quinta-feira, 2 de agosto de 2012

Ataques de Carlos Gomes Júnior não conseguem fazer esquecer a verdade




Orlando Castro*, jornalista – Alto Hama*

O ex-primeiro-ministro da Guiné-Bissau, Carlos Gomes Júnior, continua a alardear pelos areópagos da político lusófona a sua suposta qualidade de impoluto politico e, ao mesmo tempo, exclusivo dono da verdade.

Com o apoio (mal explicado e ainda menos racional) de Portugal e da Comunidade de Países de Língua Portuguesa, lá vai aproveitando o tempo de antena para, sem contraditório, se apresentar como o único capaz de fazer o que não foi capaz durante os muitos anos em que esteve na ribalta da politica guineense.

Disparando em todos os sentidos, Carlos Gomes Júnior resolveu também alvejar os "veteranos" do PAIGC, ou seja, todos aqueles que (ao contrário do ex-primeiro-ministro) ao longo de muitos e muitos anos deram e dão tudo pelo seu país, desde logo pela própria independência.

Apesar do apoio da CPLP, creio que de facto já há muitos políticos lusófonos que estão a ficar fartos. Não tardará muito, como aliás sempre aconteceu na história da Guiné-Bissau, para que Carlos Gomes Júnior fique a falar sozinho ou, em alternativa, para o espelho.

Aliás, a ânsia revelada por Carlos Gomes Júnior para forçar o seu regresso a poder cheira, quanto a mim, a algo mais do que a defesa da democracia e do interesse do Povo guineense. Se calhar há por aí interesses empresariais pessoais pouco transparentes.

Pelo que tem dito, é fácil concluir que Carlos Gomes Júnior não quer apenas regressar ao seu país. O que ele quer, exclusivamente, é regressar ao poder no seu país. Não pretende, creio, regressar para servir o Povo mas, como muitos outros, para dele se servir.

Os ataques sistemáticos e quase irracionais à CEDEAO, organismo que obviamente não está incólume a críticas, revelam que para Carlos Gomes Júnior só são válidas as organizações que o apoiam. Essa é, aliás, uma inequívoca forma de demonstrar que há mesmo muitos interesses opacos que se movimentam tanto em Angola como em Portugal, visando uma espécie de neocolonização da Guiné-Bissau.

Como muito bem pergunta Fernando Casimiro (Didinho), meu amigo e um dos mais ilustres filhos da Guiné-Bissau, “que desenvolvimento e integração regional pode vir a ter a Guiné-Bissau, com um governante que insulta e despreza a Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental, onde a Guiné-Bissau está inserida...?!”

Aliás, o Didinho faz uma série de perguntas que desmontam toda a estratégia do ex-primeiro-ministro guineense:

“Será que Carlos Gomes Júnior conheceu Amílcar Cabral, para insultar os veteranos do PAIGC que com ele viveram e conviveram durante a luta de libertação nacional? Quem é Carlos Gomes Júnior para explicar a essência de um combatente da liberdade da pátria aos veteranos do PAIGC?”

Num outra dúvida, Didinho põe o dedo na ferida, fazendo uma pergunta demolidora que, só por si, explica todo este imbróglio:

“Ou não será que Carlos Gomes Júnior tem tido o comportamento que tem para que brevemente tenha "razões" para argumentar que não pode regressar à Guiné-Bissau e obter o estatuto oficial de exilado em Portugal, passando a dedicar-se aos milhões que sugou da Guiné-Bissau e tornando-se num protegido de Portugal, tendo em conta os processos judiciais que estão em andamento contra ele na Guiné-Bissau?”

* Orlando Castro, jornalista angolano-português - O poder das ideias acima das ideias de poder, porque não se é Jornalista (digo eu) seis ou sete horas por dia a uns tantos euros por mês, mas sim 24 horas por dia, mesmo estando (des)empregado.

Título anterior do autor, compilado em Página Global: “PORREIRO, PÁ!”, DIZ DURÃO A GOMES JÚNIOR

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