terça-feira, 31 de julho de 2012

GUINÉ-BISSAU: SAÚDE, CRITICAS À IS, GOLPES DE ESTADO, CADOGO COM DURÃO




Sindicatos do setor da saúde levantam greve, Governo promete pagar

31 de Julho de 2012, 14:41

Bissau, 31 jul (Lusa) - Os dois sindicatos do setor da saúde da Guiné-Bissau levantaram a greve geral que recomeçou na segunda-feira após um acordo alcançado com o Governo, que promete pagar os salários e subsídios em atraso.

De acordo com Garcia Baticã, porta-voz da comissão da greve, as duas partes (sindicatos e Governo) chegaram a um acordo na segunda-feira para a suspensão da paralisação laboral inicialmente convocada para durar quatro dias.

"Decidimos suspender a greve porque o Governo, finalmente, abriu o jogo connosco, contou-nos a verdade sobre a real situação das Finanças Publicas. Mas o Governo prometeu que vai responder a três pontos das nossas revindicações", disse Baticã.

"Para nós há três pontos inegociáveis: pagamento de salários em atraso aos enfermeiros e técnicos de saúde, pagamento de subsídios de vela e isolamento e ainda pagamento de salários aos enfermeiros recém-contratados", afirmou o sindicalista.

Garcia Baticã explicou que o Governo prometeu pagar "faseadamente" essas dívidas, mas informou que as Finanças Publicas "estão sem dinheiro".

"Perante estes apelos, tivemos que compreender a realidade, mas avisámos o Governo que não podemos recuar nalgumas revindicações, a questão dos pagamentos dos subsídios e salários em atraso", declarou ainda Garcia Baticã.

Com o anúncio do levantamento da greve (convocada pelo Sindicato dos Técnicos da Saúde e Sindicato Nacional de Enfermeiros, Técnicos e Afins) os hospitais e centros de saúde guineense voltaram a funcionar em pleno.

A Lusa constatou esta manhã um movimento normal no hospital Simão Mendes de Bissau.

MB.

Veteranos do partido histórico criticam Internacional Socialista

31 de Julho de 2012, 15:47

Bissau, 31 jul (Lusa) - Os veteranos do PAIGC, partido histórico da Guiné-Bissau, criticaram, em carta aberta, a postura do Internacional Socialista ao convidar o primeiro-ministro do Governo deposto, Carlos Gomes Júnior, para a sua última reunião realizada em Cabo Verde.

A carta, assinada por veteranos do PAIGC (Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde), Manuel 'Manecas' dos Santos, Samba Lamine Mané e Armando Ramos, critica o facto de Carlos Gomes Júnior ter sido convidado para a reunião da Internacional Socialista.

"Lamentavelmente, a Internacional Socialista acolheu no seu seio como representante de um dos seus membros (PAIGC), o senhor Carlos Gomes Júnior que durante alguns anos encabeçou um regime despótico, tirânico, criminoso e sanguinário", lê-se na carta aberta.

Os subscritores da carta aberta, todos antigos governantes, voltam a frisar o facto de, na sua opinião, o golpe de Estado que derrubou Carlos Gomes Júnior a 12 de abril passado, ter sido "um mal necessário" para a Guiné-Bissau.

"Na verdade, ninguém apoia golpes de Estado, mas quando ele põe termo a uma tal situação de nepotismo, corrupção desenfreada, e os militares, protagonistas do golpe, renunciam voluntariamente ao poder, a sociedade agradece", dizem os subscritores da carta aberta dirigida à Internacional Socialista.

Para os veteranos do PAIGC, constituiu "um misto de deceção e revolta" o convite feito a Carlos Gomes Júnior para ser o representante do partido na reunião da Internacional Socialista.

Lembram aos responsáveis da organização socialista que o PAIGC foi o autor da luta armada "que libertou a Guiné-Bissau e Cabo Verde e consequentemente Portugal da opressão fascista de Salazar e Caetano".

MB.

