quarta-feira, 20 de novembro de 2013

Xanana Gusmão: "Grandes centros de decisão não ajudam países em transição"

 


O primeiro-ministro timorense, Xanana Gusmão, afirmou hoje que a crise financeira tem um impacto negativo sobre a democracia e criticou os "grandes centros de decisão mundiais" pela falta de apoio aos países em transição.
 
Xanana Gusmão, que recebeu o prémio Sakharov para a liberdade de expressão em 1999, é um dos laureados que está hoje em Estrasburgo a assinalar o 25.º aniversário desta iniciativa, no mesmo dia em que a ativista paquistanesa de 16 anos Malala Yousafzai recebe a distinção, atribuída pelo Parlamento Europeu.
 
Em declarações à Agência Lusa, o primeiro-ministro de Timor-Leste considerou que a crise económica mundial afeta não só a economia, mas "todo um programa de democratização" dos países em transição, sublinhando que são as medidas dos "grandes centros de decisão do mundo" que estão também na origem da crise financeira.
 
"Esta crise financeira mundial e as más políticas estão na base do agravamento da situação dos direitos humanos", assinalou.
 
"Os centros de decisão do mundo obrigam quase os países em transição a fazer tudo o que diz respeito à democracia e direitos humanos sem atender às circunstâncias de cada país, sem atender a um bom programa de apoio a transições, de forma a que quase nada se altera", criticou o líder timorense.
 
Sobre Timor-Leste, que considerou também como um país em transição, Xanana Gusmão afirmou que se encontra numa "situação peculiar" graças à capacidade de se autossustentar e que, por isso, não sofre tanto os efeitos da crise económica.
 
"Há implicações, mas não afeta o processo democrático que está a ser construído", apesar do pequeno grande percalço de 2006-2007, sublinhou.
 
Xanana Gusmão destacou o esforço para "sacudir as consciências para a democracia" na Ásia, salientando que a democracia "é a base para começar a implementar os princípios dos direitos humanos".
 
O governante timorense afirmou que o prémio Sakharov foi, no seu caso, "um reconhecimento da fé e da perseguição da liberdade" e que contribuiu para o "ensejo de criar nos timorenses uma esperança no futuro".
 
"O prémio motivou-me, incentivou-me a não me calar quando vejo que as coisas não acontecem como deveriam acontecer e são contrárias ao que deveria ser o caminho mais correto", acrescentou Xanana Gusmão.
 
Lusa, em Notícias ao Minuto
 

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