segunda-feira, 6 de agosto de 2012

Angola - GENERAL PAIHAMA: O INCENDIÁRIO DO REGIME



Nelson Sul D’Angola – Maka Angola

O ministro dos Antigos Combatentes e Veteranos da Pátria, general Kundi Paihama, na qualidade de membro do Bureau Político do MPLA, presidiu ontem, 4 de Agosto, na província de Benguela, a um comício eleitoral no Estádio Nacional de Ombaka.

Desde as primeiras eleições multipartidárias de 1992, cabe sempre ao general Kundi Paihama a coordenação da campanha eleitoral do MPLA em Benguela devido, sobretudo, à sua oratória incendiária.

O general Kundi Paihama animou uma audiência de cerca de 30,000 espectadores, usando sempre a linguagem do período de guerra, e de um MPLA construtor e uma UNITA destruídora.

No seu discurso, o general fez menção ao incidente ocorrido na passada Sexta-feira, que culminou em actos de agressão física de militantes da UNITA contra um responsável de educação do MPLA, numa disputa sobre colocação de bandeiras e panfletos partidários. Por sua vez, durante a intervenção da Polícia Nacional, os seus agentes espancaram um responsável e alguns militantes da UNITA e efectuaram disparos contra outros dois, que sairam ilesos. A Polícia Nacional prendeu quatro membros da UNITA, actualmente ainda detidos.

Reportando-se ao caso, Kundi Paihama afirmou, de modo enérgico, que os que tentarem lutar contra o MPLA ou o seu presidente “vão ser varridos”.

Inspirado, o membro do Bureau Político do MPLA recordou a revolução popular em curso na Síria, contra o regime ditactorial de Bashar Al-Assad e apelou aos militantes do seu partido para mobilizarem esforços na defesa do MPLA e do Presidente José Eduardo dos Santos. O ditador angolano encontra-se no poder há praticamente 33 anos, sem nunca ter sido eleito pelo povo.

O general insurgiu-se também contra a informação independente que tem circulado nas redes sociais, como o Facebook, onde amíude são denunciados casos de corrupção envolvendo altos dirigentes do MPLA e do governo, incluindo o próprio Kundi Paihama. Um desses casos, anteriormente exposto no Maka Angola, envolve a mansão milionária do general Paihama na cidade do Lubango, Huíla, avaliada em US $10 milhões.

Para o general, as denúncias são apenas actos de invejosos e indivíduos de má-fé que procuram travar o desenvolvimento do país liderado, obviamente, pelo Presidente José Eduardo dos Santos e o MPLA.

Dado o clima de tensão pré-eleitoral vivido em Benguela e noutras zonas do país, e os confrontos já registados, é no mínimo irresponsável qualquer intervenção dos líderes partidários que não condene inequivocamente actos de violência. No entanto, o tom incendiário de Kundi Paihama e as suas declarações sobre a capacidade do seu partido em “varrer” a UNITA, contribuem, pelo contrário, para agravar a tensão existente e configuram actos de incitação à violência, constituindo assim uma violação ao Código de Conduta Eleitoral.

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