Foi
há um ano que se tornou conhecido o descontrolo na concessão de crédito do
Banco Espírito Santo Angola (BESA), um dos factores que levaria à implosão do
banco português. Milhares de milhões de euros desapareceram, alegadamente em
empréstimos a elementos da elite angolana. Hoje, o BESA é controlado pelo
Estado e é provável que nunca venham a ser conhecidos os nomes de todos os
beneficiários.
Se
os nomes continuam envoltos em mistério, os esforços das autoridades angolanas
para os manter longe da praça pública são hoje claros. Na quinta-feira, o
Correio da Manhã relatava em Lisboa que o ex- governador do Banco Nacional de
Angola, José de Lima Massano, mandou calar os presidentes de bancos portugueses
com negócios em Angola sobre o assunto.
Em
carta datada de 27 de março de 2014, Massano afirmava que os banqueiros não
estavam autorizados, sob nenhuma forma, a identificar as contas ou revelar o
nome de clientes com quem trabalhassem. Caso o fizessem, quebrando o dever se
sigilo, a autorização para trabalhar em Angola poderia caducar imediatamente.
Massano
ia ainda mais longe, segundo a mesma fonte. Se o Banco de Portugal quisesse
apurar algo junto das instituições, teria de comunicá-lo ao BNA. O facto é que
até hoje, e mesmo depois de em agosto de 2014 o Banco de Portugal ter avançado
para a resolução do BES, o supervisor bancário português não conseguiu lista
dos principais beneficiários de créditos do BESA.
Em
fevereiro de 2014, o assunto foi discutido no conselho superior do BES,
presidido por Ricardo Salgado. O crédito malparado estava avaliado em 5,7 mil
milhões de euros. E a liderança do banco acreditava que mais de 500 milhões de
euros tivessem sido distribuídos pela elite angolana, em troca de apoio e
favores. Tudo na gestão de Álvaro Sobrinho, que presidiu durante anos ao BESA.
As
ligações do BESA à elite angolana são bem conhecidas. Segundo o site Club K,
entre os beneficiários dos créditos estão “figuras do regime, com destaque para
membros do Bureau Político do MPLA”
África
Monitor
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