domingo, 12 de junho de 2011

Após habeas corpus, bombeiros protestam pela amnistia e reúnem milhares em Copacabana




FYRO - LUSA

Rio de Janeiro, 12 jun (Lusa) -- Milhares de pessoas, incluindo bombeiros, familiares e simpatizantes da corporação do Rio de janeiro, realizam hoje na praia de Copacabana uma manifestação a pedir a amnistia para os 439 agentes presos na semana passada.

"Estamos reivindicando com a passeata de hoje que eles não respondam nem criminalmente nem militarmente pela ocupação do quartel", explicou à Lusa a cabo Ilda, após ter deixado o trabalho no quartel e enquanto caminhava em direção à praia de Copacabana para se juntar à concentração que, segundo estimativas iniciais, estará a juntar oito mil pessoas.

Um grupo de 439 bombeiros foi preso na semana passada após ocupar o Quartel General Central da corporação, no centro do Rio, durante protestos em que reclamavam por aumento salarial.

Ao longo da semana a manifestação continuou e vários agentes acamparam em frente à Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj) a pedir a libertação dos companheiros.

A justiça concedeu habeas corpus a autorizar a libertação dos detidos na sexta-feira e no sábado à tarde foram libertados os últimos que ainda estavam presos em Niterói.

Ainda assim, o grupo deverá ser julgado pela justiça militar, procedimento que só pode ser alterado por decisão do Congresso.

"A Meta é a amnistia. Eles só foram libertados com o habeas corpus, o processo ainda continua. E a outra meta também continua, reivindicações salariais, melhores condições de trabalho", afirmou à Lusa o bombeiro Luciano Silva.

Na tentativa de conter os protestos, durante a semana, o governador Sérgio Cabral decidiu adiantar para julho o reajuste de 5,58 por cento, inicialmente previsto para dezembro.

O anúncio, porém, não foi considerado satisfatório pela corporação, que mantém na manifestação de hoje a reivindicação por aumento salarial.

"Ninguém está satisfeito. Isso (adiantamento do aumento de 5,58%) é uma brincadeira que o governador quer fazer com a gente. Só o desfasamento do aumento da inflação deste ano já cobre este aumento, não vai ter aumento nenhum", acrescentou o bombeiro Luciano, que seguia para a manifestação ao lado da mulher, também vestida de vermelho, em sinal de apoio.

Simone de Oliveira, familiar de um dos bombeiros que foram presos no sábado, também caminhava para se juntar à passeata.

"Ainda não falei com ele desde que foi libertado. Sei que foi difícil, mas é uma corporação muito valorosa. Todos resistiram muito bem e estamos hoje mais uma vez, sem desistir, na luta, e muito confiantes", declarou Simone.

Dezenas de simpatizantes, sem ligação familiar, também aderiram à causa e vestiam as camisas distribuídas pelos líderes da passeata.

Outros amarraram no braço uma fita vermelha -- cor símbolo da corporação -- enquanto alguns moradores da Avenida Atlântica também penduravam lenços vermelhos na janela.

Virgília Monte Cunha, que usava a camisa da causa, contou à Lusa que decidiu sair em apoio apenas por simpatia, mesmo sem possuir qualquer relação com a instituição.

"Nunca tive contacto direto com eles, mas a gente vê pela televisão. Eles arriscam a vida para poder salvar as pessoas, tinham que ganhar muito bem, porque além de salvar a sua vida, arriscam a deles", defendeu esta mulher.

*Foto em Lusa

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