Helena
Tecedeiro – Diário de Notícias
Vice-primeiro-ministro
Yannis Dragasakis garante que solução com credores é prioridade, mas não a todo
o custo. Corte de salários e aumento de impostos são "linhas
vermelhas".
A
cinco dias de uma reunião do Eurogrupo - em Riga, na Letónia - que poucos acreditam
venha a resultar num acordo entre a Grécia e os credores, o
vice-primeiro-ministro grego, Yannis Dragasakis, reafirmou ontem que Atenas não
irá "ultrapassar as linhas vermelhas que traçou". E se não se
conseguir entender com os parceiros europeus, o número dois do governo do
Syriza admite duas alternativas: novas eleições ou um referendo sobre o que
fazer a seguir.
"Se
chegarmos a junho [quando expira a extensão do resgate] sem acordo, tudo ficará
muito mais difícil", admitiu Dragasakis em entrevista ao jornal grego To
Vima. O vice-primeiro-ministro garantiu que Atenas quer entender-se com os
parceiros para uma solução "dentro do euro" sobre as reformas a
implementar de forma a desbloquear a última tranche de ajuda - 7,2 mil milhões
de euros. Mas não a todo o custo. E insistiu nas "linhas
vermelhas" do Syriza: corte de salários e aumento dos impostos.
Se
o impasse se mantiver, o ministro admitiu que será necessário procurar outras
soluções. Afinal, a Grécia está rapidamente a ficar sem dinheiro e nas próximas
semanas poderá ter de escolher entre pagar salários e pensões ou pagar aos
credores. Em maio, Atenas terá de efetuar pagamentos ao Fundo Monetário
Internacional (FMI) de mil milhões de euros. E numa carta enviada em março à
chanceler alemã, Angela Merkel, o primeiro-ministro grego, Alexis Tsipras,
garantia que, se tiver de escolher, optaria por pagar os salários e pensões.
Eleito
a 25 de janeiro com promessas de pôr fim à austeridade, o governo do Syriza tem
chocado com a intransigência dos parceiros europeus que lhe exigem reformas em
troca da ajuda financeira. Ontem, Dragasakis garantiu que apesar das pressões,
da Comissão Europeia, do FMI e do BCE, os três membros da odiada troika,
"não podemos ser outra coisa a não ser aquilo que somos". E a verdade
é que todas as sondagens mostram que, se as eleições fossem hoje, a
esquerda radical voltaria a ganhar.
Na
foto: Yannis Dragasakis com o primeiro-ministro Alexis Tsipras
Sem comentários:
Enviar um comentário