quinta-feira, 21 de março de 2013

Guiné-Bissau: RÁDIO NACIONAL EM GREVE, DESAPARECERAM 9 MILHÕES DE EUROS




Funcionários da Rádio Nacional da Guiné-Bissau iniciam greve geral de nove dias

21 de Março de 2013, 14:39

Bissau, 21 mar (Lusa) - Os funcionários da Radiodifusão Nacional (RDN, emissora estatal) da Guiné-Bissau iniciaram hoje uma greve de nove dias para exigir melhoria de condições de trabalho e protestar contra incumprimentos de acordos assinados com o Governo.

De acordo com Aliu Seidi, presidente do comité de base dos trabalhadores, a greve é observada a partir de hoje, estando a rádio a emitir apenas música clássica e um anúncio, que esporadicamente explica os motivos da paralisação e pede desculpa aos ouvintes.

O sindicalista explicou que a greve é para exigir do Governo o cumprimento de "promessas antigas", nomeadamente novas instalações para a RDN (que funciona nas dependências do quartel da Marinha), efetivação de "dezenas" de trabalhadores em regime de estágio "há vários anos", e ainda o pagamento de salários e subsídios em atraso.

Aliu Sedi disse que se o Governo não providenciar a mudança de instalações a rádio poderá fechar durante toda a época das chuvas.

"Se o Governo não mudar a rádio das atuais instalações, vamos fechar as portas entre junho a outubro, porque não estamos mais dispostos a enfrentar perigos de vida aqui durante a época das chuvas", avisou, lembrando que há infiltrações de água "por todo o lado" e que no ano passado um técnico quase morreu eletrocutado.

Seidi lembrou que "há muito" que a estação passa por dificuldades, apontando que os grupos geradores de vários centros de retransmissão do sinal da rádio nacional no interior são abastecidos com dinheiro da cooperação com Portugal e França.

"O Governo devia dar gasóleo para alimentar o estúdio central de Bissau, mas quase sempre não o faz, por alegada falta de meios. Pergunto, se um dia a RDP (Portugal) e a RFI (França) deixarem de dar gasóleo para os centros emissores regionais que será da RDN? Vai parar?", questionou Aliu Seidi.

Ainda sobre as dificuldades por que passam os profissionais da RDN, Seidi evocou a recente medida do governo que proíbe que sejam dadas notícias relacionadas com as candidaturas para a liderança do PAIGC (Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde), com congresso marcado para maio.

"Não vamos respeitar essa ordem, a não ser que seja escrita por quem a tomou. Nós, profissionais da RDN não nos envolvemos nas querelas entre políticos. Os governos veem e vão e por sermos jornalistas estaremos sempre aqui", observou Aliu Seidi.

O sindicalista diz que os funcionários da RDN não compreendem a proibição da cobertura das primárias do PAIGC (partido mais votado nas últimas eleições), lembrando que no passado a rádio nacional sempre cobriu as campanhas em eleições internas dos partidos.

A Liga Guineense dos Direitos Humanos solidarizou-se hoje com os trabalhadores da RDN e com o Sindicato dos Jornalistas, que criticam a decisão do Governo, e condenou "todas as manobras de intimidação e perseguição contra jornalistas, assim como ordens ilegais e de censuras".

Em comunicado, a Liga afirma-se preocupada com denúncias de "atos de intimidação e perseguição dos jornalistas" e com censura nos órgãos públicos "por motivos exclusivamente políticos".

A Liga exige o levantamento de todas as ordens ilegais de censura.

MB/FP // VM

Antiga ministra da Guiné-Bissau ouvida sobre desaparecimento de nove milhões de euros

21 de Março de 2013, 16:04

Bissau, 21 mar (Lusa) - A ministra da Economia do Governo deposto da Guiné-Bissau, Helena Embaló, foi ouvida hoje no Ministério Publico num processo relacionado com o alegado desaparecimento de 9,1 milhões de euros, disse fonte judicial.

Segundo Rui Sanhá, vice-Procurador-Geral da República, a antiga governante está a ser ouvida para que se saiba da sua eventual responsabilidade no paradeiro da ajuda orçamental que Angola concedeu à Guiné-Bissau em 2011, mas que não terá entrado nos cofres do Estado guineense.

"É uma audição normal. Estão a decorrer aqui no Ministério Publico vários processos em relação aos desvios que aconteceram no passado e é precisamente no âmbito de um desses processos que ela está a ser ouvida. Foi chamada como peça fundamental para esclarecer algumas situações", disse Rui Sanhá.

"Tendo sido ministra da Economia na altura, não se podia assinar qualquer convenção sem o conhecimento dela e consta que foi ela quem assinou. Parece-nos que foi ela quem assinou, mas mesmo que não tivesse sido ela não se pode assinar uma convenção de financiamento sem o conhecimento do Ministério da Economia", acrescentou Sanhá.

O vice-Procurador guineense disse que o processo "está no bom caminho" e que brevemente os resultados dos inquéritos serão conhecidos.

No âmbito do mesmo processo, o ex-ministro das Finanças José Mário Vaz foi detido durante três dias no passado mês de fevereiro, tendo sido posto em liberdade mediante medidas de coação, nomeadamente a proibição de sair do país sem autorização do Ministério Publico e ainda termo de identidade e obrigação de permanência.

MB // VM

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