quinta-feira, 2 de agosto de 2012

Angola: UNITA diz que as reivindicações dos ex-militares têm apoio do partido




Na sequência das manifestações organizadas por ex-militares, na quarta-feira da semana passada, em Luanda, 51 veteranos de guerra de Angola estarão detidos numa Unidade da Polícia Judiciária Militar.

Os militares desmobilizados exigiram na manifestação o pagamento de pensões de invalidez e outros subsídios, bem como a sua integração na segurança social. Os veteranos de guerra agora detidos, notícia confirmada pela UNITA (maior partido da oposição), pertenceram na sua maioria às FAPLA, o braço armado do MPLA (partido no poder), mas também ex-militares da UNITA e da FNLA, desmobilizados em 1992, estando muitos deles com 50 anos de idade e alguns até deficientes de guerra.

Dez anos depois do fim da guerra, ex-militares esperam reinserção social

Para Alcides Sakala, da UNITA, a manifestação é um indicador muito importante, principalmente quando se sabe que a maioria dos ex-militares serviu nas fileiras do MPLA, o partido no poder. "São esses ex-soldados que hoje, dez anos depois do fim da guerra civil, ainda não viram os seus problemas resolvidos no quadro da desmobilização e da reinserção social", explica.

A direção da UNITA, o maior partido da oposisão em Angola, defende que esta situação deve ser acompanhada com muita atenção porque "os ex-militares procuram através de instrumentos legais reivindicar os seus direitos. "Uma delegação do partido encontrou-se no sábado (23.06) com as autoridades para poder comprrender a situação em que se encontram os detidos e foi-nos dito que eventualmente começaria esta segunda feira uma auscultação desses militares pela Procuradoria Geral", disse Sakala, em entrevista à DW África.

Segundo Alcides Sakala, as reivindicações dos ex-militares têm todo o sentido de existir e por isso " elas têm todo o apoio da direção da UNITA. Encorajamos os ex-militares a prosseguir porque elas são legítimas". Para o porta-voz da UNITA, "a reinserção social condigna dos ex-militares, que deram as suas vidas por Angola nos momentos mais difíceis é a expressão mais alta da reconciliação nacional".

Veteranos de guerra descontentes com situação precária

Trata-se da segunda manifestação do género depois da do dia 07.06 onde terão participado cerca de três mil desmobilizados que também exigiram o pagamento dos subsídios a que consideram ter direito e a integração na Caixa de Previdencia e Segurança Social do Ministério da Defesa, em vez de continuarem inscritos nos serviços de segurança social dos Antoigos Comnbatentes ou do regime geral, tuitelado pelo ministério da Administração Pública, Emprego e Segurança Social.

Alcides Sakala deixa claro na sua entrevista à DW África que as manifestações dos ex-militares "estão a ganhar dimensões muito maiores", daí que o seu partido tenha alertado o governo de Luanda "para a necessidade urgente de solucionar o problema porque o movimento reivindicativo pode espalhar-se pelo país todo". "Angola tem dinheiro, Angola tem capacidade para resolver os problemas desse tipo, desde que haja vontade política", destacou.

"Agitadores" acusados de terem infiltrado a manifestação

Confrontado com as acusações feitas por uma fonte do Estado-Maior General das Forças Armadas Angolanas (EMGFAA) de que a manifestação do dia 20 foi "infiltrada por agitadores", Alcides Sakala considerou que se "trata de uma tendência que já conhecemos de procurar sempre bodes expiatórios". O porta-voz da UNITA acrescentou que o seu partido recomenda que se deveria evitar esse tipo de acusações, "que em nada ajudam na solução desse e de outros problemas".

Entretanto, a UNITA, segundo Sakala, já fez um apelo aos antigos países da "troika" de observadores para Angola, nomeadamente Portugal, USA e Rússia, mas também à UE, à União Africana e a ONU para que pressionem o governo de Luanda no sentido de serem respeitados os compromissos assumidos no quadro dos vários acordos de paz, e isto como prevenção dos conflitos.

Autor : António Rocha - Edição: Renate Krieger

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