A Nação (cv) - Lusa
O representante
especial do Secretário-Geral das Nações Unidas para a Guiné-Bissau, José Ramos
Horta, considera que "mais cedo ou mais tarde" os Estados Unidos vão
"capturar mais uma pessoa" relacionada com o tráfico de droga.
Questionado numa
entrevista à rádio ONU, em Nova Iorque, sobre o problema do tráfico de droga na
Guiné Bissau, o responsável timorense explicou que "ao permitir ou serem
indiferentes que os gangs criminosos da Colômbia, da Bolívia, do Peru usem o
seu território como um ponto de transição, mais cedo ou mais tarde, eles [os
líderes locais] terão alguém - neste caso os americanos -, aterrando no seu
território e entrando em ação" e por isso considerou que "é melhor
que sejam as próprias autoridades da Guiné-Bissau a tomar esta atitude".
Assim, Ramos Horta
faz um apelo: "Indivíduos na Guiné-Bissau, no Exército ou política, que
estejam envolvidos, cessem todas as atividades e cooperem com as autoridades.
Acabem com as drogas. Se eles estiveram envolvidos no passado, terminem com
tudo completamente. Eu estou a avisar: mais cedo ou mais tarde, os americanos
vão capturar mais uma pessoa" para encher "as cadeias de
Manhattan".
Na entrevista, o
político timorense considera que os norte-americanos e os europeus têm razão em
intervir localmente na questão do tráfico de droga porque este é "um
problema sério" e argumenta que "quando você vê centenas de milhares
de americanos morrendo por causa da droga, quando você vê os cartéis de drogas
infiltrando instituições e criando instabilidade, seja nos Estados Unidos ou na
Europa, você não pode culpar os americanos ou os europeus por agirem".
Ainda sobre este
tema, Ramos Horta lembrou o exemplo da captura de bin Laden para sustentar que
os norte-americanos não devem ser subestimados: "Se eles foram capazes de
capturar a Al-Qaeda nas cavernas do Iémen, no Afeganistão e no Paquistão, pegar
alguém na Guiné-Bissau ou em qualquer lugar da África Ocidental é 'piquenique'
para eles".
No âmbito da sua
atuação como representante de Ban Ki-moon no acompanhamento da situação na Guiné
Bissau, Ramos Horta defendeu um "governo inclusivo" e sublinhou a
dificuldade do seu trabalho, exemplificando: "Os políticos da
Guiné-Bissau, como em qualquer parte do mundo, gostam de poder, de privilégios
e uma vez que você tem o poder político, você acha difícil ter que
compartilhá-lo. As pessoas dizem uma coisa de manhã, outra à tarde e outra à
noite. É difícil. Você tem que ser muito paciente e saber ouvir e não dar nada
por garantido".
Sem comentários:
Enviar um comentário