EL – PJA - Lusa
Ondjiva, 12 mai
(Lusa) - As autoridades angolanas anunciaram a abertura de novos furos de água
para ajudar a população a enfrentar a ameaça fome gerada pela seca persistente
no sul do país, noticiou hoje a agência Angop.
Citando o
diretor-geral dos Recursos Hídricos do Ministério de Energia e Água, Manuel
Quintino, a Angop escreve que a "redução do nível do lençol freático fez
com que haja necessidade de se efetuar a reabilitação e aprofundamento dos
furos existentes e a abertura de outros" para abastecimento de água às
populações e gado.
A medida tinha já
sido defendida sábado pela UNITA, maior partido da oposição angolana, por
intermédio da sua estrutura na província do Cunene, a mais afetada pela falta
de água e a ameaça de fome que pende sobre centenas de milhares de pessoas.
A situação de
emergência no Cunene foi revelada no passado dia 07 pelo governador provincial,
António Didalelwa, que em declarações ao único diário do país, o estatal Jornal
de Angola, alertou para pelo menos 300 mil pessoas ameaçadas de fome.
"A população
está a passar momentos difíceis, porque há dois anos que praticamente não chove
nas suas regiões, facto que está a prejudicar a economia das famílias, cuja
base de subsistência é a agricultura e a criação de gado", descreveu
António Didalelwa.
Um dia depois, em
declarações à Lusa, o bispo de Ondjiva, capital provincial do Cunene, Pio
Hipunyati, considerou que a seca que atinge a região é "a mais severa dos
últimos anos", ameaçando cerca de um milhão de pessoas.
A situação levou a
Comissão Económica do Conselho de Ministros a anunciar um Plano de Emergência
para o Cunene, que será executado por uma comissão coordenada pelo Ministério
do Planeamento e Desenvolvimento Territorial e integrada pelos ministérios da
Administração do Território, Assistência e Reinserção Social, Agricultura,
Saúde, Energia e Águas e pelo Governo da Província do Cunene.
"O referido
Plano tem por objetivo garantir de imediato a assistência médica e
medicamentosa, em bens alimentares e de distribuição de água potável às
populações mais carenciadas", acentua o comunicado saído da reunião.
No imediato, o
governo central tem estado a providenciar a distribuição de bens diversos à
população.
Sábado, a Angop
noticiou que mais 300 toneladas de bens alimentares e fármacos foram
distribuídos pelo através do Ministério da Assistência e Reinserção Social e
Serviço Nacional de Proteção Civil.
A Angop noticiou
ainda que para ajudar a proteger o gado, uma das maiores riquezas da região e
que está ameaçado pela falta de pasto e de água, está a ser organizado pelos
serviços de veterinária a vacinação dos animais nas zonas de transumância,
visando o combate as doenças bovinas.
O objetivo é
trabalhar com os criadores nos locais onde existe grande concentração de
animais, que devido à seca foram levados para serem alimentados noutros locais.
Segundo um
responsável dos serviços de veterinária, atualmente grandes manadas estão
concentradas ao longo da fronteira com Namíbia.
Mais de 66 mil
animais oriundos dos municípios do Curoca e Cahama encontram-se ao longo da
margem do rio Cunene e no norte do município do Cuvelai, precisou o
responsável.
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