Nicolau Santos –
Expresso, opinião
Esqueçam o
Orçamento do Estado para 2014, o programa cautelar, o segundo resgate! Tudo
indica que essas já são preocupações do passado porque o Governo concentra
agora atenções noutras áreas.
A boa nova foi
conhecida hoje: vai sair legislação que define que, a partir da sua publicação,
os portugueses só podem ter em casa dois cães e quatro gatos.
A situação é grave
e por isso o Governo mostra-se firme. Não são possíveis outras combinações.
Três cães e três gatos. Um cão e quatro gatos ou o contrário. Seis cães. Seis
gatos. Esqueçam! O Governo determinou, está determinado.
De uma assentada, o
Governo envia várias mensagens. A primeira é que o pior, do ponto de vista
económico, já passou. Um Governo que se pode ocupar do número de cães e gatos
na nossa casa atribui à situação económica a preocupação do tamanho de um
periquito.
A segunda é que o
Governo quer resolver o problema do desemprego. E que ideia mais genial essa de
limitar o número de cães e gatos numa habitação! Ora para fiscalizar esta
decisão serão necessário milhares, se não milhões de pessoas para o fazer. É
emprego que se cria, mesmo que na esfera pública. Mas é emprego, c'os diabos!
E a terceira
mensagem é de desprezo para com os nossos credores. Estão muito preocupados em
receber o dinheiro que nos emprestaram? Pois nós já estamos preocupados com
outras coisas, bem mais importantes do ponto de vista civilizacional, cultural,
humanístico - o número de animais por habitação! Isto sim é progresso,
modernidade, visão de futuro! Pagar o que devemos deixou de ser um problema
para nós, o desemprego está em vias de ser resolvido, a crise acabou e a Pátria
está salva!
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