A
Praça dos Mártires de Pindjiguiti foi hoje (3.8) inaugurada em Bissau na presença do
presidente da Assembleia Nacional Popular, Cipriano Cassamá, do ex-Chefe de
Estado de Cabo Verde, Comandante Pedro Verona Pires, do primeiro-ministro da
Guiné-Bissau, Domingos Simões Pereira, de membros do Governo, algumas
individualidades e sobreviventes do “massacre de Pindjiguiti”.
A
inauguração da “Praça de Mártires de Pindjiguiti” completamente requalificada,
insere-se no âmbito da comemoração de 56⁰
aniversário do referido acontecimento.
Na
sua intervenção, o líder do Parlamento guineense enfatizou que a homenagem aos
Mártires de Pindjiguiti tem um significado especial na medida em que “já
passaram cinquenta e seis anos depois do acontecimento e sempre se repetiu a
mesma expressão ao longo de épocas”. Para Cassamá a “história de um país deve
ter também rostos”.
Referiu
ainda que a história tem que ser a soma de histórias de muitos homens e
mulheres que são “figuras anónimas e humildes que fizeram a sua obra não porque
quiseram ser heróis mas porque lutaram em prol da justiça social”.
“Não
é com uma mesa redonda que construímos o nosso futuro, teremos que ser nós
guineenses os responsáveis pelo nosso futuro combatendo a corrupção e
moralizando o Estado da República da Guiné-Bissau”, defendeu o presidente da
Assembleia Nacional Popular.
Por
seu lado, o ministro da Função Pública, Admir Nelson Belo afirmou que a
preocupação dos Centrais Sindicais coincide exactamente com a preocupação do
executivo, consubstanciada na necessidade de promover a reorganização geral do
aparelho de Estado.
“Temos
que nos empenhar todos para que o processo da modernização administrativa seja
uma realidade com vista a encontrarmos soluções para todos os problemas”,
afirmou.
Belo
reconheceu o papel da comunidade internacional no acompanhamento do país em
sectores vitais para o desenvolvimento e disse que o governo tudo fará no
sentido de criar condições para a implementação efectiva da visão traçada no
Plano Estratégico 2015/2025.
Em
relação ao salário dos funcionários públicos, o titular da pasta da Função
Pública, disse que o Governo através de um despacho conjunto dos ministérios da
Função Pública, Reforma Administrativa e da Economia e Finanças, criou uma
comissão técnica com a missão de proceder ao reajuste salarial dos servidores
de Estado.
Na
sua comunicação, o governante assegurou que nas próximas semanas o executivo
terá uma reunião com o Fundo Monetário Internacional (FMI), da qual se irá
debruçar sobre a questão da nova tabela salarial dos funcionários públicos.
O
presidente da Câmara Municipal de Bissau, Adriano Ferreira (Atchutchy), pediu
na ocasião aos cidadãos guineenses a respeitarem os sobreviventes de “massacre
de Pindjiguiti” bem como os que tombaram, mantendo limpa a cidade de Bissau.
Para
o Secretário-Geral da União Nacional dos Trabalhadores da Guiné (UNTG), Estevão
Gomes Có, a dimensão histórica do massacre de pindjiguiti reaviva a memória ao
trágico acontecimento de 03 de Agosto de 1959.
O
sindicalista lembrou que nesta data “mais de cinquenta trabalhadores foram
ignobilmente assassinados pelo bárbaro regime colonial português”.
“Essa
é uma história que remonta cinquenta e seis anos de tristeza e dolorosas
recordações, mas que traz com ela a lição de que, vale a pena ser morto por
alguém na luta pela nobre causa do que deixar-se morrer a morte natural na
escravidão sem merecida dignidade enquanto ser humano trabalhador e
transformador da sociedade”, assinalou o sindicalista.
Este
sindicalista afirmou que as aspirações dos marinheiros de Pindjiguiti em 1959
ainda não foram, nomeadamente a criação da melhoria de condições de trabalho e
de vida. Defendeu o imperativo da boa governação capaz de restituir a confiança
necessária e que estimule os trabalhadores a trabalharem com abnegação para o
aumento da produção e da produtividade.
“A
desigualdade social entre os titulares de cargos públicos e o trabalhador
gerador de rendimento ultrapassa os limites admissíveis para o nosso país. A
pobreza e a miséria que atingem milhões de mulheres e homens na Guiné-Bissau, requer
uma nova aliança contra a exclusão social, injustiça, corrupção, impunidade e a
ociosidade, mas estamos convencidos de que não haverá desenvolvimento económico
sem a sustentabilidade social e que, sem ambos, teremos um país, cada vez mais
inseguro e mais pobre, apesar de riquezas da sua população e dos recursos
naturais que possui”, advertiu o sindicalista.
Aissato
Só/Aguinaldo Ampa – O Democrata (gb)
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