma paz podre. Amanhã não sabemos o que poderá acontecer. Amanhã ou um dia destes.

Publicado originalmente em TIMOR LOROSAE NAÇÃO – semanário, com fotos

Ler também: 1948: ONU CLASSIFICA O GENOCÍDIO COMO CRIME

*Conteúdo em reposição, original em Timor Lorosae Nação – diário

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