“Negros já
somam 52% da classe média brasileira” diz título de reportagem de Sergio Leo,
publicada pelo jornal Valor, em 09/11. Os números são da Secretaria de Assuntos
Estratégicos (SAE), ligada à Presidência da República.
O órgão se
especializou em divulgar números que fazem acreditar que o País se aproxima
rapidamente de uma situação de invejável justiça social. Mas a realidade
verificável no dia a dia não parece levar a tal conclusão. Muito provavelmente,
trata-se de problemas de metodologia.
Para a SAE, são de
classe média famílias com renda entre R$ 291 e R$ 1.019 por pessoa. Os valores
já são questionáveis por si só. Mas, além disso, a definição não considera
outras variáveis, como acesso a certos serviços e direitos, nível de
escolaridade, etc.
A própria
reportagem avisa que a definição adotada pelo governo “pouco tem a ver com o
conceito sociológico de ‘classe média’, tradicionalmente ligado aos chamados
trabalhadores de ‘colarinho branco’ e nível médio de instrução”.
Afinal, diz a
matéria, 64% dessa nova “classe média” tem, no máximo, ensino fundamental
completo. Por outro lado, o extrato populacional que mais contribui para o
aumento desse setor intermediário é formado por negros.
Segundo a SAE, em
2002, a população negra correspondia a 31% dessa nova “classe média”. Em 2012,
ela teria chegado a 52%.
Resumindo, é bem
provável que uma grande parte da população que ganhou renda nem por isso
conquistou melhores condições de vida. Não à toa, a maioria dessa parcela é
formada por negros. O racismo brasileiro continua muito eficiente.
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*Sérgio Domingues é
Militante social e partidário (PSOL). Membro do coletivo Revolutas. Também tem um blog sobre
mídia: Mídia Vigiada. Sociólogo.
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