quinta-feira, 17 de janeiro de 2013

Portugal: PORTAS, RELVAS E A RTP




Daniel Oliveira – Expresso, opinião

Entre pequeno-almoços e encontros, Miguel Relvas e Paulo Portas resolvem os seus diferendos em relação ao futuro da RTP. Talvez alguns portugueses gostassem de ter uma palavra a dizer sobre o assunto, mas é assim que por agora se governa em Portugal.

Miguel Relvas acha que... Duvido que Miguel Relvas ache realmente alguma coisa. Miguel Relvas tem, na sala de espera, uns angolanos e a Cofina que querem ficar com a RTP toda pagando apenas metade por ela. E nós ficamos, através da taxa do audiovisual, a financiar um canal que na prática será privado.

Paulo Portas defendia que se fizessem cortes na RTP e ela ficasse exclusivamente dependente da taxa e da publicidade. Não sei se os cortes permitem o serviço público, que inclui da RTP Internacional ao trabalho nos PALOP, do apoio ao audiovisual nacional ao espaço dado à sociedade civil, das delegações regionais à RTP Madeira e RTP Açores. Para isso precisava de ver números. Mas a proposta de Paulo Portas tem uma enorme vantagem: não é irreversível, ao contrário do negócio de Relvas, que não tem qualquer vantagem para os portugueses, para o Estado e para o mercado televisivo.

Segundo últimas notícias, Paulo Portas poderá terá cedido a um "mal menor": alienação da frequência de um dos canais da RTP, mantendo-se os outros canais, incluindo os internacionais, na esfera pública. Poderá o CDS apresentar esta solução como uma vitória. Mas seria mais uma estrondosa derrota, depois de todas as outras.

Não sei se o que move Portas é um jogo de equilíbrios políticos no governo (precisa desesperadamente de uma vitória interna), a pouca vontade de dar aos amigos de Relvas um tão forte instrumento mediático, o seu conhecimento mais profundo deste dossiê ou a consciência de que as propostas de Relvas nada têm a ver com as dificuldades financeiras do Estado. Sei que nesta matéria, onde tem sido de uma enorme clareza em relação às suas posições, ou leva até ao fim o que defende ou os seus eleitores podem começar a questionar-se da vantagem de ter o partido no qual votaram nesta coligação.

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