No
Oeste do Pará quilombolas sofrem ameaças de fazendeiros que são contrários ao
processo de titulação de terra na região. A Comissão Pastoral da Terra (CPT)
alerta que a morosidade para a legalização do território da população
tradicional agrava ainda mais os conflitos agrários.
Os
processos de titulação chegam a se arrastar na Justiça por mais de dez anos.
João Lira é presidente da Associação Quilombola do Murumru, localizada no
município de Santarém e sofre com a falta de segurança para lutar por seus direitos.
Segundo ele, as ameaças são constantes e intimidadoras. O líder quilombola
relata que recebeu três bilhetes dizendo que cada passo do processo de
titulação que a sua comunidade realizasse, significaria mais um passo dele para
o cemitério.
O
caso é grave e para a Federação das Organizações Quilombolas de Santarém (FOQS)
o entendimento é que a ameaça a uma liderança quilombola é uma ameaça a todo o
movimento quilombola. A Federação também pede o apoio para que as denúncias
sejam apuradas e o caso divulgado às autoridades. O presidente da instituição,
Franciney de Oliveira, defende que os quilombolas estão em busca de um direito
garantido na Constituição e não podem se tornar reféns da morosidade judicial.
A
CPT afirma ainda que a demora no processo de titulação de territórios quilombolas na
região resulta em um quadro preocupante, que deixa em risco mais de 2 mil e 800
famílias. De acordo com a entidade, das 65 comunidades da região do Baixo
Amazonas, apenas sete foram tituladas, a última delas há 10 anos.
Ao
todo, cerca de 400 pessoas vivem em Murumuru, sobrevivendo da venda de açaí,
farinha, dos derivados da mandioca e da pesca. A cada ano a comunidade realiza
o tradicional Festival do Açaí, que está em sua décima nona edição. (pulsar)
Foto Luiz Guilherme Fernandes
*Com
informações da CPT
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