Presidente do Banco
Alimentar diz que não há miséria em Portugal - vídeo
Beatriz Silva – i online
A presidente do
Banco Alimentar Contra a Fome afirmou que “cá em Portugal não existe miséria”,
apesar " de estarmos mais pobres". Estas declarações foram dadas numa
entrevista no programa “ Edição da Noite”, da SIC Notícias, onde Isabel Jonet comparou
a situação portuguesa com a grega.
Para Isabel Jonet,
“há toda uma concepção de vida e de necessidade permanente de bens e consumo
para uma satisfação das pessoas que conduz à felicidade que não é real”,
acrescentando ainda que “vivemos de uma maneira idiota. Sou do tempo que lavava
os dentes com o copo dos dentes. Os meus filhos lavam os dentes com a água a
correr”, exemplifica, considerando que, ao longo do tempo, “perdeu-se a total
noção do que é o custo de oportunidade”.
A responsável
refere ainda que as prioridades têm sido trocadas. “Ou vamos a um concerto de
rock ou vamos tirar uma radiografia”, considerando que “há toda uma faixa de
idade que vive acima das possibilidades”
“Se não temos
dinheiro para comer bifes todos os dias, não comemos bifes todos os dias. E
esse empobrecimento é porque comemos bifes todos os dias e achávamos que
podíamos comer bifes todos os dias e não podemos”, realçou.
“Estou a falar de
uma determinada camada de população, que tinha previsto viver bem. População
essa, jovens, e muitos desempregados, que não vão encontrar lugar no mercado de
trabalho e vivem na casa dos pais e que podem ir ao concerto de rock”
A presidente do
Banco Alimentar, acredita que “vamos ter que empobrecer muito e aprender a
viver mais pobres. Claro que já estamos a empobrecer, mas porque andamos a
viver acima das possibilidades”, considerou.
Isabel Jonet
defende ainda que é necessário mudar as mentalidades. “Temos de mudar a maneira
como olhamos para a organização da sociedade. E temos que pensar que efectivamente
cada um de nós tem de fazer um esforço, não olhando para aquilo que vai deixar
de ter como um empobrecimento, mas se calhar como uma necessidade de voltar a
olhar para aquilo que é o mais básico”, concluiu.
Petição pública
pede demissão de Isabel Jonet do Banco Alimentar
Beatriz Silva – i online
As declarações da
presidente do Banco Alimentar Contra a Fome gerou polémica nas redes sociais e
até já há quem peça a sua demissão.
“Esta senhora
deveria ter consciência que o protagonismo que vem assumindo se deve,
essencialmente, à generosidade dos doadores que, muito provavelmente,
desconhecem a mentalidade «caritativa» e «salazarenta» - no pior do que o Dr.
Oliveira Salazar nos deixou -que, salvo melhor entendimento, a caracteriza”,
lê-se na página criada no facebook, intitulada “Demita-se! O Banco Alimentar
Contra a Fome merece”.
Numa entrevista
dada, na passada segunda-feira, no programa “Edição da Noite”, da SIC Notícias,
Isabel Jonet afirmou que “cá em Portugal não existe miséria”, apesar " de
estarmos mais pobres". Durante a sua intervenção, a responsável refere que
“as prioridades têm sido trocadas”, considerando que é necessário “mudar as mentalidades”,
vivendo com “aquilo que é mais básico”.
As reacções
fazem-se sentir. Também na página do facebook do Banco Alimentar Contra a Fome
a revolta contra a presidente do Banco Alimentar é notável. Muitos afirmam que
deixarão de dar o seu contributo à instituição.
Numa carta aberta,
o mse (Movimento Sem Emprego) faz fortes críticas à responsável, acusando-a de
não saber o que é pobreza. “Afirma que vamos ter que "reaprender a viver
mais pobres", quando a senhora só sabe o que é viver mais rica, que
"vivíamos muito acima nas nossas possibilidades" quando é sua
excelência que tem vivido às nossas custas, que "há necessidade permanente
de consumo, de necessidade permanente de bens para a satisfação das
pessoas" quando em nenhum momento da sua vida a falta de verba lhe deu
tempo para ganhar água na boca”, lê-se na missiva, intitulada “Uma canja para a
Jonet”.
A carta termina
referindo que “no mundo de Jonet "não existe miséria" como "em
Portugal", não é assim? Em suma, no mundo de Jonet não se vive o que é
preciso para se ganhar um pingo de vergonha”.
*Título PG
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