quinta-feira, 21 de março de 2013

Cabo Verde: A CAMINHO DO ABISMO, PM CONSIDERA 2 PRIMEIROS ANOS EXIGENTES




Oposição considera que Cabo Verde está a caminhar para o "abismo"

21 de Março de 2013, 09:11

Cidade da Praia, 21 mar (Lusa) - O líder do Movimento para a Democracia (MpD, oposição em Cabo Verde) fez uma apreciação negativa dos dois anos da governação do PAICV, que hoje se cumprem, e considerou que o país está a caminhar "para o abismo".

"A situação do país, da maioria das pessoas e das empresas cabo-verdianas degradou-se. O rendimento disponível diminuiu porque não há emprego, não houve aumento salarial e a carga fiscal aumentou", disse Carlos Veiga, para quem a atividade económica diminuiu, levando à estagnação da economia.

Segundo Carlos Veiga, citado pela Inforpress, agravaram-se os desequilíbrios macroeconómicos, sobretudo a dívida, o défice e o desemprego.

Para o líder da oposição, a generalidade das promessas eleitorais e pós-eleitorais -- 13.º mês, salário mínimo, devolução de impostos, majoração de pensões sociais, aumentos salariais para certas categorias de servidores públicos - "não foi cumprida e foi, em alguns casos, expressamente renegada".

Na opinião do presidente do MpD, mantêm-se a partidarização, o nepotismo, o conflito de interesses e o clientelismo na Administração Pública, enquanto os municípios são "sufocados", a justiça mostra-se "cada vez mais ineficiente", ao mesmo tempo que e a insegurança e a violência aumentaram.

"Os escândalos sucedem-se com gestores e dirigentes administrativos camaradas", observou o líder do maior partido da oposição, apontando que os projetos de infraestruturas revelam "claros indícios de gestão danosa e laivos de corrupção".

Segundo Carlos Veiga, a corrupção estende-se a muitos outros setores, como na concessão de licenças de pesca e de farmácias.

"As políticas económicas, quando as há, não trazem resultados", observou, lembrando o que considera como "caos" na Direção Geral de Contribuições e Impostos (DGCI), reportado no relatório do FMI.

Os cabo-verdianos, afirmou o líder do MpD, não têm razões para confiarem no Governo de José Maria Neves, cuja marca é "não cumprir o que promete e não ser rigoroso no que diz fazer e no que faz, comprometendo o futuro do país".

"Muitos cabo-verdianos, designadamente os jovens, estão desiludidos com o Governo em que votaram há dois anos", assegurou Carlos Veiga, indicando que o país está a "caminhar para o abismo".

"É preciso inverter isso. E, para o conseguir, de forma sustentada, só com reformas profundas, sobretudo económicas", declarou o presidente do MpD.

Lembrou que o partido que liderará até junho já fez propostas nesse sentido tanto nos debates sobre o Estado da Nação e sobre o Estado da Justiça em 2012, como sobre o Orçamento do Estado para 2013.

Para Carlos Veiga, por razões eleitoralistas ou ideológicas, o Governo do PAICV "não tem coragem" para fazer as reformas "cruciais para o futuro do país", para que se incentive um crescimento económico "robusto e sustentado", que resulte em rendimento para as pessoas e as empresas e crie também emprego.

O Partido Africano da Independência de Cabo Verde (PAICV) ganhou, pela terceira vez consecutiva, as eleições legislativas de 06 de fevereiro de 2011, elegendo 38 dos 72 lugares na Assembleia Nacional, contra 32 do Movimento para a Democracia (MpD) e dois da União Cabo-Verdiana Independente e Democrática (UCID).

JSD // VM

Primeiro-ministro de Cabo Verde considera "exigentes" dois primeiros anos de mandato

21 de Março de 2013, 09:10

Cidade da Praia, 21 mar (Lusa) - O Governo do PAICV completa hoje o segundo ano do terceiro mandato, com o primeiro-ministro de Cabo Verde a considerá-lo "positivo", argumentando que os últimos 24 meses foram "muito exigentes".

"Foram anos muito exigentes, porque, no terceiro mandato, não há período de graça. As pessoas exigem muito e, graças ao trabalho feito pelo Governo, foram anos muito gratificantes, porque houve muito trabalho para fazermos face a este momento muito exigente por que passa o mundo", justificou José Maria Neves.

"Os desafios foram enormes, estamos num momento de transição e as ajudas públicas estão a acabar. Agora temos de poder criar riquezas internas e andar pelos nossos próprios pés. O mais difícil que existe na governação é gerir esses momentos de transição, em que saímos de uma velha ordem para uma nova", sustentou.

Em declarações à Inforpress, Neves disse que, para os próximos tempos, os desafios de Cabo Verde passam pelo crescimento da economia, redução da pobreza, geração de empregos e criação de oportunidades.

"Queremos deixar de ser um país de rendimento médio para nos tornarmos um país desenvolvido e isto implica uma profunda transformação de Cabo Verde. Implica abrir novas avenidas e construir novas parcerias", defendeu o chefe do Governo, na avaliação dos dois anos do seu terceiro mandato.

No seu entender, a terceira vitória do PAICV nas legislativas de 2011 mostra que os cabo-verdianos têm avaliado positivamente os "progressos significativos" nas principais áreas de desenvolvimento humano - boa governação, luta contra a pobreza, promoção do meio ambiente, desenvolvimento do capital humano e proteção social.

Segundo Neves, apesar das circunstâncias decorrentes da crise da Zona Euro, o PIB real per capita de Cabo Verde aumentou, aproximando-se dos 4.000 dólares (3.076 euros), enquanto a pobreza tende a descer para os 20% (era de 48% em 2000).

Reconheceu, contudo, que "são ainda recorrentes certas deficiências económicas e sociais", dado que o arquipélago continua a enfrentar desafios a longo prazo, para o que precisa de uma liderança "cada vez mais transformadora".

"Precisamos de mais inclusão económica e social e de melhorar, de forma mais substancial, as condições de vida de todos os cabo-verdianos", afirmou Neves, para quem os ganhos preconizados têm de ser "sustentáveis e irreversíveis".

"Produzir mais riqueza, produzir mais e melhor", defendeu o também líder do Partido Africano da Independência de Cabo Verde (PAICV), exige uma economia dinâmica, em que o crescimento deve ser sustentado e o setor privado inovador, competitivo e gerador de empregos, e uma regulação reforçada.

A ambição do chefe do executivo é que Cabo Verde se torne um centro internacional de serviços e com uma competitividade global assegurada através da criação de "clusters" de desenvolvimento como o mar, o céu, as tecnologias de informação, as finanças, o turismo, e as energias renováveis e criativas.

O PAICV ganhou, pela terceira vez consecutiva, as eleições legislativas de 06 de fevereiro de 2011, elegendo 38 dos 72 lugares na Assembleia Nacional, contra 32 do Movimento para a Democracia (MpD) e dois da União Cabo-Verdiana Independente e Democrática (UCID).

JSD // MLL

Sem comentários:

Mais lidas da semana