O primeiro-ministro
timorense, Xanana Gusmão, afirmou hoje que a crise financeira tem um impacto
negativo sobre a democracia e criticou os "grandes centros de decisão
mundiais" pela falta de apoio aos países em transição.
Xanana Gusmão, que
recebeu o prémio Sakharov para a liberdade de expressão em 1999, é um dos
laureados que está hoje em Estrasburgo a assinalar o 25.º aniversário desta
iniciativa, no mesmo dia em que a ativista paquistanesa de 16 anos Malala
Yousafzai recebe a distinção, atribuída pelo Parlamento Europeu.
Em declarações à
Agência Lusa, o primeiro-ministro de Timor-Leste considerou que a crise
económica mundial afeta não só a economia, mas "todo um programa de democratização"
dos países em transição, sublinhando que são as medidas dos "grandes
centros de decisão do mundo" que estão também na origem da crise
financeira.
"Esta crise
financeira mundial e as más políticas estão na base do agravamento da situação
dos direitos humanos", assinalou.
"Os centros de
decisão do mundo obrigam quase os países em transição a fazer tudo o que diz
respeito à democracia e direitos humanos sem atender às circunstâncias de cada
país, sem atender a um bom programa de apoio a transições, de forma a que quase
nada se altera", criticou o líder timorense.
Sobre Timor-Leste,
que considerou também como um país em transição, Xanana Gusmão afirmou que se
encontra numa "situação peculiar" graças à capacidade de se
autossustentar e que, por isso, não sofre tanto os efeitos da crise económica.
"Há
implicações, mas não afeta o processo democrático que está a ser
construído", apesar do pequeno grande percalço de 2006-2007, sublinhou.
Xanana Gusmão
destacou o esforço para "sacudir as consciências para a democracia"
na Ásia, salientando que a democracia "é a base para começar a implementar
os princípios dos direitos humanos".
O governante timorense
afirmou que o prémio Sakharov foi, no seu caso, "um reconhecimento da fé e
da perseguição da liberdade" e que contribuiu para o "ensejo de criar
nos timorenses uma esperança no futuro".
"O prémio
motivou-me, incentivou-me a não me calar quando vejo que as coisas não
acontecem como deveriam acontecer e são contrárias ao que deveria ser o caminho
mais correto", acrescentou Xanana Gusmão.
Lusa, em Notícias
ao Minuto
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