Comité África condena golpes na Guiné-Bissau e Mali

31 de Julho de 2012, 20:05

Cidade da Praia, 31 jul (Lusa) - A reunião do Comité África da Internacional Socialista (IS), que hoje terminou na Cidade da Praia, condenou os golpes de Estado na Guiné-Bissau e Mali e defendeu o combate à crise financeira internacional no continente africano.

Crise financeira, conflitos, construção de estados de direito e défices democráticos em África foram os temas analisados e aprofundados na reunião e em que houve unanimidade, sublinhou o presidente da IS, o chileno Luis Ayala, falando em castelhano, secundado, em português, pelo primeiro-ministro cabo-verdiano, José Maria Neves.

Ayala indicou que o Comité manteve a "tolerância zero às aventuras golpistas", exigindo o rápido regresso à normalidade constitucional na Guiné-Bissau, com a recolocação de Carlos Gomes Júnior como primeiro-ministro e de Raimundo Pereira como Presidente interino.

As conclusões foram apresentadas hoje no final dos trabalhos pelo e serão remetidas agora ao XXIV Congresso da IS, que se realizará pela primeira vez em África, na Cidade do Cabo (África do Sul), a 31 de agosto e 01 de setembro.

O encontro juntou na capital cabo-verdiana cerca de meia centena de delegados de África, entre os quais o primeiro-ministro deposto da Guiné-Bissau, e convidados, como o secretário-geral do Partido Socialista (PS) português, António José Seguro.

Além de Ayala e de Seguro, a conferência de imprensa final contou também com a presença do líder do PS senegalês e presidente do Comité África da IS, Ousmane Tanor Dieng, e de José Maria Neves, também presidente do Partido Africano da Independência de Cabo Verde (PAICV).

Tanor Dieng, que, segunda-feira, na abertura dos trabalhos, tinha omitido na sua intervenção qualquer referência à crise político-militar guineense, mostrou-se hoje a favor da posição assumida pela "família socialista africana", defendendo também o regresso à situação prevalecente antes do golpe de Estado de 12 de abril último.

Sobre a democracia em África, José Maria Neves indicou que o Comité manteve também a "inflexibilidade" em qualquer alteração aos valores e princípios dos regimes democráticos no continente, admitindo que há ainda caminho a percorrer.

"Há regimes em África onde não há democracia. Outros em que a democracia foi interrompida, como no Mali e na Guiné-Bissau. Defendemos os valores da democracia e aí seremos inflexíveis", disse por seu lado António José Seguro.

O líder socialista português definiu a reunião com a ideia de que se tratou de consensualizar democracia e desenvolvimento, tendo por base que os problemas que o mundo atravessa atualmente são comuns e cuja resposta terá também de ser resolvida por todos.

"Tem de se gerar mais crescimento e mais emprego para combater a crise", concluiu.

O Comité África da IS manifestou também apoio aos esforços das Nações Unidas no Saara Ocidental - Marrocos e a República Árabe Saaráui Democrática estiveram presentes com delegações -, apelou a mais democracia na Guiné Equatorial, Camarões e Chade e lamentou a situação de fome na Somália.

JSD.

Primeiro-ministro deposto reúne-se quarta-feira com Durão Barroso

31 de Julho de 2012, 20:46

Cidade da Praia, 31 jul (Lusa) - O primeiro-ministro deposto da Guiné-Bissau, Carlos Gomes Júnior, reúne-se na quarta-feira em Lisboa com o presidente da Comissão Europeia, Durão Barroso, disse à agência Lusa o político guineense.

Carlos Gomes Júnior, líder do Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC), encontra-se desde domingo na Cidade da Praia, nada adiantou sobre o local, hora e conteúdo do encontro.

O dirigente guineense, que parte hoje à noite com destino a Lisboa, participou na Cidade da Praia na reunião do Comité África da Internacional Socialista (IS), na qualidade de presidente do PAIGV.

Carlos Gomes Júnior foi afastado do poder no golpe de Estado de 12 de abril, a meio do processo eleitoral das presidenciais, tendo sido o candidato mais votado na primeira volta.

JSD.

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