terça-feira, 13 de novembro de 2012

Brasil: TUMULTO EM BELO MONTE, MULHERES OCUPAM TERRAS, CÂNCER NOS RURAIS

 


Desacordos trabalhistas provocam tumulto em obras de Belo Monte
 

Os principais canteiros de obra de Belo Monte foram palco de tumulto neste fim de semana em função de problemas trabalhistas e desacordos com a proposta de aumento salarial apresentada pelo Consórcio construtor da hidrelétrica.
 
De acordo com o Movimento Xingu Vivo, a primeira ação ocorreu na noite de sexta (9), quando foram incendiados quatro galpões do almoxarifado após a informação de que o aumento proposto pela empresa seria de apenas 7%. Já no sábado, os protestos tomaram conta do canteiro de Pimental, que, segundo uma liderança dos trabalhadores, teve instalações e alojamentos destruídos.
 
O trabalhador Emiliano de Oliveira afirma que o Sindicato da Construção Pesada do Pará (Sintrapav) fechou acordo com o Consórcio Construtor de Belo Monte (CCBM) de um aumento de 11% sem dialogar com a base. De acordo com Oliveira, o sindicato foi expulso do canteiro juntamente com toda a equipe administrativa do Sitio Pimental, mas houve uma rápida intervenção da Polícia Militar e da Força Nacional de Segurança.
 
Segundo os trabalhadores, a categoria tem três principais reivindicações que não foram negociadas ainda pelo sindicato: aumento salarial acima do oferecido, equiparação salarial entre os canteiros de obras e mudança de regras da baixada, que permitiram a folga para que possam visitar as famílias.
 
Segundo os trabalhadores, as forças policiais continuam guardando o canteiro de Pimental, mas o Consórcio já teria avisado que todos os operários devem retomar as atividades nesta segunda, sob pena de demissão sumária.
 
De acordo com um dos trabalhadores, o canteiro está destruído e não condições de trabalharem. Segundo lideranças da categoria, ainda não há uma posição oficial do sindicato frente às reivindicações dos operários, e não está descartada uma greve geral em Belo Monte a partir desta semana. (pulsar)
 
Mulheres do MST ocupam terras públicas invadidas pela Cutrale

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No último domingo (11), cerca de 300 mulheres do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) ocuparam a Fazenda Santo Henrique, da empresa Cutrale, no interior de São Paulo. Elas denunciam a grilagem de terras públicas e o uso de agrotóxicos.
 
As terras que a Cutrale explora pertencem ao Núcleo Colonial Monções, criado a partir do ano de 1909, quando a União adquiriu terras para assentamento de colonos imigrantes. As informações são do site do MST.
 
Em 2007, a Justiça Federal cedeu a totalidade do imóvel ao Instituto Nacional de Reforma Agrária (Incra), mas a empresa permaneceu na área com base em ações judiciais protelatórias.
 
Kelli Mafort, da direção nacional do MST, acusa a Cutrale de grilar as terras e passar a monopolizar a produção. A partir daí, segundo ela, “milhares de pequenos e médios agricultores foram à falência e milhares de hectares de plantação de laranja foram destruídos”.
 
Segundo a militante, a Cutrale usa em larga escala toda espécie de venenos, pesticidas e agrotóxicos, causando poluição das águas, especialmente o lençol freático que abastece o Aquífero Guarani.
 
Em 2011, a empresa foi condenada pelo Ministério Público do Trabalho (MPT) após terem encontrado trabalhadores em condições semelhantes à escravidão em seus alojamentos.
 
 
Inca aponta que uso de agrotóxicos aumenta casos de câncer no meio rural
 
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Estudos apresentados pelo Instituto Nacional do Câncer (Inca) mostram que as chances de um agricultor exposto a agrotóxicos desenvolver diversos tipos de câncer é mais alta que o normal. Em debate, agroecologia foi apresentada como alternativa.
 
As pesquisas, elaboradas pelas pesquisadoras Ubirani Otero, do Instituto Nacional do Câncer (Inca), e Neice Faria, da Universidade Federal de Pelotas (UFPel), foram apresentadas na última semana durante seminário sobre Agrotóxicos e Câncer. As informações são da Campanha Permante contra Agrotóxicos e Pela Vida.
 
Estudos toxicológicos detalharam no seminário mecanismos pelos quais as moléculas de agrotóxicos podem provocar o câncer. Segundo Ubirani Otero, essas substâncias químicas podem atuar como iniciadores, promotores e aceleradores de mutações, e a maioria das moléculas atua das três formas.
 
O coordenador-geral do Inca, Cláudio Noronha, disse que já se sabe que 90% dos casos de câncer são relacionados ao ambiente. Ele explica que “grande parte é relacionada ao tabagismo, mas outros agentes já são reconhecidos como cancerígenos”. Noronha declarou a participação do Inca na Campanha Contra os Agrotóxicos, e se comprometeu a fortalecer as pesquisas sobre o assunto.
 
Karen Friedrich, da Fiocruz, ressaltou que “os agrotóxicos não são um risco, mas uma realidade”. Segundo ela, “a política de desenvolvimento traz a tecnologia e também seus impactos, havendo muitos interesses por trás. Interesses esses que ficaram claros logo na abertura do evento diante da ausência do gerente-geral de toxicologia da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), Luiz Cláudio Meirelles.
 
O servidor teria denunciado um esquema de corrupção na liberação de agrotóxicos, e por isso estaria com o cargo ameaçado. Com isso, foi aprovada uma nota de apoio ao gerente-geral da Anvisa, exigindo imediata investigação do caso denunciado.
 
A agroecologia como modelo de produção também foi abordada no seminário. Christianne Belinzoni, do Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA), ressaltou o problema na assistência técnica, pois “não têm técnicos capacitados". Por isso, se torna mais fácil e cômodo mandar aplicar o veneno. Já Denis Monteiro, da Articulação Nacional de Agroecologia, ressaltou que a rede agroecológica está há mais de 20 anos provando que é possível produzir alimentos sem agrotóxicos. (pulsar)
 

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