segunda-feira, 13 de junho de 2011

Timor Leste: O POLVO




BEATRIZ GAMBOA* - reposição

QUEM?

"Nós, AMP, a 19 de junho, tivemos uma reunião em Balibar, para vermos a nossa política até 2012, e chegámos todos à conclusão de que, por necessidade de garantir a estabilidade no país, vamos governando até lá", diz a Agência Lusa das palavras do primeiro ministro timorense, pronunciadas ontem.

Segundo Gusmão nada se alterou desde Junho até agora na realidade governativa, social e político partidária timorense, pelo que se mantêm a análise e decisão de cumprir o decidido pela AMP há três meses. A demissão de Carrascalão, um vice primeiro ministro, pelas razões apontadas na sua carta de resignação são letra morta para o primeiro ministro Gusmão: os que se sentam ao lado de Gusmão em conselho de ministros não são corruptos, não têm nos seus ministérios casos de corrupção que ocultam, participam ou que, pelo menos, consentem. O elenco do governo de Gusmão é imaculado. Os ministros, secretários de estado, diretores de serviços, etc., etc, não demonstram viverem muito acima do que os seus vencimentos permitiriam e se viverem é porque devem de ter alguma árvore de dólares no quintal. Gusmão e os seus ministros não têm permitido que familiares e amigos obtenham negócios com o Estado timorense por métodos dúbios. Tudo tem sido governado e gerido com a maior das transparências e no respeito pleno pela legalidade. Se assim tem ocorrido e ocorre porque razão Gusmão deve ou devia de remodelar o governo?

O que aconteceu com Mário Carrascalão e com o que consta na carta de resignação é mentira. Este governo de Gusmão é o mais honesto dos governos que Timor-Leste alguma vez viu. E se é vista ostentação e manifestos sinais exteriores de riqueza por parte de aliados e ministros do governo deve-se à tal árvore de dólares que têm no seu jardim ou quintal. Há mesmo os que possuem essa espécie arborícola em grandes vasos dentro de casa. Depois basta abanar que as notas caem por si.

Gusmão fez saber que não vai fazer nenhuma auditoria ao gabinete de Mário Carrascalão, ex-vice primeiro ministro, como é solicitado na carta de resignação. "O Inspetor geral vai verificar o património, a documentação e os arquivos, para ser feito o termo de entrega, mas não vamos fazer nenhuma auditoria". Disse Gusmão em declarações citadas pela Lusa.

É capaz de dar-lhe jeito que não faça a tal auditoria. Mais tarde sempre pode insinuar, ou aliados em vez dele, que Mário Carrascalão não está isento de falcatruas no gabinete que chefiou. Aliás, isso já aconteceu em declarações de há dias. Haverá os que possam pensar: “Gusmão, ou os de Gusmão, fazerem isso?” Não… Só in extremis.

O que Mário Carrascalão faria bem seria ativar os mecanismos legais que tolham essa possibilidade a um primeiro ministro que ele sabe que joga muito sujo, com todas as armas que possui e ainda mais as que retira do esgoto, seu local preferido de armazenamento.

Hoje parece ainda mais corresponder à certeza que Gusmão está uno e indivisível com os processos corruptivos, de conluio e nepotismo já denunciados e até comprovados. A impunidade permite-lhe que nada de extraordinário tolha as suas decisões de dar continuidade ao desenvolvimento do criminoso polvo que domina o seu governo e a sociedade timorense. Alega falsamente que não quer provocar instabilidade. Como se a miséria em que os timorense sobrevivem não seja por si só instabilidade. Ainda mais por saberem que há milhões a desaparecerem sem que deles sejam dadas contas.

Temos assim o entendimento de que Gusmão mantém tudo como estava antes das denúncias e demissão de Mário Carrascalão. Como sempre manteve após as anteriores denúncias. Solicitou à justiça timorense que accionasse com urgência o que possui sobre corrupção nas suas gavetas, cofres, sanitas e pastas. Ana Pessoa apressou-se a responder à voz do dono dizendo que já algo vai a caminho… Como se alguém acreditasse na justiça timorense.

Gusmão não remodela o governo. Como poderia fazê-lo? E depois, o que seria do polvo? Como reagiria o polvo? Afinal só o polvo tem possibilidades de remodelar ou de derrubar este governo. O polvo? Quem?

Não se deve criar instabilidade ao polvo…

A tudo isto o PR Ramos Horta… Quem?


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