quinta-feira, 2 de agosto de 2012

Angola: Ex-militares dão ultimato a Eduardo dos Santos para evitar protestos nas ruas



EL - Lusa

Luanda, 02 ago (Lusa) - Os ex-militares angolanos anunciaram hoje em Luanda que se, até 15 de agosto não receberem respostas para os seus problemas, voltam a sair à rua e responsabilizam o Presidente José Eduardo dos Santos pelo que poderá acontecer.

A garantia foi dada em conferência de imprensa pelo coordenador da Comissão de Ex-Militares Angolanos (COEMA), general na reforma Silva Mateus.

"Até hoje mantivemos uma atitude de espera. A partir deste momento, até ao dia 15 deste mês, nós aqui e agora acendemos um intermitente de luz laranja. De (dia) 15 para cima entraremos na linha vermelha e não haverá mais conversa", frisou.

"Não haverá mais conversa e nós iremos decidir o que fazer depois do dia 15 de agosto. Sairemos à rua a qualquer momento se o comandante-em-chefe, Presidente da República e chefe do executivo não for sensível em atender a nossa preocupação", acrescentou.

Em causa estão os alegados pagamentos em atraso, nalguns casos desde 1992, a ex-militares.

Segundo Silva Mateus são cerca de 60 mil os ex-militares nestas condições.

Naquele total incluem-se 5 mil soldados, sargentos e oficiais que desde 1992 alegadamente deixaram de receber os vencimentos estabelecidos, incluem-se também os que foram desmobilizados depois daquele ano, e que receberam as guias da Caixa Social das Forças Armadas mas que, quando vão receber, dizem-lhes que não há dinheiro.

Incluem-se ainda naquele número os que não tendo sido desmobilizados continuam a ser militares e não recebem, mais os 250 efetivos do processo "27 de maio", que aguardam o pagamento da pensão de reforma, os 402 efetivos do Batalhão Comandos Ex-Tigres, que lutaram na vizinha República Democrática do Congo, os que alegam ter direito a subsídios desde 2007 e que só receberam o correspondente a 2012.

Segundo Silva Mateus, fazem também parte daquele total de 60 mil, os 32.600 antigos militares dos antigos braços armados da UNITA e da FNLA, ainda 18 mil oficiais que passaram à reforma e os que integraram a chamada Defesa Civil, então tutelados pelo Ministério da Defesa Nacional e integrados nos governos provinciais na última guerra civil (1998/2002) e, finalmente, os que estavam integrados na Segurança do Estado, nas chamadas Tropas Territoriais, na Organização de Defesa popular e nas Brigadas Populares de Vigilância.

A exigência da COEMA consiste na criação por parte do Estado de uma comissão conjunta bilateral que avalie todas estas situações.

"Os atuais dirigentes, tanto a nível do Ministério da Defesa Nacional como da Chefia do Estado-Maior General das Forças Armadas Angolanas não conhecem, não têm perceção da dimensão deste dossiê", acusou Silva Mateus.

"Será que estas entidades não têm conhecimento da existência deste dossiê e desta demanda dos militares ao Estado, e, se têm, porque não reagem? Estão à espera de quê? Que os militares percam a paciência e saiam à rua para serem apelidados de arruaceiros", questionou.

No final da conferência de imprensa, Silva Mateus assegurou que "não serão meia dúzia de generais de barriga cheia" que impedirão os ex-militares de sair à rua, caso estes continuem sem receber um sinal de disponibilidade para o diálogo.

"Se nós não quisermos, não haverá eleições. Se os dirigentes, nomeadamente o Presidente da República, continuarem a fingir que não nos ouvem, ele será o responsável de tudo o que vai acontecer", concluiu.

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