quarta-feira, 20 de novembro de 2013

Programa cautelar: PORTUGAL VAI SER A COBAIA EUROPEIA

 

António Ribeiro Ferreira – Jornal i
 
Irlanda preferiu ficar sozinha para evitar a confusão europeia
 
"Eu tinha este medo de poder acabar em Bruxelas, às três da manhã, lá para Dezembro, com um caso de sucesso a ser transformado numa espécie de crise irlandesa, porque alguns países teriam de fazer passar a decisão nos seus parlamentos nacionais." Esta declaração do ministro das Finanças irlandês, Michael Noonan, ao "Sunday Business Post" explica tudo sobre a recusa da Irlanda em aderir a um programa cautelar e revela, por antecipação, o que irá acontecer a Portugal nos primeiros meses de 2014, quando começar a discutir no Eurogrupo o chamado pós-troika. "Diziam-nos sempre: 'Olhem, decidam como decidirem, apoiar-vos-emos na mesma, porque pensamos que a Irlanda está a fazer tudo bem e que vocês estão numa boa posição.'"
 
Michael Noonan faz uma radiografia exemplar do estado a que chegaram as instâncias europeias e o vespeiro que estava destinado à Irlanda como primeiro país sob resgate a experimentar os chamados programas cautelares: "O governo manteve contactos com os parceiros de alguns países-chave e com os responsáveis da troika, e constatou que, além de obter conselhos diferentes, nenhum deles era baseado em dados sólidos."
 
Com 25 mil milhões em caixa que lhe permitem evitar a ida aos mercados a curto prazo, Dublin jogou pelo seguro e deixou o caminho aberto para Portugal experimentar os dramas, as incertezas e a ira de alguns países pouco abertos a mais ajudas para quem entrou na bancarrota e tem dificuldades em ajustar as suas contas públicas. Por terra ficam também as análises de muitos especialistas nacionais em programas cautelares que nem os seus autores sabem como pôr em prática e muito menos adivinham os seus efeitos nas cobaias.
 

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