segunda-feira, 10 de setembro de 2012

Mineiros de Marikana mantêm paralisação, 15 mil colegas da Goldfields entram em greve

 

AP – Lusa, com foto
 
Rustenburg, África do Sul, 10 set (Lusa) - Os mineiros da Lonmin, em Marikana, no noroeste da África do Sul, mantiveram hoje a paralisação laboral que dura há quatro semanas, optando por marchar para uma outra mina da empresa na região exigindo que também ela seja paralisada pelos trabalhadores.
 
Ignorando apelos dos sindicatos e administração, que assinaram um pacto na semana passada que previa o regresso ao trabalho no dia de hoje e o recomeço das negociações salariais, centenas de mineiros marcharam pelas ruas de Marikana, e manifestaram-se à entrada da mina Eastern Platinum exigindo que os seus colegas paralisem em solidariedade com eles e com os mais de 30 mineiros mortos a 16 de agosto num confronto com a polícia.
 
Os mineiros insistem que não voltarão ao trabalho até que a Lonmin aceite a sua reivindicação de aumentar os salários dos operadores de máquinas de perfuração para os 12.500 rands mensais (1.190 euros). Atualmente, os mineiros auferem um salário médio de 4 mil rands (380 euros) mensais, além de assistência médica gratuita e alguns outros benefícios sociais.
 
Entretanto, em Springs, a leste de Joanesburgo, 15 mil trabalhadores da mina KDC West da empresa Goldfields entraram hoje em greve, depois de em finais da semana passada a empresa ter chegado a acordo com um grupo de 12 mil que trabalham na mina de KD East e que tinham início a uma greve ilegal.
 
À semelhança dos conflitos laborais que abalam a indústria da platina, na zona de Rustenburg, também nas minas de ouro da Goldfields o surgimento de novos sindicatos no setor, que ameaçam a hegemonia do NUM (Sindicato Nacional dos Mineiros), é apontado como um dos fatores na génese das mais recentes paralisações, feitas sem os necessários pré-avisos e outros requisitos legais que regulamentam as relações laborais no país.
 
No caso de Marikana, a situação assume contornos de uma completa ausência de liderança sindical, com os sindicatos a assinar acordos que os seus membros não respeitam, o que tem forçado o Ministério do Trabalho e os seus órgãos de mediação a aceitarem à mesa das negociações sindicatos e comités de representantes dos mineiros, cada um deles com agendas e reivindicações diferentes.
 

Sem comentários:

Mais lidas da semana