quinta-feira, 2 de agosto de 2012

Bissau: MULHERES NA POLÍTICA, 55 KM DE ESTRADA, PAIGC FALHA COM GOMES JÚNIOR




ONU incentiva mulheres a interessarem-se pela política

02 de Agosto de 2012, 13:02

Bissau, 02 ago (Lusa) - O Gabinete Integrado das Nações Unidas para a Consolidação da Paz na Guiné-Bissau (Uniogbis) está a promover uma ação de sensibilização e capacitação destinada às mulheres guineenses para que se interessem mais pela política.

A ação de formação junta 35 mulheres provenientes de partidos políticos mas com pouca visibilidade, sindicalistas, ativistas dos direitos humanos, promotores de organizações não-governamentais (ONG) e jornalistas e decore até meados deste mês.

A escritora e antiga ministra da Educação guineense Odete Semedo, uma das responsáveis da formação, disse à Agência Lusa que a ideia é "dar instrumentos e incentivos" às mulheres para que possam "um dia apresentarem-se aos cargos eletivos".

"Há potencialidades naquele grupo. São mulheres com formação, mas escondidas nas suas instituições ou nos seus partidos. Com ajuda da Uniogbis chamamos essas mulheres a entenderem que são potenciais governantes deste país", notou Odete Semedo.

Para a antiga ministra e diretora de gabinete do Presidente guineense deposto no golpe de Estado de 12 de abril último, Raimundo Pereira, as próprias leis da Guiné-Bissau "colocam a mulher em quinto ou sexto plano".

"Na mente dos homens que têm estado a dirigir este país a mulher não é prioridade. A mulher só aparece nos comícios, quando é para se fazer bons discursos, mas quando é de facto para se pôr a mão na massa a mulher é esquecida", defendeu a escritora, dando o exemplo da composição de listas eleitorais dos partidos.

"Quando é para se fazer as listas eleitorais a mulher nunca aparece como cabeça de lista. Aparece sempre como suplente ou então se aparece é nos círculos onde tenha pouca probabilidade de ser eleita", disse Odete Semedo.

A portuguesa Sara Negrão, conselheira do Género na Uniogbis tem a mesma opinião: "Existem muito poucas mulheres que participam, de forma ativa na vida política. Uma coisa é participar numa campanha, outra coisa é participar de forma ativa nos partidos, na tomada de decisão nacional", notou a responsável da ONU.

Tanto Odete Semedo como Sara Negrão, as duas animadoras da formação, entendem que fixando as quotas era possível inverter a tendência da exclusão da mulher guineense nos órgãos de decisão.

Odete Semedo considerou, no entanto, que as quotas devem privilegiar as mulheres mais capazes porque há "muitas escondidas" nas ONG e nos partidos "sem visibilidade".

"Há mulheres muito capazes que estão nas organizações não-governamentais, que estão a dar um grande contributo à sociedade, são essas mulheres que pretendemos incentivar com essa ação de formação para que venham para a política partidária", afirmou Odete Semedo.

"É ali que as propostas são discutidas, as leis são aprovadas, é ali que todo o trama é feito", acrescentou a antiga governante, citando o seu próprio exemplo de militante no PAIGC, principal partido do país.

"Eu estou no meu partido (PAIGC), sou visível, faço trabalhos para o meu partido, agora só não vê quem não quer. Os homens não querem ver as mulheres. Há um véu que tapa a presença da mulher", enalteceu Odete Semedo.

A história e a cultura colocaram a mulher em segundo plano, observou, considerando que o país podia mudar se tivesse mais mulheres no poder.

"A Guiné-Bissau saia deste marasmo se tivesse mais mulheres nas esferas de decisão. Os homens já demonstraram que não são capazes de governar este país na paz", concluiu Odete Semedo.

MB.

Organizações sub-regionais africanas financiam construção de 55 quilómetros de estrada

02 de Agosto de 2012, 13:25

Bissau, 02 ago (Lusa) - Duas organizações sub-regionais africanas disponibilizaram ao Governo de transição da Guiné-Bissau cerca de 25 milhões de dólares para as obras de construção da estrada que liga as localidades guineenses de Mansoa e Farim, no norte.

