domingo, 23 de setembro de 2012

CONGRESSO DA FRELIMO FOCA NAS ELEIÇÕES DE 2014 EM MOÇAMBIQUE

 

Deutsche Welle
 
Quem será o novo líder do partido no poder em Moçambique já que, segundo a Constituição, o atual presidente da força política e do país, Armando Guebuza, não poderá se candidatar à presidência da República pela 3ª vez?
 
Começa no domingo (23.09) o X Congresso da FRELIMO, a Frente de Libertação de Moçambique, partido no poder. Em questão estarão diversos aspectos como a nova liderança do partido.
 
O atual líder da formação partidária, Armando Guebuza, que também é o atual presidente do país, não poderá se candidatar novamente ao cargo mais alto de Moçambique, porque já concluiu dois mandatos consecutivos.
 
Para a FRELIMO, um problema porque afinal, para ter mais força, o partido no poder em Moçambique espera que o líder da formação política e do país sejam a mesma pessoa.
 
O risco de uma força enfraquecer
 
Mas na cidade de Pemba, onde será realizado o Congresso, Guebuza deverá ser reconduzido à liderança do partido no poder em Moçambique, cargo que ele ocupa desde 2005.
 
A mais importante tarefa deste Congresso, nos próximos dias, é eleger 64 membros do comitê central e o presidente do partido. Controversamente, Armando Guebuza foi o único candidato proposto.
 
Para Fernando Lima, analista político moçambicano, isso se deve ao fato do partido ter adotado um estilo de liderança próprio a Guebuza: "O aparelho deste partido é um aparelho em que ele confia, logo a permanência de Guebuza na presidência da FRELIMO resulta de uma lógica de poder que foi construída ao longo dos últimos oito anos.”
 
Porém o partido no poder em Moçambique poderá enfrentar um problema prático, defende por seu turno Alfiado Zunguza, analista político do Centro de Resolução de Conflitos "Justa Paz" em Moçambique.
 
Ele explica que quando Guebuza foi eleito presidente, Joaquim Chissano ainda era presidente do partido. "Houve uma necessidade de Guebuza assumir também a presidência do partido porque se dizia que seria muito complicado haver dois poderes dentro do partido: o presidente da República e o líder do partido, que de certa forma traça as linhas estratégicas de governação do país."
 
A especulação sobre um "delfim"
 
Armando Guebuza não pode concorrer a um terceiro mandato mas o candidato da FRELIMO, ainda não designado, já é o principal favorito das eleições de 2014, por causa das fragilidades da oposição.
 
O analista Fernando Lima prevê as dificuldades que esse candidato à presidência teria em estabelecer-se não estando na presidência do partido. Segundo ele, as partes precisam mostrar força suficiente para que a FRELIMO "seja obrigada a considerar essas opções", esclarece.
 
"A segunda questão que é decorrente da vitória dessas forças seria que um candidato delfim de Guebuza seja apresentado para ser, não o presidente da FRELIMO mas, o candidato à presidência da República. Porque as duas coisas estão intimamente ligadas", refere Lima. "Candidato delfim" significa uma pessoa de confiança, o que poderia ser explicado como uma espécie de "príncipe herdeiro".
 
Marionete
 
Para Lima, a impossibilidade constitucional do atual presidente de Moçambique de cumprir outro mandato cria a hipótese de o futuro chefe de Estado ser controlado pelo Comité Central da FRELIMO.
 
Entretanto e segundo o analista Zunguza, existe também uma outra questão que está no centro das discussões dentro e fora da FRELIMO. Ele se refere ao posicionamento do partido em relação às linhas estratégicas que poderão guiar o desenvolvimento do país, "especialmente no que diz respeito à visão que tem na redistribuição da riqueza nacional, tendo em conta, por exemplo, as potencialidades na área de recursos naturais, especialmente de gás e potencialmente de petróleo, e também a exploração intensiva do carvão que se começa a efetuar em Tete (no centro de Moçambique)."
 
E quanto ao Congresso cujos trabalhos decorrerão entre 23 e 28 do corrente mês de setembro, Fernando Lima acredita que tudo favorece as forças de Armando Guebuza. "Mas não coloco de lado a hipótese de haver a necessidade de consenso com outras tendências dentro do Congresso", conclui.
 
Autora: Carla Fernandes - Edição: Bettina Riffel / António Rocha
 

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