O anúncio do financiamento foi feito pelos ministros das Finanças, Abubacar Demba Dahaba, e das Infraestruturas, Fernando Gomes, tendo este ultimo informado que as obras começarão no mês de setembro para durarem 14 meses.

O BOAD (Banco Oeste Africano para o Desenvolvimento) disponibilizou 84 por cento do valor total do projeto, em forma de empréstimo, enquanto a UEMOA (União Económica Monetária Oeste Africano) entregou os restantes 16 por cento, mas em forma de donativo.

"O apoio do BOAD e da UEMOA para a Guiné-Bissau vem de longa data. O setor das infraestruturas testemunha o momento mais alto dessa cooperação nos últimos 10 anos, com obras extraordinárias no país", enfatizou o ministro das Finanças guineense.

Para o ministro das Infraestruturas do Governo de transição, Fernando Gomes, a construção e abertura da estrada Mansoa/Farim, permitirá ligar mais rapidamente o país ao Senegal e ainda potenciar dois importantes pontos turísticos, em Guidaje e Candjambari.

As duas localidades eram antigas bases da guerrilha do PAIGC durante a luta armada de libertação da Guiné-Bissau e hoje são referências da história política e cultural do país.

MB.

Veterano do PAIGC diz que partido falhou ao deixar Gomes Júnior ser líder

02 de Agosto de 2012, 14:32

Bissau, 02 ago (Lusa) - O antigo ministro das Finanças da Guiné-Bissau Manuel 'Manecas' Santos, um dos veteranos do PAIGC, defendeu hoje que o principal partido do país falhou quando deixou que Carlos Gomes Júnior fosse seu líder.

"Nós, os veteranos, falhámos em ter permitido que Carlos Gomes Júnior assumisse a presidência do PAIGC (Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde]", afirmou 'Manecas' Santos, em resposta às recentes declarações do primeiro-ministro guineense deposto no golpe de Estado a 12 de abril passado.

Na qualidade de líder do PAIGC [Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde], Carlos Gomes Júnior, que se encontra em Portugal desde o derrube do seu Governo pelos militares, mantém uma acesa troca de acusações com um grupo de veteranos do histórico partido guineense.

Gomes Júnior acusou, por exemplo, o grupo de veteranos, integrado por 'Manecas' Santos, Samba Lamine Mané e Armando Ramos, de se ter juntado a "arruaceiros para denegrir a imagem do PAIGC".

"Nós não nos juntámos aos arruaceiros, juntámo-nos aos militantes do partido, sérios e honestos. Os arruaceiros estão com ele [Gomes Júnior] e fazem parte da 'capangada' dele, que ele utiliza para as suas baixas ações", respondeu 'Manecas' Santos, um conhecido dirigente do PAIGC próximo do falecido Presidente João Bernardo 'Nino' Vieira.

"Não me admiram nada as declarações de Carlos Gomes Júnior, porque não há a pior coisa do que ser ignorante e ter o poder", observou ainda o dirigente do PAIGC.

Falando para os jornalistas na quarta-feira, à saída de um encontro com o presidente da Comissão Europeia, Durão Barroso, em Lisboa, o líder do PAIGC afirmou que os veteranos do seu partido "deviam ser o exemplo" e não serem os que denigrem a imagem partido.

"Não nos estranha, porque as suas declarações são o reflexo de uma determinada mentalidade. Agora eu devo dizer uma coisa: nós os veteranos do PAIGC não somos nem ladrões nem assassinos", sublinhou 'Manecas' dos Santos.

Questionado se Carlos Gomes Júnior ainda tem condições para continuar a ser líder do PAIGC, 'Manecas' dos Santos disse que não.
"Obviamente que não. E eu não vejo o senhor Carlos Gomes Júnior tão cedo a pôr os pés na Guiné-Bissau, depois dos crimes que ele cometeu aqui ou que o regime dele cometeu aqui", afirmou dos Santos.

MB.

*Os títulos nos Compactos de Notícias são de autoria PG

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